Sífilis congênita: uma doença que mata bebês antes e depois do nascimento

terceiro sábado de outubro é destacado anualmente como o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. Uma iniciativa importante para chamar a atenção dos brasileiros, principalmente das gestantes, dos futuros pais e das famílias. Afinal, a doença atinge um número cada vez maior de pessoas, interferindo na vida da criança no útero e após o nascimento.

De acordo com o dr. Geraldo Duarte, professor titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, a Sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum que se manifesta em diferentes estágios. A contaminação se dá pelo ato sexual, transfusão de sangue, transplante de órgãos ou transmissão vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, trabalho de parto ou amamentação), sendo esta última a mais perigosa para a criança.

Os sintomas maternos acontecem em três estágios. O primeiro, chamado de Sífilis recente, dura até um ano e suas manifestações clínicas se divide em primárias e secundárias. As primárias (primarismo sifilítico) são caracterizadas pela presença de úlceras no local de entrada da bactéria, as quais não ardem, não doem e não coçam. Já o secundarismo sifilítico compreende os sintomas pós-cicatrização das feridas iniciais, sendo marcado por lesões na pele, tais como manchas no corpo, pápulas e outras.

A segunda fase da Sífilis é chamado de Sífilis latente e começa quando os sintomas e sinais secundários da doença desaparecem, com ou sem tratamento. Aqui, a única forma de diagnóstico são os exames laboratoriais. Em um terceiro momento chama-se Sífilis tardia e surge tardiamente em que não se tratou. Pode levar de 30 a 40 anos para se manifestar, mas ocorre de forma grave e irreversível, com lesões cutâneas gomosas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas.

“As lesões que mais chamam a atenção são as localizadas nas mucosas e na pele, mas as mais graves são as neurológicas (paraplegia dos membros inferior e demência) e cardiovasculares (aneurisma da artéria aorta), que podem levar até à morte”, alerta o dr. Geraldo.

O tratamento depende de injeções intramusculares de penicilina benzatina. Contudo, a Sífilis não confere imunidade contra novas infecções, o que significa que, toda vez que o indivíduo é exposto ao Treponema pallidum, corre o risco de contaminar-se outra vez. “Não há vacina contra a doença, mas o tratamento é eficiente, se realizado com o medicamente correto, no momento e pelo período adequado”, reforça.

No caso de mulheres grávidas, a situação é ainda mais alarmante. Segundo o ginecologista, 40% das crianças cuja mãe é portadora da doença sem tratamento morrem ainda no útero. Outros 40% nascem com Sífilis congênita e apenas 20% vem à luz sem o estigma da doença. Os infectados podem desenvolver alterações ósseas, dentárias e até neurológicas (a chamada neurossífilis). Até os primeiros dois anos de vida, a Sífilis congênita tardia pode ser silenciosa, evidenciando-se após esse período e agravando-se ao longo do tempo.

Nesse contexto, o dr. Geraldo alerta: “A transmissão pelo sexo pode se dar por qualquer tipo de contato, seja genital, anal ou oral. Por isso, o ideal é ter uma conversa franca com o(a) parceiro(a) e nunca abrir mão do preservativo”. acontece@acontecenoticias.com.br

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