Painel do artista Rômulo Lass, perto da parrilla, no La Vaca Steakhouse. Foto: Patrícia Klemtz
Da rua já se percebe quem é a estrela da casa: uma escultura em tamanho natural de um exemplar de gado Wagyu pontifica no jardim do recém-inaugurado La Vaca Steakhouse, em Curitiba. O olhar mais atento de quem passa para o salão remete à origem do churrasco na América do Sul contada pelo traço do artista visual Rômulo Lass. Um painel de 4,5 por 2,70 metros mostra três tropeiros em torno de um churrasco de costela fogo de chão. Entre as figuras há uma grelha com alguns pinhões que os tropeiros assavam na brasa na época das tropas no Sul do Brasil.
A origem do churrasco tem diferentes histórias de várias partes do mundo. A pesquisa que originou o painel de Rômulo Lass na entrada do La Vaca Steakhouse tem base nos colonizadores espanhóis e portugueses que aprenderam sobre o churrasco com os índios brasileiros. Os índios assavam carne de vaca selvagem numa grelha feita com varas verdes. Esse churrasco chegou a nós já feito com a vaca domesticada pelos tropeiros, que levavam o animal por suas andanças para alimentar a tropa, assando a carne no fogo de chão.
O La Vaca Steakhouse adaptou o tradicional fogo de chão à parrilla uruguaia. A parrilla tem um sistema próprio e, diferentemente das churrasqueiras brasileiras, o carvão ou a lenha são queimados separadamente, de maneira que a queima não interfira no aroma e no sabor da carne. Na parrilla, o carvão fica em um local isolado, na lateral ou no fundo da grelha, enquanto uma espécie de haste puxa a brasa, aproximando o calor da carne.
Ao lado da parrilla do La Vaca Steakhouse, outro painel de Rômulo Lass retrata burricos cargueiros que acompanham as tropas e completam a mensagem. “Foi um trabalho desafiador por ser figurativo e eu trabalho normalmente com abstratos. É meu primeiro trabalho figurativo e também o primeiro em fundo preto, pois minha arte é aplicada geralmente com fundo branco”, conta Lass.
O projeto do arquiteto Giuliano Marchiorato, que também assina a escultura instalada em frente ao restaurante – baseada na raça japonesa Wagyu, também conhecida como Kobe beef no Japão, pois recebe massagem e os animais tomam cerveja e até saquê para manter a qualidade da carne – foi concebido de maneira a enfatizar tradições da cultura do churrasco. O uso dos materiais disponíveis nas regiões do Sul tais como a madeira e o couro é um exemplo.
A identidade visual e o branding desenvolvidos pela Flavor Studio para o La Vaca reforçam o conceito. As cores quentes e os materiais escolhidos para a sinalização arrematam a ideia. O publicitário Emerson Vieira, diretor de criação da Flavor, explica que a proposta democrática do cardápio e do ambiente faz com que as pessoas interajam mais, nas áreas como a do deck e do balcão. O mesmo acontece com a possibilidade de os clientes compartilharem as tábuas de carne ou legumes, em vez de cada um escolher um prato.
Parrilla no La Vaca Steakhouse . Foto: Patrícia Klemtz