Arrumar tempo para se dedicar a uma ação voluntária muitas vezes é uma tarefa difícil. Principalmente para aqueles que cumprem expediente de trabalho durante o dia todo e por vezes até aos finais de semana, somando-se aos compromissos com a família, amigos e estudos. Pensando nisso, algumas empresas no Brasil estão incorporando atividades voluntárias dentro de suas repartições e ao mesmo tempo recebendo incentivo fiscais para isso. É o que mostra o estudo Voluntariado Empresarial, realizado pela Comunitas. O estudo reitera a importância de as corporações doarem tempo e, principalmente, conhecimento para a sociedade na qual estão inseridas. O envolvimento de colaboradores nos programas de voluntariado é outro dado relevante.
Na última década, passou de 41 mil para 62,8 mil, tendo crescido, ao mesmo tempo, a percepção de que esses programas beneficiam não só a comunidade, como também a própria instituição. Atualmente, 80% das empresas concordam que o voluntariado aumenta a competência dos colaboradores e 100% acordam que o voluntariado melhora a relação das empresas com a comunidade(*). Para ilustrar esse diagnóstico vamos destacar uma ação realizada dentro da Companhia Paranaense de Energia (Copel), sediada em Curitiba/PR.
Em 2004 a empresa incorporou um programa de voluntariado, cedendo até quatro horas por mês do expediente de seus funcionários para se dedicarem a ações voluntárias. Inicialmente os colaboradores interessados se reuniam em grupos, no interior da própria empresa, para desenvolver atividades manuais e ações pontuais. Adriana Campos, coordenadora do projeto, explica que no início era muito difícil organizar ações coletivas para fora da companhia. “Como a Copel é uma empresa de economia mista e precisa respeitar os princípios da publicidade e isonomia da administração pública, não podíamos escolher uma instituição local para desenvolver algum trabalho voluntário diretamente. Foi então que em 2016 resolvemos lançar um edital de chamada pública para cadastramento de Organizações da Sociedade Civil – o que facilitou muito a organização dos nossos colaboradores voluntários”, explica.
A partir de então a Copel começou a receber inscrições locais e hoje já conta com 54 instituições parceiras, espalhadas em seis núcleos do estado. Conforme a coordenadora, desde a criação desta lista, houve crescimento considerável de colaboradores interessados em participar de atividades voluntárias. “De 2015 até 2018 houve um aumento de 93% de voluntários dentro da companhia. Hoje a empresa conta com 367 voluntários. Em 2015 tínhamos 190”, compara.
Com esta ação a Copel foi a vencedora do Prêmio Viva Voluntário de 2018, na categoria Voluntariado no Setor Público e recebeu, por meio da Fundação Banco do Brasil, o investimento social de R$ 50 mil para a manutenção de seus projetos. Segundo Adriana os recursos serão repassados para a Asid – Ação Social para Igualdade das Diferenças, que tem como missão unir empresas, voluntários, instituições e pessoas com deficiência (PcD) para construir uma sociedade inclusiva. “Estamos desenvolvendo o projeto Iluminando Mentes, que tem por objetivo alavancar a gestão de instituições sociais parceiras da Copel, que atendem pessoas com deficiência, além de capacitar os nosso voluntários para que desenvolvam seu know how e protagonismo”, explica. Neste projeto serão atendidas sete instituições sociais, três delas já foram selecionadas e juntas atendem 940 pessoas com deficiência e 620 mulheres em Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.
Em 2017, a ASID desenvolveu um projeto em parceria com a PwC – PricewaterhouseCooper para otimizar a gestão da Associação de Amigos dos Excepcionais do Brooklin (AAEB), organização filantrópica especializada em atender pessoas com deficiência. O programa, batizado de “Voluntariado de Gestão”, consiste em oferecer, por meio do voluntariado, boas práticas, ferramentas e know-how de gestão dos profissionais da PwC. Devido ao sucesso do projeto, o case foi levado ao encontro do IAVE Latam (International Association for Volunteer Effort International Association, América Latina), que aconteceu na Guatemala naquele mesmo ano.
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