O Sonambulismo é um distúrbio do sono que se caracteriza pela realização de atividades motoras como falar, sentar, andar pelo quarto e até mesmo pelos ambientes da casa, entre outras ações, com os olhos abertos, porém, em estado de sono, sem plena consciência. Normalmente ocorre na infância, mas adultos também podem sofrer com o problema. É comum a pessoa despertar sem que se lembre do episódio de sonambulismo.
Praticamente metade da população mundial sofre com algum distúrbio do sono nos dias atuais. O sonambulismo se manifesta durante a fase mais profunda do sono, de ondas cerebrais lentas, a NREM. Pode levar a situações perigosas, de acidentes diversos, como quedas ou ferimentos. Portanto, são necessários cuidados com a pessoa sonâmbula para evitar acidentes. É importante ressaltar que o sonambulismo não é considerado uma doença. No entanto, exige tratamento se colocar em risco a saúde do sonâmbulo.
Nas crianças, há indícios de que se relaciona com a imaturidade do cérebro, geralmente desaparecendo com o desenvolvimento e mielinização do sistema nervoso central. Nos adultos, os episódios costumam se repetir no decorrer dos anos e podem ser motivados por altos níveis de estresse físico e mental.
O sonambulismo pertence ao grupo das parassonias, a denominação de um conjunto de comportamentos que ocorrem durante o sono e que não são considerados normais. Fenômenos físicos ou experiências desagradáveis podem ocorrer principalmente, no início ou no meio do sono, havendo despertares parciais.
Segundo a Dra Andrea Bacelar, médica neurologista, presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS), “dentro da fase NREM, estão também o despertar confusional, quando ocorre uma confusão mental ou comportamento confuso durante ou após o despertar, também mais comum na primeira infância. E o terror noturno, caracterizado por gritos e choros, com a ativação do sistema nervoso autônomo, assim como manifestações comportamentais de medo intenso”, esclarece. Ao acordar, o indivíduo não se lembra do ocorrido.
São vários os fatores que colaboram para o sonambulismo, sendo a genética o predominante; dentre os demais, estão a privação do sono (noites mal dormidas), problemas respiratórios – apneia do sono – a asma, a febre e medicamentos que interferem no sono, entre outros.
“O diagnóstico do sonambulismo ocorre, na maioria das vezes, pelo relato das pessoas que convivem com ele e, pelo próprio, quando, repetidamente, desperta em ambiente diferente ao que foi deitar. Algumas vezes exames são necessários. A polissonografia, que registra as fases do sono, o tônus muscular e também os eventos respiratórios; e o eletroencefalograma, que mapeia a atividade elétrica cerebral. É recomendado procurar um especialista para uma avaliação adequada do diagnóstico afastando outras enfermidades que podem mimetizar um ataque de sonambulismo”, enfatiza a Dra Andrea.
Sobre a Associação Brasileira do Sono (ABS)
Fundada em 1985 como Sociedade Brasileira do Sono, a ABS (Associação Brasileira do Sono) foi reconhecida como associação a partir de 2003. Formada por especialistas que estudam o sono, incluindo desde áreas experimentais básicas, biólogos, técnicos de polissonografia, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, odontologistas e médicos, a entidade tem como sociedades coirmãs: a Associação Brasileira de Odontologia do Sono (ABROS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), ambas criadas para atender necessidades específicas dos dentistas e médicos.
A ABS possui aproximadamente 2.600 associados e está representada em 30 cidades brasileiras. Reconhecida mundialmente, a entidade promove inúmeras atividades, incluindo cursos, reuniões com a sociedade civil e com os gestores de políticas públicas, além de promover diálogo constante com a sociedade sobre os mais diversos temas relacionados ao sono. A Associação Brasileira do Sono é responsável também pelo periódico científico Sleep Science, revista publicada em inglês com reconhecimento mundial, recebendo artigos científicos originais de todas as partes do mundo.
ritaescolano