Dario Luiz Dias Paixรฃo*
Desde o lanรงamento do livro โThe End of Workโ (O Fim dos Empregos), de Jeremy Rifkin (1995), debatemos intensamente sobre o futuro do trabalho e como as tecnologias vรฃo eliminar e substituir os postos de emprego de forma mais cรฉlere e otimizada. ร visรญvel que as inovaรงรตes crescem em ritmo exponencial – e quem nรฃo as acompanha, se depara com o atraso. Nรฃo hรก dรบvida de que precisamos nos atualizar, estar a par do que hรก de moderno no mundo digital e utilizar tais ferramentas para se sobressair no mercado de trabalho.
ร sรณ nos atentarmos para as pesquisas mais recentes e percebemos o quanto a realidade estรก mais prรณxima do que imaginamos. Atรฉ 2020, mais de 7 milhรตes de pessoas no mundo perderรฃo o emprego para robรดs, mas por outro lado, 65% das crianรงas – que estรฃo entrando agora no Ensino Bรกsico -, trabalharรฃo em empregos que ainda nรฃo existem, segundo pesquisa atual do Fรณrum Econรดmico Mundial (WEF).
Muitos profissionais estรฃo assustados com essas grandes mudanรงas. Mas nรฃo รฉ preciso sobressalto, pois os empregos nรฃo deixarรฃo de existir. ร inequรญvoco de que as alteraรงรตes surgidas na legislaรงรฃo trabalhista em relaรงรฃo ร carga horรกria; autonomia dos colaboradores e home office, como padrรฃo, prometem mobilizar os negรณcios, mas ainda hรก inรบmeros cargos que serรฃo mantidos โ e atualizados. E melhor: tantos outros passarรฃo a existir.
Artigo publicado na revista eletrรดnica MIT Sloan, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), corrobora que, embora as tecnologias possam eliminar alguns empregos, surgirรฃo novas colocaรงรตes. Segundo os especialistas, as inovaรงรตes nรฃo substituem as antigas funรงรตes โ por serem modernas, exigem habilidades e treinamentos sem precedentes. Mais especificamente, o estudo revela trรชs novas categorias de trabalho: os Trainers, os Explainers e os Sustainers, ou seja, os que treinam, os que explicam e os que sustentam.
Essa primeira categoria de trabalho evidencia que o mundo corporativo precisarรก de pessoas que ensinem os sistemas de inteligรชncia artificial a operar. Como padrรฃo, ensinar aos chatbots (robรดs de atendimento ao cliente) a terem mais empatia. Daรญ a necessidade de ensinar as sutilezas da comunicaรงรฃo humana โ como o sarcasmo โ, e que as relaรงรตes entre a mรกquina e o humano proporcionem harmonia, รฉtica e justiรงa. Assim, รฉ bem provรกvel que surjam novos cargos como โtutor de linguagem e significado de idiomaโ, โmodelador de interaรงรฃo de mรกquina inteligenteโ e โinstrutor de visรฃo de mundoโ, como sugere o estudo.
A segunda categoria de novos empregos poderรก preencher a lacuna existente entre os tecnรณlogos e os gestores empresariais. Eles serรฃo aqueles colaboradores que entenderรฃo quando o sistema apresenta erro. Nessa categoria, poderรฃo existir cargos como โdesigner de contextoโ, โanalista de transparรชnciasโ e โestrategista de utilidade de inteligรชncia artificialโ, a tรญtulo de exemplificaรงรฃo.
A รบltima categoria de novos empregos pode garantir que os sistemas de inteligรชncia artificial operem conforme o planejado. Esses bem que poderiam ser chamados de โespecialista em automaรงรฃoโ, โeconomista de automaรงรฃoโ ou โgerente de relaรงรตes de mรกquinaโ.
O desenvolvimento profissional estรก atrelado ร ampliaรงรฃo tecnolรณgica, assim, buscar a adaptaรงรฃo, torna-se essencial. Ora, aprimorar e desenvolver competรชncias humanas no que de melhor existe em informaรงรตes eletrรดnicas e bens de serviรงo, para que estejamos preparados para a existรชncia desse novo formato de relaรงรตes de trabalho, eis a tarefa desafiadora que se avizinha.
Como bem salientou Darwin, o pai da Teoria da Evoluรงรฃo, โnรฃo รฉ o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se ajusta ร s mudanรงasโ. O futuro estรก batendo ร nossa porta. Sejamos otimistas para que possamos abri-la!
*Dario Luiz Dias Paixรฃo, รฉ doutor em Turismo e coordenador-geral da Pรณs-Graduaรงรฃo da Universidade Positivo (UP).