O ambiente contemporâneo com um mix de elementos sofisticados e rústicos, projetado pela arquiteta Giuliana Soncin com inspiração nos armazéns e lofts norte-americanos dá o ar cosmopolita do restaurante Bobardí, no Cabral, vencedor do Prêmio Bom Gourmet, da Gazeta do Povo, de melhor ambientação de restaurante de Curitiba. Os ganhadores do prêmio foram anunciados nesta terça-feira, dia 27 de agosto, no Teatro Guaíra.
A releitura de pratos clássicos da alta gastronomia internacional, de forma despretensiosa e descomplicada, é a receita do Bobardí para um menu de sucesso. Porém, o clima impacta o cliente desde a fachada e tempera a experiência na casa que completa quatro anos. O ponto de partida da arquiteta para o projeto foi a ocupação de armazéns abandonados por jovens americanos de forma despojada, que se tornou um símbolo de contemporaneidade e elegância descomplicada. Ao entrar no Bobardí pela primeira vez, a sensação é que o restaurante em Nova York, Sidney ou Hong Kong.
A verticalidade da proposta chama a atenção por dois elementos. O espaço de cerca de 500 metros quadrados, dividido em ambiente térreo e mezanino, é uma grande caixa de vidro revestida por aço cortein e abriga, já na entrada, uma adega com 5 metros de altura e uma grande jabuticabeira, que contrasta com a rigidez do vidro e do aço. A árvore, valorizada por uma iluminação bem direcionada e seu entorno aberto, pode ser vista de qualquer ponto do restaurante.
A iluminação é um dos toques intimistas do Bobardí. A arquiteta tirou partido de revestimentos simples, valorizando-os ao máximo com a iluminação e direcionada. A luz está focalizada em elementos de destaque do restaurante e foi usada para valorizar elementos, texturas e contornos. O espaço tende para o escuro, mesmo durante o dia, onde as entradas de luz natural foram contidas. “A iluminação existe onde deve existir no ambiente do Bobardí”, define a arquiteta.
Sustentabilidade
Os materiais utilizados para contrastar a iluminação, a decoração e o ambiente desejado fazem parte da combinação do espaço como o concreto aparente no piso, misturado com tacos de madeira maciça lixados, sem acabamento, para dar um ar rústico ao ambiente. Nas paredes, a textura do cimento puxado e pintado, sem alisamento ou cal fino, dá uma aparência aveludada rústica e de fácil manutenção. Algumas paredes revestidas de madeira deixam o lugar aconchegante.
Uma das intenções da arquiteta foi usar elementos “puros” e sem revestimentos para economizar nesses itens sem perder o charme do ambiente. Ao deixar de utilizar cal fino e massa corrida, deixou-se de consumir, criar lixo, e consequentemente, poluir. “Seguindo essa linha de sustentabilidade, pelo resultado final obtido e pelo porte da obra, seu custo foi bem inferior a outras instalações com as mesmas proporções”, explica.
O Prêmio Bom Gourmet está em sua 10.ª edição. O Bobardí disputou o prêmio com os restaurantes Hai Yo, Jamie’s Italian, La Mafia Trattoria e Lobert Bistrô.