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Programação de Espetáculos do final de semana do FILO

Programação de Espetáculos do final de semana do FILO

INGRESSOS 

Os ingressos para o FILO 2019 podem ser adquiridos pela internet no site www.diskingressos.com.br  também nos pontos de venda: Óticas Diniz (em horário comercial e também no Catuaí Shopping e Norte Shopping) e Empório Amadeus (Mercadão da Prochet – Avenida Harry Prochet, 305 – Box  95 – Terça a sexta, das 12h às 22h, sábado, das 10 às 20h, domingo, das 10h às 14h). 

Ingressos a  R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia-entrada). O FILO concede os benefícios de meia-entrada estabelecidos por lei e também dá descontos a clientes e empregados das empresas patrocinadoras. Basta apresentar um documento comprobatório. A listagem completa dos benefícios está disponível no site www.filo.art.br. 

O FILO 2019 é uma realização da Universidade Estadual de Londrina, Palipalan Arte e Cultura, Secretaria Especial da Cultura e Ministério da Cidadania, com patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, Copel, Governo do Estado do Paraná e Bratac, apoio do Sicredi, Midiograf, Viação Garcia, Unimed, Sesi Cultura, Crillon Palace Hotel, La Comédie, Núcleo dos Festivais Internacionais das Artes Cênicas do Brasil, Editora Cobogó, Ciranda, Bella Vista, Rádio UEL FM e apoio institucional da Associação Médica de Londrina.

Serviço:

Festival Internacional de Londrina – FILO 2019

De 15 de agosto a 1 de setembro

Patrocínio:  Lei de Incentivo à Cultura, Copel, Governo do Estado do Paraná e Bratac. 

Apoio: Sicredi, Midiograf, Viação Garcia, Unimed, Sesi Cultura, Crillon Palace Hotel, La Comédie, Núcleo dos Festivais Internacionais das Artes Cênicas do Brasil, Editora Cobogó, Ciranda, Bella Vista, Rádio UEL FM. Apoio institucional: Associação Médica de Londrina.

Realização: Universidade Estadual de Londrina, Palipalan Arte e Cultura, Secretaria Especial da Cultura e Ministério da Cidadania

Mais informações: www.filo.art.br

16 de agosto – SEXTA-FEIRA

Espetáculo: “A Cabeça Gosta  É de Pensar, Mas os Passos Tecem a Existência”

Grupo: Cia. do Tijolo (São Paulo – SP)

Local: Teatro Ouro Verde

Horário: 20h30

Classificação: 12 anos

Duração: 120 minutos

O espetáculo é um show de texto e poesia em que atores e músicos da Cia. do Tijolo , de São Paulo, invocam personalidades marcantes do mundo das artes e das ideias para celebrar a amizade e o encontro, um pé na terra outro pé nas nuvens, um olho na realidade e outro na utopia: a construção coletiva de um ambiente em que seja possível conjugar liberdade e amor com inquietação e inconformismo.

Em seus 11 anos de fazer teatral, a companhia vem construindo uma linguagem bastante singular no teatro musical brasileiro, trabalhando a proximidade da poesia como forma de discurso, um discurso poético em que vivencias cotidianas se transformam em experiências humanas universais.

“A Cabeça Gosta de Pensar…” surge como um panorama cênico-musical em que o público é convidado a revisitar o repertório de espetáculos da companhia, como “Concerto de Ispinho e Fulô”, inspirada na obra do poeta Patativa do Assaré, e também “Cantata para um Bastidor de Utopias”, que tem como fonte a vida de outro poeta: Federico Garcia Lorca. Ambos poetas arraigados em suas terra e cronistas de seu tempo.

Os pensamentos e práticas do educador Paulo Freire, que foi homenageado pela companhia na montagem “Ledores do Breu”, também iluminam o caminho proposto pelo espetáculo. Nessa espécie de ágora pública, a companhia ainda reverencia a escritora e teóloga feminista Ivone Gebara e o arcebispo Dom Helder Câmara, defensor de causas sociais e ferrenho opositor da ditadura militar brasileira, que foi retratado em “O Avesso do Claustro”, última e celebrada montagem do Tijolo.

Com esse trabalho que a companhia traz para o FILO, seus integrantes evocam personagens reais, que com seus versos foram e ainda são capazes de fazer soprar ventos que animam a nossa capacidade de existir em liberdade e inventar novos mundos possíveis.

Espetáculo: “Apenas As Velhas Respirações”

Grupo: Mal visto Mal dito – Artes Cênicas UEL (Londrina – PR)

LocaL: Divisão de Artes Cênicas (DAC) da Casa de Cultura UEL

Horário: 20h

Classificação: Livre

Duração: 50 minutos

A obra de Samuel Beckett é o ponto de partida para “Apenas As Velhas Respirações”, espetáculo que encerra a trilogia com que os alunos de Artes Cênicas da Universidade Estadual  de Londrina comemoraram os 20 anos do curso, criado em 1998. A encenação promove raro contraste entre o jovem elenco e a densidade madura de Beckett em textos como “Ato Sem Palavras”, “Fim de Partida”, “Dias Felizes”, “Eu Não”, “Aquela Vez” e “Cadeira de Balanço”.

A montagem traz personagens emblemáticos que desafiam a lógica das “soluções que não solucionam”, bem ao espírito do dramaturgo irlandês, prêmio Nobel de Literatura e um dos mais influentes escritores do século XX. Em Beckett, a tensão dramática surge da inércia e a abordagem do humano esbarra sempre na falta de sentido da existência. É esse vazio que parece ocupar, com sua ausência, todos os espaços da cena. O minimalismo dos ambientes hostis onde o tempo passa e nada acontece.

No palco, restos de objetos, fragmentos de memória, palavras desconexas e ações repetitivas expõem as dificuldades de dar sentido à existência nestes tempos que vivemos – tempos que anunciam o fim que nunca chega, como se a incapacidade de morrer fosse o que  nos mantém vivos e as possibilidades se esgotassem sempre em tentativas sem fim, como ressalta Laura Franchi, diretora da montagem e professora do curso de Artes Cênica da UEL.

 

Espetáculo: “Presente de Aniversário”

Grupo: Os Tapetes Contadores de Histórias (Rio de Janeiro – RJ)

Local: Centro Cultural SESI /AML – Programação SESI CULTURA

Horário: 15h

Classificação: Livre (recomendado para crianças a partir de 5 anos)

Duração: 70 min

GRATUITO (Retirar ingresso no local, meia hora antes do início do espetáculo)

Uma festa de aniversário é sempre um ritual de significados profundos na vida de todos nós – e é celebrada de diversas maneiras e por inúmeras culturas nos quatro cantos do mundo. A redução de seu significado na sociedade de consumo sempre chamou a atenção dos componentes do grupo Os Tapetes Contadores de Histórias, que nesta sua nova montagem nos leva a um mergulho cheio de surpresas, revelações e descobertas ao redor desta data querida.

“Festa de Aniversário” celebra o nascimento, a vida e a comunhão. A peça é construída sobre três pilares poéticos: o Tempo, contado através das estações do ano, das primaveras, com sentido de transformação e amadurecimento; o Bolo, signo de comunhão, e o Presente, um objeto ou simples augúrio como símbolo de oferecimento. Cada um desses eixos narrativos conduz a tradições diversas: os mitos gregos de “Deméter” e “Rei Midas”, a história “João Esperto Leva o Presente Certo”, de matriz norte-americana e o conto tradicional russo “Vassalissa”.

Em cena, Cadu Cinelli, Edison Mego e Warley Goulart utilizam tapetes e outros objetos de tecido que servem de cenário para as histórias escolhidas. Para o mito “Deméter”, Edison Mego costurou um poncho que vai se abrindo, com bolsos internos de onde deuses gregos surgem para compor a história do porquê das estações do ano. Em “Midas”, Cadu Cinelli e Edison Mego criaram um extenso pergaminho, dividido em quadros que, no desenrolar, vão ilustrando o mito do rei da Frígia. Há ainda uma casa tridimensional e um grande bolo de festa que se remodela para acompanhar as histórias.

