A psoríase é uma doença crônica e não contagiosa, que afeta cerca de cinco milhões de pessoas no Brasil1. Ao contrário do que se pensa, não se trata apenas de um problema de pele, mas uma condição que afeta o corpo todo e com alto impacto emocional, podendo afetar a vida social e até a empregabilidade2. Por outro lado, com os avanços da medicina, já existem tratamentos capazes de proporcionar o controle rápido e duradouro da psoríase, alcançando regressão de até 90 a 100% das lesões de pele3 e a melhora da qualidade de vida.
Segundo o médico dermatologista Ricardo Romiti, a causa ainda é desconhecida. “O que sabemos é que a psoríase é uma doença inflamatória que pode atingir qualquer parte do corpo, mas principalmente o couro cabeludo, tronco, pernas e braços4”, diz o especialista. “A doença também pode afetar as articulações, desencadeando uma artrite psoríásica, que se não tratada corretamente, pode ser debilitante5”, complementa Romiti.
Janice Souza de Jesus, 50 anos, empresária, nunca se esqueceu do dia em que foi ao médico por causa de uma verruga na coxa e manchas na pele e, após uma biopsia, recebeu o diagnóstico de psoríase. “O médico disse para eu não me preocupar, mas eu comecei a chorar. Ele explicou que o que eu tinha era uma doença causada por baixa imunidade, que não tinha cura mas tinha tratamento”, conta Janice.
Após o diagnóstico, a empresária passou por algumas situações delicadas, que fizeram a doença piorar. “Na época eu passei por um momento difícil e, devido ao estresse, a psoríase chegou a um ponto em que eu tinha placas da cabeça aos pés”, diz a paciente. Ela também foi diagnosticada com artrite psoriásica algum tempo após o primeiro diagnóstico.
Por conta das lesões na pele, alguns pacientes deixam de fazer atividades sociais ou sair em público2, devido ao preconceito que sofrem. “Eu já passei por situações constrangedoras na academia, por exemplo, onde as pessoas nem queriam se aproximar ou utilizar os mesmos aparelhos que eu utilizei por causa da aparência da minha pele”, conta Janice. “Minha filha já discutiu em restaurante porque ficavam olhando muito para mim”, completa a empresária.
Ricardo Romiti afirma que o preconceito muitas vezes acontece por falta de informação. “É preciso esclarecer alguns pontos importantes sobre a doença, como o fato de não ser infecciosa ou contagiosa. A maioria dos pacientes diagnosticados sofrem algum tipo de discriminação”, afirma o especialista.
O tratamento da psoríase deve levar em conta diferentes fatores, entre eles a gravidade da doença, que pode ser leve, moderada ou grave. Dr. Romiti explica que mesmo em casos mais graves é possível diminuir de forma muito efetiva a aparência das lesões. “Apesar do que se acredita, o paciente com psoríase pode sim levar uma vida normal porque atualmente existem tratamentos capazes de controlar completamente a doença6”, completa o dermatologista.
Janice passou por alguns tratamentos sem muito sucesso. “Quando o médico percebeu que o medicamento prescrito não estava funcionando, tentei diferentes tratamentos, mas que acabaram agravando meu caso. Foi quando comecei a usar o medicamento biológico”, explica ela. “Utilizei alguns medicamentos biológicos e agora estou fazendo tratamento com o mesmo há quatro anos. Hoje, sou uma pessoa feliz, pois não tenho mais nada na pele”, comemora a paciente.
Apesar de um grande número de pacientes esconder que tem a doença, algumas celebridades já vieram a público para mostrar como lidam com as lesões, como é o caso da socialite americana Kim Kardashian, que sempre fala sobre o assunto. No Brasil, o mais recente caso foi o do maquiador e fotógrafo Fernando Torquatto, que publicou em seu Instagram um vídeo onde conta que foi diagnosticado aos 25 anos de idade e já sofreu preconceito por causa da doença, porém, nunca tinha falado em público sobre o tema.
Romiti ressalta que a divulgação de informações atuais e precisas sobre a doença e seus tratamentos são de extrema importância. “Os pacientes precisam saber que já existem tratamentos eficazes que possibilitam uma pele sem ou quase sem lesão de psoríase em até 80% dos casos de psoríase moderada à grave6”, afirma o médico.
Com o objetivo de alertar a população sobre a psoríase, desmistificar alguns preconceitos e reforçar que a doença tem controle, foi criada a campanha “Pele Sem Psoríase”, que conta com o apoio da ONG Psoríase Brasil. Para saber mais sobre a campanha, acesse: www.pelesempsoriase.com.br
Referências
1. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: http://www.sbd.org.br/psoriasetemtratamento/noticias/tratamento/ong-psoriase-brasil-promove-ato-para-chamar-a-atencao-sobre-a-falta-de-tratamento-da-doenca/. Acesso em junho de 2019.
2. Rapp SR, Feldman SR, Exum ML et al. Psoriasis causes as much disability as other major medical diseases. J Am Acad Dermatol 1999; 41(3 Pt 1):401-7.
3. Thaçi D, Blauvelt A, Reich K et al. Secukinumab is superior to ustekinumab in clearing skin of subjects with moderate to severe plaque psoriasis: CLEAR, a randomized controlled trial. J Am Acad Dermatol. 2015 Sep;73(3):400-9.
4. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Psoríase. O que é. Disponível em: http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/psoriase/18/. Acesso em junho de 2019.
5. National Psoriasis Foundation. About Psoriatic Arthritis. Disponível em: https://www.psoriasis.org/about-psoriatic-arthritis. Acesso em junho de 2019.
6. EMEA – CHMP. Guideline on Clinical Investigation of Medicinal Products Indicated for the Treatment of Psoriasis. Disponível em http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Scientific_guideline/2009/09/WC500003329.pdf. Acesso em junho de 2019.