segunda-feira, 20 janeiro 2025
27.5 C
Curitiba

MSF lamenta decisão do INPI e mantém defesa do acesso à cura da hepatite C

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) lamenta profundamente e considera equivocada a decisão do INPI de conceder a patente do medicamento sofosbuvir à empresa Gilead Sciences.

MSF lamenta decisão do INPI e mantém defesa do acesso à cura da hepatite C
Foto: Todd Brown

O posicionamento do órgão brasileiro responsável pela análise de patentes ocorreu a despeito de haver sólidos argumentos contrários à concessão e de um evidente interesse público.

Há no Brasil quase 700 mil pessoas com hepatite C e que não têm acesso ao tratamento da doença devido ao alto custo. Com a decisão do INPI, a farmacêutica terá o monopólio do sofosbuvir, controlando o preço do medicamento e limitando o acesso à cura da hepatite C.

MSF não tem nenhuma dúvida em relação à gravidade da situação dos que dependem de tratamento para hepatite C no Brasil, da situação emergencial dos que estão sem atendimento e do óbvio interesse público em relação à questão. Essa percepção foi compartilhada por mais de 50 mil pessoas que assinaram, em menos de uma semana, uma petição proposta por MSF opondo-se à concessão da patente pelo INPI.

Diante da decisão do INPI, MSF defende que o governo brasileiro emita uma licença compulsória para permitir que outros fabricantes possam produzir o remédio, barateando-o. “Mesmo com a negativa do INPI, não podemos abandonar as quase 700 mil pessoas que sofrem com hepatite C no Brasil e não têm acesso à cura devido ao alto custo dos medicamentos”, disse Ana de Lemos, diretora-geral de MSF-Brasil. “Também não podemos deixar de ouvir as mais de 50 mil pessoas que se juntaram a nós apoiando a petição”, afirmou.

O licenciamento compulsório permitiria que fabricantes de genéricos produzam o sofosbuvir no Brasil, ampliando a competição, ao mesmo tempo em que realizam pagamentos de royalties à empresa detentora da patente. A medida tem precedentes internacionais e também no Brasil. Em 2007, o governo brasileiro emitiu uma licença compulsória para o medicamento Efavirenz, usado no tratamento de Aids, depois de declará-lo de interesse público. O resultado foi a redução do preço a menos da metade do que era cobrado pela detentora da patente.

Atualmente, a Gilead cobra cerca de US$ 4.200 por tratamento contra a doença. Em contraste, nos projetos em 13 países onde trata a doença, MSF adquire medicamentos genéricos da mesma qualidade dos remédios de marca ao preço de US$ 120.

O governo brasileiro estabeleceu como meta a erradicação da hepatite C até 2030. A previsão do Ministério da Saúde é adquirir 50 mil tratamentos/ano, mas o ritmo é considerado insuficiente para eliminar a doença. Com preços mais elevados do medicamento, MSF teme que a capacidade do Ministério da Saúde de ampliar o acesso ao tratamento da doença ou mesmo cumprir o compromisso já estabelecido fique comprometida.

Saiba mais aqui

Transcrito do site Médicos Sem Fronteiras

Destaque da Semana

Jovens que fumam “vape” têm pior desempenho em exercícios físicos

Estudo britânico mostra que tanto fumantes de cigarro eletrônico...

Receita esclarece que fiscalização do Pix não afetará autônomos

Nada mudará também para quem compartilha cartão de crédito Wellton...

Principais mudanças da reforma tributária: cashback, Imposto Seletivo e cesta isenta

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Publicado em 16/01/2025...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor