O interesse das brasileiras gestantes pelo NIPT (sigla em inglês para Non Invasive Prenatal Testing), teste que detecta alterações cromossômicas fetais, está avançando no País. O exame analisa o DNA fetal livre de células que circula normalmente no sangue da mãe para descobrir tendências a trissomia 21 (Síndrome Down), 18 (Síndrome Edwards – atraso mental, do crescimento e má formação do coração) e 13 (Síndrome Patau – má formação no sistema nervoso central e órgãos internos), consideradas as mais comuns, e possibilidade de inúmeras outras aneuploidias (alterações dos cromossomos).
Segundo a Encodexa, marca do Laboratório de Patologia Cirúrgica e Molecular (LPCM) e uma das principais referências em exames genéticos no Brasil, cerca de 20 mil gestantes já realizaram o teste não invasivo. O interesse tem a ver com os avanços do exame em todo o mundo. O tema será debatido em um workshop no dia 2 de agosto, no Hotel Renaissance, na capital paulista.
“Antes do NIPT, as síndromes eram descobertas exclusivamente por meio de investigação invasiva, com a coleta de líquido amniótico ou punção vilo-corial (fragmento da placenta). Hoje, indicamos o NIPT pela alta sensibilidade dos resultados, que podem alcançar índices de 99% de acerto”, explica Pedro Henrique Castro, médico geneticista da Encodexa. O NIPT chega a 99% de acerto para síndrome de Down, 92% para síndrome de Edwards e 93% para síndrome de Patau.
O teste é altamente recomendado às gestantes com mais de 35 anos, ou então gestantes com achados de ultrassom fetal indicando risco de aneuploidia, história de gravidez anterior com trissomia, abortos anteriores ou teste bioquímico positivo. É indicado também para gestantes com acentuada ansiedade materna.
O exame pode ser realizado a partir da 10ª semana de gestação, período em que há presença de DNA livre fetal suficiente para ser estudado. A amostra necessária é um único tubo de sangue coletada da mãe (punção venosa rotineira) com risco zero para a mãe e o bebê. Por isso, é considerado um exame não invasivo.
O NIPT, como é conhecido mundialmente, chegou ao Brasil em janeiro de 2013. Atualmente, movimenta cerca de USD 1,5 bilhão, por ano, no mundo.
O NIPT no mundo
Estima-se que cerca de três milhões de exames NIPT já foram realizados no mundo. Nos Estados Unidos, o exame não invasivo já alcança 15% das gestantes.
Em razão do alto grau de acerto, o NIPT também está profundamente reduzindo o número total de exames invasivos feitos em todo o mundo. Na América Latina, estima-se que apenas 3% das gestantes que realizam o NIPT são direcionadas ao método tradicional de investigação invasiva. Na Europa e nos Estados Unidos, o número de punções da placenta também vem diminuindo gradativamente. “É um avanço poder avaliar o feto a partir do sangue da mãe e ter 99% de confiabilidade. O exame não invasivo é um conforto para as gestantes que querem antecipar a preparação da chegada do bebê”, ressalta o médico geneticista da Encodexa.
Em países da Europa, como Alemanha e Holanda, o NIPT já faz parte da rotina dos consultórios, com custo acessível, coberto pelas empresas de seguro-saúde ou, ainda, realizados gratuitamente.
No Brasil, o exame não está na cobertura obrigatória apontada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão regulador de planos de saúdes no País. Por isso, o teste pode ser feito somente em laboratórios particulares.
O workshop
O II Workshop NIPT ECDX de Triagem Pré-Natal para Aneuploidias terá a participação da Profa. dra. Kátia R M Leite, do Laboratório Investigação Médica (LIM55) FMUSP e Diretora de Pesquisas da Encodexa Análise Genômica, do Prof. Dr. Edécio Armbruster de Moraes, Médico Geneticista – Medicina Fetal da FMUSP, do Dr. Caio Graco Bruzaca, Médico Geneticista (Genética Reprodutiva) – UNIFESP, do Dr Jose Pablo Marchili, Médico Ginecologista, Fundador e Presidente da Veragen, na Argentina, e do Dr. Pedro Henrique Santana Castro, Médico Geneticista da Encodexa. O evento é destinado exclusivamente a médicos e profissionais credenciados.
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