Dados do estudo observacional TRAL, apresentados durante o Congresso da Associação Americana de Psiquiatria (APA), revelam que aproximadamente 30% dos latino-americanos avaliados no estudo não responderam favoravelmente a dois ou mais antidepressivos orais, o que pode ser caracterizado como uma Depressão Resistente ao Tratamento (DRT[i]).
Realizado pela Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, o TRAL (Treatment-Resistant Depression in America Latina)i é o primeiro estudo epidemiológico na América Latina para avaliar a prevalência e o impacto da Depressão Resistente ao Tratamento em centros clínicos como hospitais, clínicas privadas e serviços comunitários, no atendimento a pessoas com depressão na Argentina, Brasil, Colômbia e México. Participaram do estudo 1.475 pacientes – dos quatro países – que apresentavam depressãoi.
Os resultados preliminares indicam que a DRT é altamente prevalente em instituições de referência na América Latina. No Brasil, dos pacientes avaliados durante o estudo, 40,4% apresentaram resistência a duas ou mais terapiasi.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do planeta. Atualmente, a enfermidade afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo[ii] e cerca de um terço desses pacientes não melhoram após receberem dois ou mais medicamentos, sendo considerados resistentes ao tratamento[iii]. Segundo estudos, cerca de 10% desses pacientes tentam o suicídio pelo menos uma vez durante a vida[iv].
O estudo aponta ainda que os pacientes com depressão resistente são em geral mais velhos e apresentam mais pensamentos e/ou tentativas de suicídio do que aqueles que responderam ao tratamento. Embora sem diferença estatística representativa, mulheres, divorciadas/separadas ou viúvas foram a maioria dos pacientes com DRT encontrados pelo estudoi.
“A depressão resistente é uma condição que piora consideravelmente a vida das pessoas e está associada a desfechos dramáticos como, por exemplo, o suicídio. Com este estudo, passamos a conhecer a prevalência da DRT e as características desses pacientes. Esperamos que as novas terapias possam tratar a doença de forma mais rápida e eficaz que as drogas atualmente disponíveis”, explica Humberto Correa, professor titular e chefe do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
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