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Existe uma idade certa para fazer o desfralde?

Esta é uma das dúvidas mais comuns de mães e pais de primeira viagem. A aprendizagem do controle esfincteriano, ou simplesmente, desfralde, é um importante marco do desenvolvimento infantil. Entretanto, é um dos processos de aprendizagem em que os pais mais precisam estar atentos, além de adotarem estratégias positivas para evitar que essa passagem natural, da fralda para o vaso sanitário, se torne algo traumático para a criança.

Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especializada em fisioterapia neurofuncional, não existe uma idade certa ou errada para o desfralde. Entretanto, é preciso tomar cuidado para que não seja um processo rígido ou feito antes de que a criança esteja realmente preparada para isso. “Cada criança tem seu ritmo, desejos e necessidades. Os pais e educadores precisam considerar essas características individuais no momento do desfralde para não iniciar de forma precoce e causar mais danos do que benefícios”.

Em geral, é recomendado que o desfralde comece depois dos 18 meses ou a partir dos dois anos. Há alguns motivos para isso. O primeiro é porque nessa faixa etária, a criança já tem uma melhor compreensão do processo devido ao desenvolvimento cognitivo.

“O segundo é porque é nessa faixa etária que a fala e linguagem já estão um pouco mais desenvolvidas. Isso vai permitir que a criança seja a protagonista do próprio desfralde, indicando aos pais ou educadores o desejo de usar o vaso sanitário, ou ainda mostrando que se sente incomodada com a fralda, por exemplo”, explica a fonoaudióloga Christiane Benevides, que atua na Clínica Walkíria Brunetti.

Mas, vale lembrar que mesmo que a criança não fale ou apresente um atraso na fala, é possível fazer o desfralde. “Nem todas as crianças falam, mas já usam a linguagem corporal para se comunicar, mostrando desconforto com a fralda, apontando para o penico, entre outros gestos e expressões que podem ajudar no processo”, comenta Christiane.

Outra dúvida comum dos pais é sobre usar um penico ou um adaptador para o vaso sanitário. “Como cada criança é diferente da outra, isso pode ser muito relativo. Algumas podem aprender mais fácil usando o penico e outras o adaptador. O mais importante é que os pais estabeleçam os rituais. Após fazer o xixi, ensine a criança a jogá-lo no vaso sanitário, dar descarga, usar o papel higiênico e lavar as mãos”, explica Walkíria.

Papel da escola é fundamental
Atualmente, a maioria das crianças frequenta escolas ou creches e, portanto, o desfralde é um processo que vai depender de uma boa parceria entre pais e educadores. Para Walkíria, a escola pode facilitar muito o desfralde. “A criança aprende pelo exemplo. Portanto, nada melhor do que ver os coleguinhas usando o banheiro para incentivá-la a fazer o mesmo, ou seja, imitar. E isso vale também para os pais e irmãos em casa”, comenta.

Reforço positivo sempre, críticas jamais!
O desfralde precisa envolver o reforço positivo para dar certo. O que isso quer dizer? “Em primeiro lugar, os pais podem e devem elogiar a criança sempre que ela usar o penico/adaptador. Esse elogio vai ser compreendido como algo bom e recompensador. Assim, a tendência é que a criança repita o comportamento para ser novamente recompensada”, cita Christiane.

Outro ponto fundamental é que os pais precisam aprender a lidar com os escapes de forma natural. “Os escapes vão acontecer e isso é um fato totalmente esperado. Em nenhuma hipótese os pais devem criticar a criança. Devem apenas limpá-la e incentivá-la a usar o banheiro da próxima vez. Ou orientar que ela peça para o papai/mamãe levá-la ao banheiro”, diz Walkíria.
Treinamento constante
“Como a criança não tem noção de que precisa usar o banheiro, os pais precisam perguntar frequentemente se a criança quer fazer xixi, até que ela se dê conta e consiga reter esse aprendizado por si mesma. Ainda assim, mesmo depois do desfralde, escapes podem acontecer em momentos em que a criança está brincando ou até mesmo dormindo”, ressalta Walkíria.

Por isso, sempre é preciso sair de casa com várias trocas de roupa nos primeiros meses do desfralde. É preciso lembrar ainda que há uma ordem importante que precisa ser seguida: o ideal é começar pelo xixi e só depois do processo bem estabelecido partir para o desfralde das fezes.

Fralda noturna: o principal desafio
Por fim, um dos passos mais desafiadores é a retirada da fralda noturna. “Muitos pais podem ter dificuldade para retirar a fralda noturna e isso é normal. Primeiro é preciso firmar o desfralde diurno e isso pode levar meses. A fralda noturna vai necessitar que os pais se levantem de três a quatro vezes por noite para levar a criança ao banheiro. Apenas depois da autorregulação é que a criança terá capacidade de perceber que precisa ir ao banheiro durante a noite”, diz Walkíria.

Uma dica é evitar que a criança tome muito líquido antes de dormir e, claro, leve-a para fazer xixi antes de colocá-la para dormir. carol@agenciahealth.com.br

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