O grupo Os Tapetes Contadores de Histórias existe há 20 anos e durante todo esse tempo seu criador, Warley Goulart viaja o País promovendo oficinas em que utiliza tapetes e outros suportes plásticos de tecido como cenários.

Aula-espetáculo: “O ator dialético: 20 anos de aprendizado na Companhia do Latão” 

Com Ney Piacentini (São Paulo – SP)

Local: Canto do MARL 

Horário: 19h30

O ator Ney Piacentini é uma referência no teatro brasileiro. Seu forte mesmo é o trabalho Atoral (como gosta de grafar) e seu território: a Companhia do Latão, que ele ajudou a fundar e que já há 30 anos revigora no Brasil uma das grandes escolas da cena universal – o Teatro Dialético.

Tem 40 anos de teatro e atuou em mais de 50 espetáculos, e no cinema em outros 30 longas e curtas-metragens. É claro que uma trajetória desse calibre dava um espetáculo. E foi isso que Ney Piacentini fez. Para comemorar os seus 40 anos de profissão, o ator preparou uma demonstração de trabalho em que exibe trechos de todas as peças da Companhia do Latão, entremeadas com reflexões sobre o aprendizado atoral pelo qual passou no coletivo paulistano. A Cia do Latão mexeu com a cidade de São Paulo.

Esta demonstração de processo criativo está vinculada ao livro “O ator dialético: 20 anos de aprendizado na Companhia do Latão” (Hucitec Editora). O principal aspecto desse híbrido entre cena e palestra é a aproximação entre as poéticas atuativas de Constantin Stanislavski e Bertolt Brecht – dois dos maiores nomes do teatro universal, mestres das contradições entre as dimensões internas e externas das personagens – entre as suas subjetividade e objetividades.

Por isso, o crítico Andrei Reina registrou na Revista Bravo: “No melhor estilo brechtiano, o ator Ney Piacentini se distancia do ofício e passa em revista a trajetória de 20 anos na Companhia do Latão, interessado em examinar o tipo de interpretação praticado pelo grupo de teatro épico.”

17 de agosto – SÁBADO

Espetáculo: “O Melhor Show do Mundo… na Minha Opinião”

Atuação: Tiago Marques – Palhaço Ritalino (Londrina-PR)

Local: Zerão

Horário: 17 horas

Classificação: Livre

Duraçao: 55 minutos

A plateia vê um palco iluminado, mas após o terceiro sinal… cadê o show? O pipoqueiro mais espalhafatoso do mundo é Ritalino, que invade a cena com seu tabuleiro de pipoca. Ele está ali pra faturar, mas os artistas não chegam pro show e o palhaço  decide entreter o distinto público. Como vê o show toda noite, pensa que será fácil. Mas como artista, Ritalino é um completo desastre. E é aí que está a graça – nos pequenos fiascos.

Atrás do nariz vermelho, o versátil ator Tiago Marques busca em todo o seu repertório pretextos para que o show aconteça – brincadeiras, músicas de improviso e até uma banda composta por pessoas da plateia pipocam no palco. O espetáculo tem um curto intervalo, assim como nos pequenos circos, onde os artistas completam a renda com a venda de comidas e souvenires. 

O espetáculo estreou em 2013 na Mostra de Teatro e Circo de Londrina e correu  o Brasil em festivais. “O Melhor Show do Mundo” esteve no circo da Dona Bilica em Florianópolis e na Virada Cultural em São Paulo. Para Tiago Marques, esse seu “O Melhor Show do Mundo, na Minha Opinião” é “a dramaturgia da vida transformada em riso”. 

