No dia 25 de julho, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba (PR), recebe o Mutirão Nacional contra o Câncer Colorretal. A ação social, promovida pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) em 17 cidades do Brasil, visa mobilizar a população e o poder público para a criação de um Programa Nacional de Prevenção do Câncer Colorretal. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), por ano, o país registra 36 mil novos casos da doença, sendo 2.350 no Paraná.
Publicado em 2018, dados do Observatório da Oncologia revelam que, em 2015, houve 10,55 mortes em decorrência do câncer de cólon e reto para cada 100 mil habitantes do estado. “Por receio, preconceito ou desconhecimento, os pacientes acabam procurando tardiamente os serviços especializados”, explica a presidente da seção estadual da SOBED no Paraná, Dra. Caroline Tatim Saad. “Além dos atendimentos, é importante conscientizar a população sobre a doença e a necessidade de realizar a colonoscopia a partir dos 50 anos” completa a especialista.
“É muito triste morrer de uma doença prevenível”, alerta o Dr. Lix Alfredo Reis de Oliveira, diretor de Ações Sociais da SOBED. Não é para menos. Segundo o especialista, 80% dos casos poderiam ser evitados, com exames preventivos. “Quando o paciente apresenta sintomas é porque a doença já está em estágio mais avançado. Isso poderia ser identificado por meio do exame preventivo, feito a partir dos 50 anos, quando o pólipo ainda é uma lesão ou o câncer está na fase inicial”.
A expectativa é de que cerca de 50 pacientes pré-selecionados no Sistema Único de Saúde (SUS) realizem a colonoscopia durante o mutirão na capital paranaense. “O exame permite o diagnóstico precoce da doença, com melhores resultados quanto ao prognóstico”, diz o Dr. Marcelo Averbach, presidente da Comissão de Ações Sociais da SOBED. Em todo o Brasil a ação irá beneficiar cerca de 600 pessoas.
Por um Programa Nacional de Prevenção do Câncer Colorretal
Apesar de existirem diretrizes clínicas elaboradas pela SOBED e já aprovadas pela Associação Médica Brasileira (AMB), os profissionais não são obrigados a seguirem as recomendações, ainda que sejam baseadas em evidências científicas e que norteiam o exercício da profissão do endoscopista digestivo.
“É necessária a indicação correta da colonoscopia no SUS e nos convênios de saúde. Atualmente, há pessoas que realizam exames duas vezes por ano e que estão ocupando o lugar de outro paciente que aguarda na fila”, diz Oliveira. O especialista explica que o câncer colorretal é uma doença lenta que se origina a partir de pólipos (lesões na região do cólon e reto) e leva anos para se desenvolver. Por isso, o exame não precisa ser feito em intervalos curtos de tempo.
A colonoscopia é a forma mais segura para identificar possíveis lesões e tumores colorretais, porém é a mais invasiva. Outros exames de rastreio, como os imunohistoquímicos ou a análise de sangue oculto nas fezes, que são menos invasivos, também podem identificar a formação de lesões no canal retal. Esses exames também são recomendados pela SOBED.
Segundo o Dr. Lix Alfredo Reis de Oliveira, se houvesse um programa nacional, seria possível evitar exames desnecessários ou tardios. “O exame feito sem necessidade não acrescenta em nada ao paciente e ainda o coloca em risco. Por isso a colonoscopia só deve ser feita se realmente for indispensável, uma vez que o benefício é maior que o risco”, explica Oliveira.
SERVIÇO
Mutirão de colonoscopia
Data: 25 de julho
Local: Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (R. General Carneiro, 181 – Alto da Glória), em Curitiba (PR)
Importante: o exame é realizado em pacientes pré-selecionados; não serão atendidas pessoas que chegaram ao local de realização sem prévia avaliação!