Por Esther Cristina Pereira*
O trágico incêndio que destruiu o acervo histórico, cultural e as pesquisas científicas que eram realizadas no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, nos traz algumas reflexões enquanto brasileiros e cidadãos. Para nós, educadores, principalmente sobre nosso papel na sociedade.
A impressão que dá é que tudo aquilo é público parece estar sem gestão, mal cuidado. Com falta de recursos, de interesse, de tudo. O ápice de todo esse cenário de descaso acabam sendo tragédias irreparáveis como essa.
Na educação, também passamos por esse descuido, além de certa negligência parental. É a velha máxima de que “cachorro com dois donos morre de fome”, aplicada à criação dos filhos.
A maioria das crianças têm os dois pais presentes, ou então mais de um responsável. Quando o pai não faz algo e “deixa para a mãe”, ou a mãe esquece uma atividade e “deixa para o pai fazer”, aquela criança fica prejudicada. Sua “gestão” não é a ideal e ela perde a noção de algumas coisas importantes em sua criação familiar.
Soma-se a esse cenário de descaso com a nossa história e a nossa educação, no geral, a falta de sentimento cívico e patriotismo. Estamos em plena Semana da Pátria, o Dia da Independência será nesta sexta-feira (7), e não se veem bandeiras ou qualquer símbolo nacional nas ruas de nossas cidades.
Também não vemos as escolas trabalhando esses conteúdos como deveriam com seus alunos. O resgate da educação de qualidade passa pelo civismo, pelo amor ao nosso país e a valorização do Brasil.
Quando isso não acontece e se perpetua geração após geração, temos cada vez mais o fenômeno da evasão de cérebros – pessoas que buscam estudar e trabalhar em outros países, e por lá ficam. Muitas vezes, as pessoas preferem ir embora, sofrer preconceito e os desafios da adaptação de serem estrangeiros, do que viver e ajudar a melhorar o nosso país.
Enquanto não nos conscientizarmos da importância de bem educar e bem criar nossas crianças, unindo esforços entre ambiente familiar e escolar, e reforçar o amor à nossa pátria, não serão apenas os museus negligenciados e pouco valorizados que se perderão em chamas. Será a nossa identidade, a nossa história e a nossa memória enquanto Brasil e povo brasileiro.
*Esther Cristina Pereira é professora, psicopedagoga e presidente do SINEPE/PR (Sindicato das Escolas Particulares do Paraná)