A sífilis é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST) e afeta 12 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a doença cresce entre mulheres, principalmente dos 20 aos 29 anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, a região sul é a segunda maior em número de casos, somando 24,3%.
E o tema é tão sério que, desde o ano de 2017, a Lei 13.430/2017 prevê que o terceiro sábado de outubro de cada ano seja considerado o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento adequados, especialmente na gestante durante o pré-natal.
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é transmitida pela relação sexual, transfusão ou contato com sangue contaminado, além da forma vertical, durante a gestação ou o parto. Se não for diagnosticada e tratada precocemente, pode comprometer vários órgãos como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso.
Formas de manifestação e diagnóstico
A doença se manifesta em diferentes estágios: primária, secundária, terciária e latente. Na primária, são detectadas pequenas feridas nos órgãos genitais, que desaparecem espontaneamente e não deixam cicatrizes. Os sinais aparecem entre dez e 90 dias após o contágio e podem durar de duas a seis semanas. Já na secundária, surgem manchas vermelhas na pele, boca, mãos e pés, além de sintomas como febre, dor de cabeça, mal-estar e linfonodos ou gânglios linfáticos (popularmente conhecidos por pequenos caroços) por todo o corpo. São comuns entre seis semanas e até seis meses após o aparecimento da úlcera inicial.
Na terciária, que compromete o sistema nervoso central, cardiovascular – com inflamação da aorta –, além de lesões na pele e nos ossos. Esta última pode surgir décadas após o início da infecção e representa entre 15% a 25% das infecções não tratadas e que podem levar, até mesmo, à morte. Por fim, na latente, onde também não aparecem sinais ou sintomas, o diagnóstico é realizado por testes imunológicos. Pode aparecer até dois anos depois da infecção ou após este período (tardia). Ainda que assintomática, pode ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Segundo o médico infectologista, Jaime Rocha, diretor de Prevenção e Promoção à Saúde da Unimed Curitiba e responsável pela Unimed Laboratório, a falta de informação sobre a doença é um fatores que mais contribuem para o rápido avanço no número de casos em todo o país. “Além de não atentarem às formas de prevenção, muitos desconhecem os sintomas, o que contribui para o diagnóstico tardio”.
Rocha explica que, ao constatar algo diferente no corpo é importante buscar auxílio médico. “Seja em uma consulta emergencial ou de rotina, o especialista fará a avaliação necessária e, entendendo necessário, solicitará um exame sanguíneo chamado VDRL, que busca identificar a presença de anticorpos para combater a presença da bactéria causadora da sífilis”. Comprovando este fato, segundo ele, desde o início do ano, foram registrados 20699 pedidos deste exame na Unimed Laboratório. Do total, 32% dos resultados positivos foram constatados em mulheres e 68% em homens. A maior incidência de resultados positivos foi identificada em pessoas com idade entre 26 a 37 anos, ou seja, dentro da faixa que apresenta maior número de casos no país.
Tratamento e acompanhamento
O especialista ainda lembra que, mesmo após o tratamento – à base de penicilina –, o médico pode solicitar exames periódicos para avaliar se ainda há algum sinal de infecção. “O acompanhamento é fundamental, pois após o primeiro diagnóstico, as infecções podem se repetir, mas assintomáticas”. Se não tratada, a sífilis pode predispor à infecção por HIV ou evoluir para doenças como a meningite e AVC, além de doenças cardíacas e articulares.
No grupo de pessoas que precisam ser testadas, ou seja, submetidas ao exame, as mulheres grávidas já na primeira consulta do pré-natal, pessoas com múltiplos parceiros sexuais, com HIV ou que tenham parceiros com resultado positivo no exame de sífilis.
Prevenção
E como prevenir ainda é melhor do que remediar, Jaime Rocha lembra que é imprescindível usar camisinha em todas as relações sexuais. “Ela não protege totalmente contra a sífilis, mas reduz consideravelmente o contágio. Vale lembrar que o uso se estende ao sexo oral, pois as lesões na boca também são portas de entrada para a bactéria”, completa.
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