Em 2019 o Palhaço Ritalino completa 10 anos de existência e, para comemorar, está trabalhando dobrado. Tiago Marques atua em hospitais, nas ruas, praças, teatros e eventos.  No ano passado, esteve ao lado de Eduardo Okamoto (como ator stand in) na premiada montagem “O Dragão de Fogo”. Seu segundo solo, “I  Concertina”, com direção de Ricardo Puccetti (LUME Teatro), referência na arte do palhaço, participou em 2017 de turnê europeia, com apresentações em Paris, Madri, Barcelona, Ovar, Lisboa, Coimbra e Luxembourg Ville. 

Nos dez anos do Palhaço Ritalino, a melhor comemoração é ouvir o que disse dele o diretor e dramaturgo Luiz Carlos Laranjeiras: “[…]um artista artesão do riso com prontidão, apurado e preparado para qualquer empreitada, pois tem todos os risos do mundo na mala, na cabeça e no coração…”

Espetáculo: “Balada de um Palhaço”

Grupo: Luiz Eduardo Pires e Mário Fragoso (Londrina- PR)

Local: Divisão de Artes Cênicas (DAC) da Casa de Cultura UEL

Horário: 20h

Classificação: 16 anos

Duração: 60 minutos

O palhaço Menelão é o dono de um circo decadente e vive de olho na bilheteria. O palhaço Bobo Plin, empregado do circo, tem outras aspirações: quer sentir prazer no trabalho, sonha com um público crítico e sensível à criatividade, acredita na liberdade de expressão e no poder do riso para subverter os espíritos acomodados.

O impasse do artista entre necessidade de expressão e a necessidade de sobrevivência, a comercialização da arte a serviço do mercado, arte comprometida versus entretenimento são temas recorrentes. Mas que vêm ganhando relevância desde o final dos anos 1980, quando o genial e inquieto dramaturgo Plínio Marcos, que começou sua trajetória trabalhando no circo, escreveu “Balada de Um Palhaço”.

O Brasil vivia fim da Ditadura Militar e via ascender uma nova indústria cultural – num momento em que a política e a economia estavam ainda ensaiando os primeiros passos de sua dança neoliberal. Em tempos de revisionismo histórico, “Balada de um Palhaço” ganha uma atualidade quase sórdida.

Em cena, Menelão e Bobo Plin esgrimam seus argumentos apaixonadamente. Apesar das duras discussões, das acusações mútuas e do calor das emoções, existe em ambos um grande amor pelo picadeiro e pela arte do circo – e a profundidade de seus diálogos e embates fala muito sobre o debate cultural dos anos 1960, em contraste com a histeria das discussões de hoje nas redes sociais.

“Balada de um Palhaço” reúne no palco duas gerações de atores e encenadores londrinenses. Mário Fragoso começou a atuar no grupo Proteu, marco do teatro brasileiro nos anos 1980. Luiz Eduardo Pires, que concebeu e dirigiu o espetáculo, vem das primeiras turmas da Escola Municipal de Teatro e é um fã declarado e apaixonado da obra de Plínio Marcos, de quem já montou outras três peças e sobre o qual escreveu “Plínio Marcos – Cagado de Arara”, sua tese de graduação em História pela Universidade Estadual de Londrina.

Aula-espetáculo “Costuras Poéticas pelo Fio de Voz”

Com Renato Forin Jr. – Agon Teatro (Londrina-PR)

Local: Centro Cultural SESI/AML – PROGRAMAÇÃO SESI CULTURA

Horário: 19h30

Classificação: 14 anos

Duração: 100 minutos

Ingresso Solidário – 1 kg de alimento não perecível (trocar pelo ingresso meia hora antes do início do espetáculo. Sujeito a lotação).

Os “Rapsodos” são os primeiros contadores de história performáticos da humanidade. Estes poetas transitavam de cidade em cidade na Grécia Arcaica, apresentando recitais cênico-musicais em que lançavam mão de uma costura de narrativas épicas, mitos e cantigas, misturando conteúdos e dando novo significado a modelos já existentes. Seu nome vem de ”Rhaptein”, que em grego significa costurar, juntar pedaços. Dele deriva a Rapsódia, esse gênero em que os fragmentos estão sempre pedindo uma linha que os una.

