Primeiro algoritmo que prevê a morte usando inteligência artificial para emissão de alertas em hospitais, Robô Laura salva uma vida por dia.
Uma tecnologia brasileira está ganhando destaque internacional. A Laura, primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos do mundo, acaba de ser selecionada para o programa de aceleração da Startupbootcamp Health Miami, criado para ajudar startups de saúde que promovem impacto social. A Laura é implantada nos hospitais para identificação precoce dos riscos de infecção hospitalar, a Sepse, síndrome que mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano.
Somente 13 tecnologias, em diferentes áreas de atuação, do mundo todo foram selecionadas para o Startupbootcamp Health Miami. A meta do programa é que estas startups ganhem escala nacional e global, com a oportunidade de implantação em hospitais, parcerias com empresas de tecnologia, investimento financeiro e acesso a uma rede global de mentores, parceiros corporativos e especialistas do setor em mais de 40 países.
“Acho essa conquista importante não só pelo motivo de poder levar ao mundo uma tecnologia que está salvando pessoas no Brasil, mas também por mostrar que a tecnologia tupiniquim também pode fazer coisas incríveis”, afirma o CTO (Chief Technology Officer) da Laura e mestre em Inteligência Artificial e Visão Computacional, Cristian Rocha.
Criada pelo hacker ativista Jacson Fressatto, a Laura faz uso da inteligência artificial e da tecnologia cognitiva para analisar os dados vitais do paciente, construir um mapa de risco e emitir alertas para a equipe médica por meio de notificações em dashboard, e-mails e SMS. São milhares de informações processadas a cada 3,8 segundos. O recurso monitora cerca de 60 mil pacientes por ano e já reduziu em média 14% a incidência de evolução do estado do paciente para Sepse grave (absolutamente mortal). Além de salvar vidas, a tecnologia é um instrumento para otimização de tempo e recursos em saúde.
De acordo Cristian, a startup está desenvolvendo algoritmos baseados em redes neurais e memória, que levam em conta todo o histórico do paciente e podem otimizar ainda mais os resultados nos hospitais. “A inteligência artificial da Laura funciona melhor que os protocolos que já existem. O algoritmo pode gerar alertas sobre os pacientes que vão passar mal antes mesmo que os médicos possam se dar conta. Nosso objetivo atual é reduzir de 13 para 2 horas o tempo de identificação da Sepse”.
Este ano, a Laura também foi selecionada pelo Tech Emerge Brazil, um programa inédito de acesso a mercado para empresas de tecnologia comprovada na área da saúde. A iniciativa vai arcar com os custos de implantação da Laura na Santa Casa de Porto Alegre. Serão 2 mil leitos que serão monitorados por inteligência artificial.
Laura em Harvard
Com apenas dois anos em funcionamento, a Laura já chegou ao ensino superior. Em agosto, foi apresentada na Universidade de Harvard, uma das maiores instituições de educacionais do mundo. Em outubro de 2017, a pesquisadora Luciana Schleder Gonçalves enviou a Harvard um projeto de pós-doutorado para pesquisa a influência do Robô Laura no desempenho das equipes de enfermagem. O estudo foi um dos dez selecionados no mundo. “O objetivo é validar cientificamente os resultados do robô para poder implantá-lo em hospitais parceiros de Harvard e de outros países”, explica Luciana, que é mentora da equipe técnica e de pesquisa na Laura, professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisadora da relação entre enfermagem e informática.
Próximos passos
Entre todas as inovações que estão sendo implementadas na plataforma de serviço, a Laura terá BOT com inteligência artificial para atendimento de suporte, orientação e treinamento de usuários. O foco é ser acessível a todos, inclusive aos hospitais com grave realidade financeira. “Meu objetivo é crescer e cumprir minha promessa, de que levaremos tecnologia de ponta acessível e eficiente para toda a saúde, no Brasil e no mundo”, conta Jacson. “O propósito é uma lâmpada sagrada que atrai pessoas com corações dispostos a fazer e cérebros acostumados a entregar. O projeto da Laura está tangibilizando esta teoria e, em breve, será a maneira de pensar de muitas pessoas que constróem tecnologia”, finaliza.