A gripe pode estar associada a muito mais do que os sintomas comuns como febre alta, congestão nasal e fadiga. Segundo estudo publicado no New England Journal, a doença pode aumentar em até seis vezes as chances de ataque cardíaco durante a semana após a contaminação pelo vírus[i].
Para as pessoas com 65 anos ou mais, o perigo é ainda maior, pois mesmo meses após a recuperação dos sintomas da gripe, o indivíduo ainda pode ter um risco maior de sofrer ataque cardíaco, derrame ou outros problemas cardiovasculares[ii].
Tal aumento ocorre em função da inflamação dos músculos do coração e consequente maior risco de formação de coágulos sanguíneos[iii], responsáveis pela ocorrência de diversos problemas cardiovasculares.
Nos idosos, a gripe está relacionada a seis das 10 principais causas de hospitalização e pode evoluir, inclusive, para o óbito. A maioria das mortes por influenza sazonal é registrada nessa população, especialmente em não vacinados[iv].
A vacinação é a melhor alternativa para se prevenir, podendo ser feita tanto na rede privada quanto pública. Nas clínicas particulares, há duas vacinas contra o vírus influenza: as trivalentes e as quadrivalentes. As trivalentes protegem contra três tipos de vírus, enquanto as quadrivalentes oferecem proteção mais ampla, pois contém um vírus a mais, protegendo contra quatro tipos. O sistema público de saúde, porém, oferece apenas a vacina trivalente.
Recentemente, foi aprovada pela ANVISA uma vacina desenvolvida exclusivamente para a população acima dos 65 anos. Nesta população, a vacina apresentou-se 24,2% mais eficaz na proteção contra a gripe em comparação à vacina contra influenza trivalente aprovada atualmente no Brasil[v].
Adultos a partir de 65 anos são, particularmente, mais vulneráveis a complicações associadas ao vírus Influenza, o que significa que a resposta de anticorpos após o recebimento da vacina tradicional contra a gripe nessa população é mais baixa do que em adultos[vi].
A nova vacina aguarda definição de preço da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) para ser distribuída para clínicas particulares de todo o país.
[i] Kwong, J. et. al. (2018). Acute Myocardial Infarction After Laboratory-Confirmed Influenza Infection. The New England Journal of Medicine, 78(4), p.349.
[ii] NFID (2016). Reinvigorating Influenza Prevention in US Adults Age 65 Years and Older. Accessible at: http://www.adultvaccination.
[iii] Warren-Gash, C, et. al. (2018). Laboratory-confirmed respiratory infections as triggers for acute myocardial infarction and stroke: a self-controlled case series analysis of national linked datasets from Scotland. European Respiratory Journal, 51, p.8.
[v] DiazGranados CA, et al. Efficacy of High-Dose versus Standard-Dose Influenza Vaccine in Older AdultsN Engl J Med. 2014;371(7):635-645
[vi] DiazGranados CA, et al. Vaccine. 2015 Sep 11;33(38):4988-93. Prevention of serious events in adults 65 years of age or older: A comparison between high-dose and standard-dose inactivated influenza vaccines.
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