Grupos de WhatsApp da escola: você faz parte?

Fabio Carneiro*

*BIP* *BIP*, uma mensagem, você olha e, inconscientemente, sorri. Essa é uma cena comum para os usuários do WhatsApp. Talvez, quando a leu, identificou-se por ser um usuário do aplicativo, utilizando-o por entretenimento, trabalho ou para a comunicação com diferentes pessoas, mas com assuntos comuns.

Graças a essa ferramenta, o diálogo virou dinâmico, isso é um fato, pois basta ver a velocidade com que as grandes manifestações são organizadas por meio dela ou a rapidez com que uma notícia, um “meme” ou um vídeo é compartilhado pelas pessoas em seus grupos de amigos, chegando a ganhar repercussão nacional. Alguns homens na Copa da Rússia perderam seus empregos e foram processados no Brasil devido a um vídeo publicado. Esse novo formato, mesmo sem percepção, exige um talento ímpar para que a comunicação seja clara, límpida e não gere ruídos ou desentendimentos. Acredito que você, como quase todos, já foi surpreendido por uma mensagem que, digamos, não caiu bem. Especialmente se ela foi veiculada no grupo da sala do seu filho, situação essa que desencadeia intensos debates entre mães e pais.

Essa “força tarefa” online tem o fim de atuar em prol da “defesa” dos nossos filhos. Uma ação que ganha os nomes de atenção, cuidado, zelo ou outros que sejam convenientes para justificar a intromissão – afinal, são inúmeras as preocupações para com as crianças e, como pais, gostamos de “saber de tudo” o que aconteceu, acontece e, se possível, o que acontecerá com eles. Mas será que isso é realmente necessário?

Os debates iniciam-se com a postagem de alguém preocupado e prosseguem. Algumas vezes, produtivos, principalmente ao se tratar de uma situação vivenciada e querer saber se os outros passaram por algo parecido; mas, em alguns casos, acabam se transformando em desentendimentos, com informações desencontradas e que não levam a lugar algum. Inúmeros são os motivos que estimulam isso – um deles acontece, por exemplo, pela falta de expressão da fala em uma mensagem escrita, já que ao ser digitada não encontramos a entonação de voz que mostraria sua intenção. Além disso, geralmente, os pais não conhecem as particularidades dos outros participantes, que são fatores determinantes para uma boa comunicação – o que leva esses debates aos maus entendidos, coadjuvantes nesse cenário.

Muitas vezes, a credibilidade do relato é baixa e a mesma palavra pode ter vários significados. Mas as opiniões dos participantes são distintas: há quem aposte na utilidade ou na futilidade do grupo. Afinal, é uma democracia.

Uma discussão no WhatsApp em uma bela manhã de sexta-feira:

MÃE: “Gente, preciso de ajuda pois a minha filha veio para casa e não sabe o que fazer no trabalho. A professora não orientou em nada”!  Assim, iniciou um grande debate sobre a pobre docente que, por um relato certamente equivocado de uma criança do Ensino Fundamental, foi chamada para explicar-se. Você acredita que a professora não orientou? Imaginemos a cena, a professora entra em sala e só diz: “Façam o trabalho”!

Acredite, isso é impossível de ocorrer e, possivelmente, a menina não prestou atenção, mas, quando questionada, falou uma inverdade. A mãe, não investigando, acabou gerando polêmica.

Essas discussões se repetem e resultam em reclamações na escola, reuniões com a direção e até na demissão do professor. Questionar os filhos é uma tática para evitar situações constrangedoras, vexatórias e injustiças. Lembre-se: confiar na escola e acreditar no trabalho feito pelos professores é a estratégia para evitarmos discussões, distorções e ansiedades. Por outro lado, vivemos em uma democracia e temos livre arbítrio. Afinal, participa quem quer. Boa discussão!

*Fabio Carneiro é professor de Física no Curso Positivo, em Curitiba (PR).

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