A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar um novo medicamento para esquizofrenia, desenvolvido pela Janssen, empresa farmacêutica da família de companhias Johnson & Johnson. O palmitato de paliperidona trimestral é a primeira injeção de ação prolongada que requer apenas quatro doses ao ano e, por isso, chega ao Brasil como uma opção para aumentar a adesão ao tratamento, prevenindo as recaídas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
A esquizofrenia é um transtorno mental que afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo. A doença é caracterizada por distorções no pensamento, percepção, emoções, linguagem e comportamento. Os sintomas comuns incluem alucinações (ouvir, ver ou sentir coisas que não existem) e delírios (falsas crenças ou suspeitas, mantidas mesmo quando há provas que mostram o contrário).[1]
Estima-se que entre 40 a 71%[2],[3],[4] dos pacientes com esquizofrenia não seguem corretamente o tratamento[5]. A baixa adesão é justamente uma das principais causas para as recaídas[6] que ocorrem em aproximadamente 80% dos pacientes com a doença em cinco anos.[7],[8]
Os novos surtos psicóticos representam uma sobrecarga significativa tanto para pacientes como para suas famílias. Para os pacientes, podem ter repercussões muito graves, como deterioração cognitiva progressiva, comprometimento nas relações interpessoais e redução da qualidade de vida.[9] Além disso, a cada episódio a recuperação pode ser mais lenta e o transtorno pode se tornar mais resistente ao tratamento[10],[11],[12].
O novo tratamento, que consiste em uma evolução da paliperidona mensal injetável, também fabricado pela Janssen e já disponível no Brasil desde 2011, requer apenas quatro aplicações por ano. Dessa maneira, proporciona maior adesão[13], evitando recaídas e promovendo um controle sustentado dos sintomas. Nos estudos realizados com o medicamento, mais de 90% dos pacientes que receberam o tratamento injetável no novo esquema posológico não apresentaram recidivas no período de um ano e meio[14].
Frederico Garcia, médico e professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais ressalta o impacto na qualidade de vida dos portadores da doença. “Um paciente com esquizofrenia toma de 3 a 6 comprimidos ao dia, totalizando até 2.880 comprimidos por ano. Com essa nova opção terapêutica, é preciso lembrar do medicamento somente quatro vezes nesse mesmo período. Ou seja, teremos uma maior adesão, mais liberdade e autonomia para que a pessoa diagnosticada com esquizofrenia possa se dedicar a outras atividades do dia-a-dia, como trabalho ou estudo; e também focar em outros aspectos do seu tratamento.”
“A chegada do palmitato de paliperidona trimestral reforça o comprometimento da Janssen com a saúde mental, demonstrando os esforços da companhia em investir na expansão de opções de tratamento de necessidades não atendidas de milhares de pacientes e famílias que convivem com doenças tão potencialmente debilitantes como a esquizofrenia”, explica Telma Santos, Diretora Médica da Janssen Brasil. Agora, o palmitato de paliperidona trimestral passará por processo de aprovação de preço na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
O produto está aprovado para o tratamento da esquizofrenia em pacientes adultos que já tenham sido adequadamente tratados com a injeção mensal de palmitato de paliperidona por pelo menos quatro meses. O novo medicamento apresentou perfil de segurança e tolerabilidade sustentável, já estabelecido em múltiplos estudos realizados para todas as apresentações do produto – oral, injetável mensal e injetável trimestral[15],[16]. Os eventos adversos mais comuns foram reação no local da injeção, aumento de peso e dor de cabeça14,15.
Compromisso Janssen com a Neurociência
A Neurociência está diretamente ligada à história da Janssen. Nos anos 50, o fundador da companhia, Paul Janssen, foi quem criou o primeiro antipsicótico que permitia o tratamento de pacientes em casa. Antes dessa descoberta, os tratamentos contra a psicose existentes eram associados a significativos efeitos colaterais.
[1] Organização Mundial da Saúde –https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5652:folha-informativa-transtornos-mentais&Itemid=839.
