Entre as alterações que a pele sofre com o processo de envelhecimento, a flacidez das pálpebras está entre uma das mais incômodas, seja por motivos estéticos ou mesmo funcionais, quando a flacidez na região é de tal grau que passa a atrapalhar a visão. Mas é possível resolver o problema através da blefaroplastia. “A blefaroplastia, também conhecida como cirurgia das pálpebras, consiste na retirada de excesso de pele das pálpebras e tratamento de outras estruturas como bolsas de gordura, músculos e ligamentos, ajudando assim a eliminar o aspecto cansado que os olhos adquirem com o avanço da idade”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). Mas, como qualquer outro procedimento cirúrgicos, a blefaroplastia possui riscos. No caso da cirurgia para correção da flacidez das pálpebras, os principais riscos estão relacionados a anatomia dos olhos, sendo muitas vezes necessárias novas abordagens cirúrgicas para correção do problema.
Um dos riscos mais comuns nesse sentido, de acordo com a médica, é a retirada excessiva da pele das pálpebras, o que pode fazer com que o paciente sinta dificuldade para fechar os olhos completamente até mesmo na hora de dormir, além de conferir ao olhar aquele aspecto arregalado. “Após a cirurgia, é comum que a região fique tensionada e inchada devido a retirada de pele, sendo então natural que os olhos fiquem semicerrados nos dias que seguem o procedimento. Porém, este sintoma deve sumir com a redução do inchaço. Se isso não ocorrer, é importante que você busque um médico imediatamente”, alerta. Existe também o risco de assimetria, ou seja, de um olho ficar maior ou menor do que o outro, e de hipocorreção, quando a retirada da pele não é o suficiente para remover completamente a flacidez da região, fazendo com que o aspecto de olhar triste e caído permaneça.
Antes de fazer a blefaroplastia, é importante também que as pálpebras sejam muito bem examinadas para evitar deformações da anatomia facial, pois muitas vezes o aspecto cansado não se dá apenas pela sobra de pele. “Por exemplo, a ptose palpebral, caracterizada pela inabilidade do paciente em abrir a pálpebra corretamente, também deve ser diagnosticada antes da cirurgia, pois se o músculo que abre as pálpebras não funciona muito bem ele pode ser corrigido durante a blefaroplastia. Quando o problema é causado pela flacidez do ligamento que segura o formato do olho, que fica nas pálpebras inferiores, este também deve ser reposicionado na cirurgia para evitar o chamado ectrópio”, ressalta a médica.
Ou seja, é função do médico realizar uma avaliação pré-operatória detalhada e então conversar com o paciente sobre as expectativas com a cirurgia e quais os resultados que serão alcançados, contraindicando a cirurgia nos casos em que a expectativa do paciente for irreal. “A indicação correta do médico é importante, pois, muitas vezes, o paciente pode achar que o problema são as pálpebras quando, na verdade, não são. Um erro muito comum em blefaroplastia, por exemplo, é retirar o excesso de pele sem levar em consideração a posição das sobrancelhas. O ar de triste e cansado que a sobra de pele gera não melhora se a causa for a queda da sobrancelha”, explica. “Porém, mesmo se este for o caso, é importante ressaltar que os resultados definitivos só ficam visíveis após dois ou três meses do procedimento, quando o inchaço já sumiu por completo. Sendo assim, é fundamental que você tenha paciência antes de optar por uma nova cirurgia para alcançar os resultados desejados”, ressalta a médica.
Além dos riscos relacionados a anatomia ocular, existem também complicações mais comuns, como hematomas, ressecamento dos olhos e quemose palpebral, um tipo de inflamação ocular onde há o inchaço do revestimento interno das pálpebras, sendo causado geralmente por alergias ou, no caso da blefaroplastia, infecções. Em casos mais graves, há também o risco de cegueira. “Porém, todos esses problemas podem ser evitados através da certificação de que o procedimento será realizado por um profissional especializado e qualificado, pois é justamente a falta de conhecimento sobre a anatomia da face e do posicionamento de nervos e músculos que pode levar às alterações citadas acima”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.
Fonte: Dra. Beatriz Lassance – Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
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