Problemas no desenvolvimento da face da criança podem ocasionar doenças respiratórias crônicas e déficit de atenção

Uma dúvida ronda as mães sobre quando começar o tratamento ortopédico e ortodôntico de seus filhos. A cirurgiã-dentista especializada em Ortodontia e tratamentos de disfunções orofaciais, Adriana Bonfim, responde: desde quando a deficiência for identificada, independentemente da idade da criança, mudando apenas o tipo de abordagem terapêutica apropriada para cada idade.

Estudos mostram que 80% da face do ser humano já estará formada até os seis anos, tendo apenas mais 20% restantes para crescer após essa fase. Quando existe uma deficiência no crescimento, geralmente o assoalho nasal fica reduzido, levando a criança a respirar pela boca, que por consequência ocasionará vários problemas respiratórios crônicos, como rinites e sinusites, além de reduzir a oxigenação do cérebro.

A criança que respira pela boca não estimula os terminais nervosos e o tecido mucoso que recobre a cavidade nasal. Este tecido, pouco estimulado, sofre ação direta de qualquer mudança climática, levando os pequenos a terem problemas respiratórios crônicos e repetitivos como rinites e sinusites. Além disso, ao respirar pela boca a criança recebe ar poluído, sem filtro e frio, e uma das primeiras reações do organismo é a hipertrofia das amígdalas. “A respiração é uma das principais funções do ser humano. Portanto, toda a vida essa pessoa vai sofrer quando não corrigir e tratar a respiração bucal”, avalia Adriana.

Déficit de atenção

Outro problema muito importante que pode gerar um falso diagnóstico de TDH é a oxigenação cerebral reduzida provocada pelo assoalho nasal diminuído e apresentam todos os sintomas da doença, como agitação, hiperatividade e problemas de sono e aprendizagem.  Estudos realizados em pacientes com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção (TDH), cuja origem foi a respiração bucal, e foram tratados corretamente com aparelhos ortodônticos e ortopédicos ampliando o assoalho nasal, tiveram remissão dos sintomas compatíveis com TDH. “Essa remissão ocorreu apenas por melhorar a oxigenação cerebral dessas crianças. Em alguns casos não houve mais a necessidade do uso de medicação para TDH para essas crianças”, comenta a ortodontista.

Fase de crescimento

Na fase de crescimento da criança o ortodontista pode estimular o aumento do assoalho nasal com aparelhos ortodônticos e ortopédicos apropriados. Após completar o crescimento da criança, o tratamento é mais invasivo. Não há estímulo para o crescimento do assoalho nasal, mas o dentista pode abrir o céu da boca da criança com aparelho ortodôntico. “Isso não vai aumentar o assoalho nasal, mas melhora a relação da criança com os dentes, evitando problemas, como a mordida cruzada, que provoca assimetria facial e deficiência no osso da mandíbula por mastigar só de um lado. “Aí o olho fica mais baixo que o outro e os problemas vão se agravando”, alerta.

 “O ortodontista é o profissional que, após identificar o problema, pode estimular o crescimento do assoalho nasal. Só ele pode fazer isso”, explica Adriana.

Em casa

A ortodontista Adriana Bonfim afirma que as próprias mães podem observar os bebês em casa, pois alguns sinais apontam que há problemas com o tamanho do assoalho nasal da criança. É o caso quando o bebê vive com a garganta inflamada e/ou dorme de boca aberta. Além da necessidade do dentista para estimular o crescimento do assoalho nasal do bebê, a alimentação é importante aliada das mães para o crescimento desta parte do corpo. A amamentação da criança nos seios da mãe estimula o crescimento do assoalho nasal do bebê; e quando ele começa a ingerir alimentos mais duros, também há estimulo do crescimento do assoalho nasal.

Problemas no desenvolvimento da face da criança podem  ocasionar doenças respiratórias crônicas e déficit de atenção
Mães podem observar os bebês em casa, pois alguns sinais, como respirar com a boca aberta, apontam que há problemas com o tamanho do assoalho nasal da criança. Crédito da foto: Freepik