Brasil registrou mais de 1,1 milhão de internações por problemas relacionados ao coração em 2018. Investir em prevenção e treinamento da população é a recomendação da entidade para diminuir mortes
Em 2018, 1.151.749 brasileiros foram internados em decorrência de problemas cardiovasculares. Destes, 81,37% (937.165) foram atendimentos emergenciais, segundo levantamento exclusivo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Os dados serão amplamente debatidos no 74° Congresso Brasileiro de Cardiologia, que começa na sexta-feira (20/09), em Porto Alegre.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país e matam em média 400 mil pessoas por ano, segundo projeções do Cardiômetro. “Este número poderia ser bem menor se houvesse mais investimento em prevenção e no treinamento em massa da população para a realização das manobras de ressuscitação. Menos de 2% das vítimas de algum evento súbito de coração chegam com vida aos hospitais”, afirma o coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC, Sergio Timerman. Ele também coordena o Hand-on do Congresso, juntamente com João Fernando Monteiro Ferreira, que este ano terá mais de 30 aulas de atualização no atendimento e tratamento das principais intercorrências em pacientes internados.
Segundo o levantamento, a taxa de mortalidade nas internações emergenciais é de quase 10%. Já entre as internações eletivas, ou seja, aquelas agendadas, o percentual de mortes cai para 2%. “Muitos pacientes já dão entrada com o quadro agravado por terem ficado sem assistência até que a ambulância chegasse. Em muitas cidades americanas, com treinamento e atendimento adequado, o índice de sobrevida passa dos 70%”, compara Timerman.
A orientação, em caso de parada cardíaca, é chamar o SAMU ligando para o 192 e iniciar as manobras de ressuscitação imediatamente. “Cada minuto sem atendimento equivale a 10% menos de chance de sobrevivência”, completa Timerman.
O levantamento mostra ainda que quanto mais velhas as pessoas, maior o percentual de internação por emergência. E a faixa etária dos 60 aos 69 anos é responsável por 25% do total.
Faixa Etária | 2018 – eletivo | 2018 – urgência | % |
0 a 19 anos | 24.491 | 19.167 | 78,26% |
20 a 29 anos | 29.033 | 20.154 | 69,42% |
30 a 39 anos | 63.531 | 40.384 | 63,57% |
40 a 49 anos | 125.267 | 87.527 | 69,87% |
50 a 59 anos | 223.978 | 172.381 | 76,96% |
60 a 69 anos | 290.202 | 240.497 | 82,87% |
70 a 79 anos | 240.604 | 213.030 | 88,54% |
80 anos e mais | 154.643 | 144.025 | 93,13% |
Total | 1.151.749 | 937.165 |
O valor gasto com internações emergenciais também é maior. Em 2018, foram gastos R$ 2,2 bilhões com essa modalidade e R$ 712 milhões com internações eletivas. “Pessoas que dão entrada em um hospital pela emergência, normalmente, ficam hospitalizadas por um tempo maior. Investir mais em prevenção significa menos eventos, menos prontos socorros lotados e mais vidas salvas”, finaliza o cardiologista.
Serviço:
74º Congresso Brasileiro de Cardiologia
Data: de 20 a 22 de setembro
Local: Centro de Convenções FIERGS
Endereço: Av. Assis Brasil, 8787 | Porto Alegre – RS