Nunca se consumiu tanta informação. E tão ruim.

*Por Flávio St Jayme

Milhares de sites, milhões, despejando informação no mundo virtual e real aos baldes. Sim, vivemos mesmo na era da informação digital. Enquanto a TV e os veículos impressos lutam para sobreviver num mundo onde já se tornaram obsoletos, a internet está aí para dar voz e acesso a todos.

Isso é bom? É claro que sim. Não fosse a quantidade de informação RUIM vomitada constantemente. E não estamos falando somente das temidas fake news.

Dê uma rápida busca nos sites mais populares: muitos deles trazem textos rasos, incompletos, tendenciosos.

Princípios básicos do jornalismo como ter fonte para a informação, checar a informação, conhecimento e imparcialidade são jogados por terra em nome dos cliques, likes e compartilhamentos. Se a informação é muito longa, ninguém lê. Se é apenas informação, sem piadinhas ou memes, ninguém acessa.

Uma recente matéria publicada em um dos últimos veículos impressos de Curitiba, trouxe um dado no mínimo interessante (e triste):

fake news gazeta.jpg

Ou seja: a geração Z, os millennials, que também são a faixa etária mais presente na internet LEEM SOMENTE OS TÍTULOS DAS MATÉRIAS. Neste sentido: então realmente por que os sites devem se preocupar em escrever matérias com conteúdo e informação? De fato, este mesmo veículo algumas semanas depois publicou uma matéria de duas páginas sobre “O jeito certo de comer coxinha: por cima ou por baixo?”. Nem tento entender a relevância de tal matéria. E este mesmo veículo mantém em seu quadro de redatores jovens de 19 anos escrevendo para a seção de cultura (se estes mesmos jovens são os que leem apenas o título das matérias, você tira suas próprias conclusões).

A tendência é que esta avalanche de informações fique cada vez maior. E pior. Com um raciocínio rápido é possível prever: se a geração Z é a que menos lê informações e já está entrando no mercado de trabalho, que tipo de informações esta geração vai gerar, compartilhar ou ter?

E mais: será que um veículo, ainda considerado o maior do Estado no Paraná, vai conseguir se manter e manter seu público assinante e leitor com matérias como “Qual o jeito certo de comer coxinha”? A geração meme vai COMPRAR um jornal impresso para ler tal conteúdo?

É claro que existem exceções. Este mesmo veículo ainda consegue ter esporadicamente textos relevantes, principalmente de cultura (já que o restante é extremamente tendencioso). Assim como sites de conteúdo completo e relevante. Mas, novamente, se pergunte: quais são os mais acessados?

*Flávio St Jayme é jornalista e empresário em Curitiba

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