Na aula-espetáculo “Costuras poéticas pelo fio da voz”, Renato Forin Jr. conduz o público por uma viagem desde a Grécia Arcaica até o Brasil contemporâneo, passando pela África mítica. O que interliga estes universos é a força da oralidade, o poder da palavra falada e cantada na configuração de seus modos de vida e de sua filosofia. Uma história que também se confunde com a trajetória pessoal do escritor, que chegou aos livros por meio das histórias orais e canções.

Ao longo da exposição/apresentação, Renato aborda temas como o nascimento indistinto da poesia, da música e do teatro; a força das manifestações orais e da musicalidade no Brasil: a “mistura” como identidade do País, suas matrizes étnicas formadoras, as características do samba, sua potência dionisíaca e trágica, dentre outros.

Tais assuntos têm como fio condutor o seu livro-CD “Samba de uma Noite de Verão”, contemplado com o 59º Prêmio Jabuti (2017), além de outros textos autorais como “OVO”, mas mergulha também em poemas e canções de escritores, compositores e intérpretes que forjaram um retrato do Brasil. Renato, que é doutor em Letras, entende a cultura brasileira como propriamente “rapsódica” por sua vocação para as misturas de várias ordens – étnicas, religiosas, culturais –, na linha da Antropofagia e do Tropicalismo. Público-alvo: Professores do ensino fundamental e médio, contadores de histórias, bibliotecários, mediadores de leitura, estudantes ou profissionais das letras e das artes.

18 de agosto – DOMINGO

Espetáculo: “Vikings e o Reino Saqueado”

Grupo: Cia. Os Palhaços de Rua (Londrina – PR)

Local: Praça Nishinomiya

Horário: 16h

Classificação: Livre

Duração: 50 minutos

Após uma longa jornada repleta de batalhas desastrosas pelo mundo, os palhaços Batata Doce (Adriano Gouvella) e Turino (Lucas Turino), dois guerreiros vikings, retornam ao seu reino e se deparam com a rainha destituída e o trono tomado pelos duques. O desafio dos dois atrapalhados guerreiros é derrubar os duques do poder e devolvê-lo ao povo. Suas armas para tal tarefa são truques e artimanhas da palhaçaria, do teatro de rua – e, claro, a cumplicidade do público.

O espetáculo “Vikings e o Reino Saqueado” coloca em cena questões humanas e sociais contemporâneas se valendo de pesquisa sobre o universo viking, sua relação com a palhaçaria e o atual contexto político e social do Brasil. Segundo trabalho da companhia,  a montagem estreou em 2017 e recebeu vários prêmios em diferentes festivais pelo Brasil – entre eles um troféu Gralha Azul, maior premiação do teatro no Paraná, na categoria Melhor Figurino.

Durante a pesquisa e concepção deste trabalho, os Palhaços de Rua sentiram a necessidade de se renovar buscando uma abordagem original e da inquietação surgiu a ideia de relacionar o circo, o teatro de rua, o palhaço e a figura milenar do viking. A principal fonte de pesquisas foram os estudos sobre os arquétipos culturais desenvolvidas pelo antropólogo Joseph Campbell, o mesmo que forneceu o estudo de tipos humanos utilizada na seminal “Guerra nas Estrelas”, de George Lucas.

Além dele, serviram de referência também os quadrinhos de Dik Browne e os livros do sociólogo brasileiro Jessé de Souza, autor de “A Elite do Atraso – da escravidão à lava jato”. E por meio do lúdico, do jogo e da brincadeira de palhaços, a cena ganha discussões pertinentes à realidade brasileira.

Espetáculo: “Kintsugi, 100 Memórias” – INGRESSOS ESGOTADOS

Grupo: Lume Teatro (Campinas – SP)

Local: Teatro Ouro Verde

Horário: 20h30

Classificação: 16 anos

Duração: 120 minutos

Kintsugi é uma palavra japonesa que significa “emenda em ouro”. É a técnica que os artesãos japoneses usam no restauro de peças de cerâmicas quebradas, utilizando-se de uma mistura de laca, pó de ouro, prata ou platina. No novo espetáculo do sempre inquieto grupo Lume, Kintsugi se transforma numa espécie de metáfora sobre a reconstrução dos afetos e relações humanas que precisam ser restauradas depois de rupturas.

