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O coração da mulher atleta é estudado e está em Diretriz do Esporte, pela primeira vez

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Documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia destaca particularidades até então pouco estudadas e os riscos cardiovasculares que o seco feminino enfrenta para manter peso corporal baixo e alto desempenho

De cada 10 casos de Morte Súbita em atletas profissionais, apenas um é com mulher, o que sugere uma proteção hormonal a favor do sexo feminino com relação às doenças cardíacas. Isso prova que os impacto para a saúde causados pelo exercício físico, tanto para atletas de alta performance como para os amadores, são completamente diferentes entre homens e mulheres. Mas, por décadas, os estudos contemplaram apenas as características do sexo masculino, ignorando as diferenças antropométricas, fisiológicas e bioquímicas entre os gêneros. Com o número cada vez maior de mulheres que se tornam atletas profissionais, a medicina passou a dar mais atenção para essas particularidades. A nova Diretriz de Esporte, elaborada pelo Departamento de Ergometria e Reabilitação Cardiovascular (DERC), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem um capítulo inteiro dedicado ao tema, de forma inédita e será um dos destaques do 74º Congresso Brasileiro de Cardiologia, que acontece entre os dias 20 e 22 de setembro, em Porto Alegre.

“Diversas evidências mostraram uma proporção esmagadora na prevalência de Morte Súbita em atletas do sexo masculino (92%). Outras questões relevantes e importantes de serem investigadas mais a fundo são distúrbios alimentares, amenorreia (ausência da menstruação), a relação do desempenho com o período menstrual, osteoporose e resultados em exames como Eletrocardiograma, Ecocardiograma e Teste Ergométrico”, alerta o presidente do DERC, Tales de Carvalho.

A menor massa corporal e ventricular es­querda, menos testosterona e capacidade de trabalho físico das mulheres estão diretamente ligados a síndrome do coração de atleta na mulher e seus vários aspectos. “Do ponto de vista hemodinâmico também existem peculiaridades, embora níveis de esforço semelhantes aos dos homens sejam alcançados”, conta o presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia do Esporte (GECESP), Antonio Carlos Avanza Jr.

Teste de Exercício

Até a última década, a exatidão do Teste Ergométrico nas mulheres era considerada menor para diagnóstico de Doença Arterial Coronariana, devido a resultados falso-positivos. Hoje, sabe-se que ocorrem alterações de acordo com o ciclo menstrual e com a reposição hormonal pós-menopausa. “Em muitas circunstâncias, como existe com frequência diagnósticos falso-positivos em eletrocardiogramas de mulheres, as alterações destas atletas são subestimadas, não sendo realizados os necessários exames adicionais e eventuais tratamentos cardiológicos, colocando-as em risco. Na ocasião da avaliação, é importante considerar o histórico, porque o exame pode possibilitar o diagnóstico de síndrome de excesso de treinamento (overtraining) ou a chamada tríade da mulher atleta – distúrbios alimentares, ausência de fluxo menstrual e osteoporose – que podem causar sérias consequências cardiovasculares”, alerta Carvalho.

Esportes que exigem controle de peso da mulher podem ser mais prejudiciais

A tríade da atleta ocorre em adolescentes e mulheres fisicamente ativas. A pressão à qual elas são submetidas para atingir ou manter um peso corporal irrealmente baixo está por trás dessa síndrome, o que acontece em esportes como Ginástica Artística e Rítmica, onde um baixo peso corporal é importante para o desempenho ou por razões estéticas. O presidente do DERC explica que “pode haver prejuízo da função endotelial (camada mais internada da artéria), causando alterações na circulação, aumento de pressão e arritmias”.

Futuro presente

Para Tales de Carvalho, novos estudos são necessários para melhor o entendimento sobre a relação entre o exercício físico e as mulheres. “Este é apenas o começo. Atualmente, nas escolas norte-americanas, 40% dos praticantes de atividade física são do sexo feminino. São muitos os fatores que precisam ser analisados, ao longo dos anos, para conclusões mais assertivas, que vão beneficiar os atletas em geral”, finaliza.

Serviço:

74º Congresso de Cardiologia

Data: de 20 a 22 de setembro de 2019

Local: Centro de Convenções FIERGS

Endereço: Av. Assis Brasil, 8787, Porto Alegre/RS

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