Julio Omori*
Internet das Coisas (IoT) รฉ a definiรงรฃo para o uso de sensores, atuadores, controladores e tecnologia de comunicaรงรฃo de dados montados em objetos fรญsicos que permitem serem monitorados, coordenados ou controlados por meio da interligaรงรฃo de uma rede de dados ou da prรณpria internet. Desde que os sistemas automรกticos comeรงaram a ser desenvolvidos,ย aindaย no sรฉculo XIX, jรก existe essa filosofia de funcionamento – ou seja, hรก mais de 100 anos esse conceito รฉ praticado; a grande diferenรงa do que se discute agora รฉ o volume de pontos envolvidos, a velocidade de comunicaรงรฃo entre os dispositivos e a capacidade de processamento desses dados.
Para o conceito ser implantado, existem prรฉ-requisitos. Entre eles, a comunicaรงรฃo de dados que, basicamente, pode ser classificada com relaรงรฃo ao volume de dados em banda larga e banda estreita. A maior parte dos dispositivos que farรฃo parte da rede de IoT do futuro farรฃo comunicaรงรฃo com requisitos de banda estreita, poucos Kbps. No entanto, o volume de dados de milhรตes ou bilhรตes de dispositivos se comunicando รฉ apontado comoย umย dos maiores potenciais de negรณcio no รขmbito das telecomunicaรงรตes.
Hoje, existem mais de 9 bilhรตes de dispositivos conectados desempenhando papel de sensores dentro do conceito de IoT. O crescimento tem sido exponencial, alรฉm de computadores,ย smartphonesย eย smartwatches,ย smart TV, as utilities de energia, รกgua e gรกs – e os veรญculos com conectividade jรก tรชm ocupadoย umย nรบmero significativo de demanda por conectividade e suas aplicaรงรตes. Existem previsรตes de mais de 20 bilhรตes de conexรตes atรฉ 2020, no qual a massificaรงรฃo, principalmente das cidades inteligentes, e de sensores na รกrea da saรบde, incrementarรฃo muito essa base de cรกlculo.
Diante de todo esse potencial mercado, no Brasil, novamente temos dificuldade acima da mรฉdia. O trabalho mais consistente sendo realizado รฉ o da Agรชncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que estรก fazendo o mapeamento de toda a cadeia de tecnologia, fornecedores e possรญveis gargalos. Os principais jรก sรฃo possรญveis serem identificados. O primeiro รฉ a padronizaรงรฃo: quais protocolos, padrรตes de rede e de sistemas computacionais serรฃo utilizados para atender todos os segmentos? Quando se fala em normatizaรงรฃo e suas respectivas normas tรฉcnicas,ย aindaย temosย umย grande caminho para percorrer, tendo em vista que muitas tecnologiasย aindaย sรฃo proprietรกrias e nรฃo permitem nenhum grau de interoperabilidade entre os dispositivos e segmentos de tecnologia distintos. O ideal seria que todos os dispositivos possam terย umย cรณdigo IP (Internet Protocol), pois a gerรชncia por meio da tecnologia IPV6 jรก estรก disponรญvel com uma quantidade de cรณdigos IP que atendem nosso desenvolvimento por meio desta classificaรงรฃoย aindaย por dรฉcadas. No entanto, nรฃo รฉย umย consenso.
A segunda questรฃo importante รฉ a seguranรงa das informaรงรตes, poisย aindaย temosย umย grau de desenvolvimento considerado incipiente. Como existirรกย umย nรบmero elevado de dispositivos que podem realimentar a tomada de decisรฃo errada, essa poderรก ser decisiva se for manipulada – principalmente se nรฃo for utilizada para o bem comum dos usuรกrios. A questรฃo de interoperabilidade, utilizaรงรฃo da rede IP de fim a fim e a seguranรงa sรฃo pontos que necessitam de mobilizaรงรฃo da comunidade tรฉcnica, planejamento e polรญticas pรบblicas. Deve ser considerado que a questรฃo de custos atrelados a estas caracterรญsticas pode ser o maior dos desafios. Nรฃo se pode conceber a massificaรงรฃo dos dispositivos de IoT sem que o custo unitรกrio seja minimizado. O fato de nรฃo temos essas discussรตesย aindaย maduras deve retardarย aindaย mais a nossa entrada nesseย mundoย deย oportunidades.
*Julio Omori, superintendente da Copel Distribuiรงรฃo. รย mestre em Engenharia Elรฉtrica e Informรกtica Industrial e professor nos cursos de Engenharia da Universidade Positivo (UP). ย