O ponto de partida é a própria história do grupo. Em cena, os atores-criadores Ana Cristina Colla, Jesser de Souza, Raquel Scotti Hirson e Renato Ferracini relembram seu encontro num tumultuado jantar “japonês” regado a saquê em 2009. Nesta noite, o grupo quase se desfaz por conta de uma discussão aparentemente fugaz – mas o entrevero deixa marcas, como se verá. O episódio é narrado em diferentes versões, mostrando o quanto um mesmo acontecimento pode ser revivido de maneiras distintas a partir de diversos olhares.

No começo da peça um vazo é quebrado, e no transcorrer do espetáculo os atores se revezam para reconstruir o objeto, que ganha mais valor ao mostrar com evidência suas cicatrizes e memórias. No palco, a dança das recordações é sempre alimentada por uma cenografia emotiva: pedaços de cenários, adereços, figurinos, objetos presentes em décadas de montagens que, também eles, detonam memórias – memórias que, para o Lume, são um exercício do presente para revisitar as crises passadas, os erros, as cicatrizes pessoais e coletivas, um reencontro com a dor como forma de superação.

O Lume existe há 34 anos. Vinculado ao Núcleo Interdisciplinar de pesquisas Teatrais da Universidade de Campinas, o grupo estuda o trabalho do ator enquanto corpo, reflexão e memória. “Kintsugi” estreou no último maio.

Espetáculo: “Balada de um Palhaço”

Grupo: Luiz Eduardo Pires e Mário Fragoso (Londrina- PR)

Local: Divisão de Artes Cênicas (DAC) da Casa de Cultura UEL 

Horário: 20h

Classificação: 16 anos

Duração: 60 minutos

O palhaço Menelão é o dono de um circo decadente e vive de olho na bilheteria. O palhaço Bobo Plin, empregado do circo, tem outras aspirações: quer sentir prazer no trabalho, sonha com um público crítico e sensível à criatividade, acredita na liberdade de expressão e no poder do riso para subverter os espíritos acomodados.

O impasse do artista entre necessidade de expressão e a necessidade de sobrevivência, a comercialização da arte a serviço do mercado, arte comprometida versus entretenimento são temas recorrentes. Mas que vêm ganhando relevância desde o final dos anos 1980, quando o genial e inquieto dramaturgo Plínio Marcos, que começou sua trajetória trabalhando no circo, escreveu “Balada de Um Palhaço”.O Brasil vivia fim da Ditadura Militar e via ascender uma nova indústria cultural – num momento em que a política e a economia estavam ainda ensaiando os primeiros passos de sua dança neoliberal. Em tempos de revisionismo histórico, “Balada de um Palhaço” ganha uma atualidade quase sórdida.

Em cena, Menelão e Bobo Plin esgrimam seus argumentos apaixonadamente. Apesar das duras discussões, das acusações mútuas e do calor das emoções, existe em ambos um grande amor pelo picadeiro e pela arte do circo – e a profundidade de seus diálogos e embates fala muito sobre o debate cultural dos anos 1960, em contraste com a histeria das discussões de hoje nas redes sociais. “Balada de um Palhaço” reúne no palco duas gerações de atores e encenadores londrinenses. Mário Fragoso começou a atuar no grupo Proteu, marco do teatro brasileiro nos anos 1980. Luiz Eduardo Pires, que concebeu e dirigiu o espetáculo, vem das primeiras turmas da Escola Municipal de Teatro e é um fã declarado e apaixonado da obra de Plínio Marcos, de quem já montou outras três peças e sobre o qual escreveu “Plínio Marcos – Cagado de Arara”, sua tese de graduação em História pela Universidade Estadual de Londrina.

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