Quando praticamos atividades físicas, principalmente musculação e exercícios de alta intensidade, costumamos observar o surgimento de veias saltadas, vermelhidões, coceiras e dores. Além disso, algumas pessoas podem sentir tremedeiras, dor de cabeça e mal-estar. Enquanto alguns destes sintomas são apenas respostas naturais do nosso corpo aos exercícios, sendo assim completamente normais, outros são alertas de que algo está errado. “Por isso, é importante conhecer os sintomas que ocorrem naturalmente durante o exercício e estar sempre atento à presença de qualquer sinal de alerta, pois certos desconfortos nunca devem ser desprezados ou considerados normais”, alerta a angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Veias saltadas – As veias saltadas, por exemplo, podem parecer preocupantes, mas, de acordo com a especialista, são completamente normais durante o exercício, pois, quando praticamos qualquer tipo de atividade física, há um aumento da vascularização e do fluxo sanguíneo na região que está sendo exercitada para nutri-la. “Com isso, ocorre o aumento do retorno venoso e da quantidade de sangue no sistema venoso, com consequente dilatação das veias, já que são elas as responsáveis por levar o sangue de volta ao coração”, explica. “Ou seja, veias saltadas não significam veias doentes, já que todas passam por esse processo de dilatação. Mas se a veia permanecer saltada mesmo em atividades habituais, sem atividade física, um cirurgião vascular deve ser consultado. Além disso, halterofilistas e fisiculturistas que praticam atividades muito intensa devem realizar acompanhamento médico regularmente, apesar de não existirem evidências científicas que comprovem o malefício dessas práticas para o sistema circulatório.”
Vermelhidão e coceira – No caso da vermelhidão e coceira, esses sintomas também são normais durante a atividade física, pois, quando nos exercitamos, são liberadas várias substâncias que promovem a vasodilatação e que conferem aquele aspecto avermelhado à pele. “Já a coceira ocorre devido ao aumento da permeabilidade vascular e de histamina no organismo, substância liberada quando temos um quadro alérgico e que é responsável pela coceira. Em geral, esta reação acontece mais em pessoas que estão começando a fazer exercícios e conforme o corpo vai se acostumando a coceira tende a diminuir”, completa a angiologista.
Tremedeiras e espamos – Já as tremedeiras e os espasmos que ocorrem após a atividade são sinais de fadiga muscular, muito comum em treinos focados em hipertrofia, já que o exercício causa uma lesão no músculo, que é o estímulo necessário para que a hipertrofia muscular aconteça. “O problema é realizar esse tipo de treino de forma exagerada, pois, dessa forma, haverá uma liberação maior de produtos como ácido lático, responsável por causar a dor muscular. Mas é possível evitar que isso ocorra com o uso de meia de compressão, já que esta vai estimular a circulação da perna e diminuir a concentração dos ácidos lático e pirúvico no músculo. Logo, seu treino renderá mais e você sentirá menos dor no dia seguinte. Lembrando sempre, é claro, de respeitar seus limites”, afirma a médica.
Dor de cabeça, tontura e mal-estar – Mas, segundo a Dra. Aline, sintomas como dor de cabeça e mal-estar durante a atividade física não são normais e podem ser sinais de que algo está errado, principalmente com relação a alimentação. “A falta de alimentação adequada pode provocar estes sintomas durante o exercício. Por isso, é recomendado que antes da atividade física você consuma carboidratos, como pão francês e cereais, que vão fornecer glicose de maneira mais rápida ao organismo para ser transformada em energia. Já após o exercício o ideal é que você consuma algum tipo de proteína, como frango e ovos, para ajudar na recuperação do músculo”, recomenda.
Exercitar-se de forma exagerada também pode causar sintomas como tontura e dor de cabeça. Por exemplo, uma pessoa sedentária que realiza exercícios muito intensos na academia pode acabar passando mal já que o corpo dela não está preparado para aquele tipo de atividade. “Por isso, o ideal é que a atividade física seja introduzida de forma lenta e progressiva, devendo sempre ser acompanhada de perto por um profissional de educação física especializado”, destaca a Dra. Aline Lamaita. “Se os sintomas persistirem mesmo após a redução dos exercícios e a adoção de uma alimentação balanceada é recomendado que você pare com os exercícios por um tempo e consulte um cardiologista. Apenas ele poderá avaliar se você tem problemas mais sérios, como diabetes ou pressão alta, e indicar o melhor tratamento para cada caso.”
FONTE: Cirurgiã vascular e angiologista, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a médica participa, na Universidade de Harvard, de cursos de pós-graduação que ensinam ferramentas para estimular mudanças no estilo de vida nos pacientes em prol da melhora da longevidade e qualidade de vida. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. http://www.alinelamaita.com.
(maria.claudia