[2] Lacro JP, Dunn LB, Dolder CR, Leckband SG, Jeste DV. Prevalence of and risk factors for medication nonadherence in patients with schizophrenia: a comprehensive review of recent literature. J Clin Psychiatry. 2002;63:892–909. [PubMed]
[3] Valenstein M, Ganoczy D, McCarthy JF, Myra Kim H, Lee TA, Blow FC. Antipsychotic adherence over time among patients receiving treatment for schizophrenia: a retrospective review. J Clin Psychiatry. 2006;67:1542–1550.
[4] Desai R, Nayak R. Effects of Medication Nonadherence and Comorbidity on Health Resource Utilization in Schizophrenia. J Manag Care Spec Pharm. 2019
[5] Barkhof E, Meijer CJ, de Sonneville LMH, et al. Intervenciones para mejorar la adherencia a la medicación antipsicótica en pacientes con esquizofrenia: una revisión de la última década. Eur Psychiatry 2012; 27: 9-18.
[6] Olivares JM, Sermon J, Hemels M, Schreiner A. Definitions and drivers of relapse in patients with schizophrenia: a systematic literature review. Ann Gen Psychiatry. 2013.
[7] M Shepherd, D Watt, I Falloon, N Smeeton The natural history of schizophrenia: a five-year follow-up study of outcome and prediction in a representative sample of schizophrenics Psychol Med Suppl, 15 (1989)
[8] D Robinson, MG Woerner, JM Alvir, et al. Predictors of relapse following response from a first episode of schizophrenia or schizoaffective disorder Arch Gen Psychiatry, 56 (1999).
[9] A.F. Lehman, J.A. Lieberman, L.B. Dixon, T.H. McGlashan, A.L. Miller, D.O. Perkins, J. Kreyenbuhl, American Psychiatric Association, Steering Committee on Practice Guidelines. Practice guideline for the treatment of patients with schizophrenia, second edition. Am. J. Psychiatry, 161 (2004), pp. 1-56
[10] J. Lieberman, D. Jody, S. Geisler, J. Alvir, A. Loebel, S. Szymanski, M. Woerner, M. Borenstein Time ourse and biologic correlates of treatment response in first-episode schizophrenia Arch. Gen. Psychiatry, 50 (5) (1993), pp. 369-376
[11] J.A. Lieberman, J.M. Alvir, A. Koreen, S. Geisler, M. Chakos, B. Sheitman, M. Woerner Psychobiologic correlates of treatment response in schizophrenia Neuropsychopharmacology, 14 (3 Suppl.) (1996), pp. 13S-21S.
[12] Remington G, Foussias G, Agid O, Fervaha G, Takeuchi H, Hahn M. The neurobiology of relapse in schizophrenia. Schizophr Res. 2014
[13] Emond B, El Khoury AC, Patel C, Pilon D, Morrison L, Zhdanava M, Lefebvre P, Tandon N, Joshi K. Real-world outcomes post-transition to once-every-three-month paliperidone palmitate in patients with schizophrenia within US commercial plans.Curr Med Res Opin. 2018
[14] Emond B, El Khoury AC, Patel C, Pilon D, Morrison L, Zhdanava M, Lefebvre P, Tandon N, Joshi K. Real-world outcomes post-transition to once-every-three-month paliperidone palmitate in patients with schizophrenia within US commercial plans. Curr Med Res Opin. 2018
[15] Joris Berwaerts, MD; Yanning Liu, MS; Srihari Gopal, MD, MHS; et alEfficacy and Safety of the 3-Month Formulation of Paliperidone Palmitate vs Placebo for Relapse Prevention of Schizophrenia
[16] Savitz AJ, Xu H, Gopal S, Nuamah I, Ravenstijn P, Janik A, Schotte A, Hough D, Fleischhacker WW. Efficacy and Safety of Paliperidone Palmitate 3-Month Formulation for Patients with Schizophrenia: A Randomized, Multicenter, Double-Blind, Noninferiority Study. Int J Neuropsychopharmacol. 2016
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