O sistema nervoso é formado por uma rede de neurônios que por meio de sinapses enviam mensagens sobre as atividades desenvolvidas pelo corpo humano. Nos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) a morte do neurônio impossibilita o envio dessa mensagem, levando à incapacidade de resposta do organismo. Essa é uma das doenças mais incapacitantes e com comprometimento da qualidade de vida do paciente no mundo todo. Cinco milhões de pessoas ficam permanentemente incapacitadas, segundo a Organização Mundial do AVC.
Desta forma, procurar atendimento médico nas primeiras horas posteriores ao início dos sintomas aumenta as chances de recuperação das funções neurológicas. O tratamento feito com trombolítico, medicação que dissolve coágulos sanguíneos, nos casos de AVC isquêmico em até 4h30, permite a chance de recuperação completa das funções em 1 a cada 14 pacientes. Se o atendimento médico for realizado em até 1h30 após o início do AVC as chances aumentam para 1 a cada 4 pacientes. Já a trombectomia mecânica, desobstrução da artéria por meio de um microcateter, é indicada em até 6h de evolução do quadro e, com o uso de novas tecnologias de imagem do cérebro, alguns pacientes podem ter indicação de trombectomia mecânica com até 24 horas de evolução dos sintomas.
Os principais sintomas aos quais os pacientes devem estar atentos e que indicam um Acidente Vascular Cerebral são perda repentina de força e de sensibilidade em qualquer parte do corpo, dificuldade para falar e enxergar, dor de cabeça e confusão mental, fraqueza ou dormência no rosto, tonturas ou perda de coordenação e equilíbrio. Diante da manifestação súbita desses sinais, deve-se procurar um hospital imediatamente.
Pessoas com fatores de risco como hipertensão, sedentarismo, obesidade, tabagismo, diabetes, alcoolismo, doenças cardíacas, entre outros, estão mais propensas à doença. O neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Eli Faria Evaristo, destaca a importância do controle dos fatores de risco “Uma pessoa que já tem histórico da doença, além de continuar com os fatores de risco que causaram o primeiro AVC, tem alterações vasculares que se desenvolveram ao longo do tempo. Essas razões aumentam a probabilidade de um novo caso”.
A gravidade de cada caso leva em consideração o tamanho da lesão, a quantidade de vias nervosas na região afetada e por quais funções são responsáveis e a proporção do inchaço cerebral nos casos isquêmicos e o volume do sangue nos casos hemorrágicos. A diferença entre eles é que no isquêmico a artéria é obstruída, enquanto no hemorrágico ela se rompe, provocando sangramento e consequentemente elevação da pressão intracraniana.
Com maior frequência, mas em áreas de menor impacto, há também os AVCs isquêmicos de pequenas proporções, que ocorrem de forma desapercebida e cumulativa e que podem comprometer tanto o desempenho motor, como cognitivo do cérebro, aumentando o risco de demência. Segundo o neurologista, o tratamento de reabilitação em pacientes com limitações pós-AVC é multiprofissional, uma vez que ele se adapta às sequelas de cada um. “Ao longo dos anos tem ocorrido a incorporação de novas tecnologias aos tratamentos de reabilitação, incluindo robótica, realidade virtual, estimulação magnética e reabilitação neurocognitiva”.
Os avanços na medicina buscam formas de favorecer a regeneração do tecido cerebral. Embora a aplicação na prática clínica não esteja definida, pesquisas com utilização de células-tronco são desenvolvidas para se chegar a novas possibilidades de recuperação
Hospital Alemão Oswaldo Cruz –www.hospitaloswaldocruz.org.