Ações necessárias para o desenvolvimento do setor energético estiveram em pauta na Smart Energy 2019

O evento reuniu representantes da iniciativa privada, poder público e academia em Curitiba

Com a participação de um público de mais de 600 pessoas em dois dias de evento, terminou nesta quarta-feira, 20 de novembro, a sexta edição da Smart Energy CI&Expo, no Centro de Eventos da Fiep, em Curitiba. A conferência agora passará a acontecer a cada dois anos. “Queremos ter um fôlego maior e ajudar a trazer mais parceiros que devem estar juntos nesse processo. A conferência é a ponta do iceberg dentro do projeto do Smart Energy Paraná, que busca trazer todos os parceiros para discussões científicas e de regulamentação que ajudem a acelerar o desenvolvimento do setor energético no Paraná”, anunciou o diretor-superintendente da Paraná Metrologia, Celso Kloss, um dos organizadores do evento.

Autoridades e representantes de órgãos governamentais, empresários, consultores e pesquisadores discutiram a transição energética que está ocorrendo no Paraná e Brasil, que inclui a modernização, com automação de rede e expansão de fontes alternativas, assim como uma oportunidade para geração de empregos. “Existem alguns dados estatísticos que mostram, por exemplo, que a Alemanha, com uma população de 83 milhões de habitantes tem 1,5 milhões de pessoas trabalhando somente na cadeia da energia fotovoltaica. Então, se fizermos uma conta rasteira, sem qualquer requinte científico, significaria que no Brasil poderíamos ter 4 milhões de pessoas trabalhando somente no setor de geração fotovoltaica, sem considerar todas as outras tecnologias que também podem ser desenvolvidas de forma descentralizada, como biomassa, biogás, assim por diante. Então, o pano de fundo não é apenas a inovação tecnológica, mas o reflexo que isso tem na sociedade como geração de riqueza e renda para a população”, considerou Kloss.

O impacto dessas novas formas de produção de energia faz com o que consumidor tenha cada vez mais autonomia dentro do setor, avalia o Prof. Dr. Alexandre Aoki, coordenador do Comitê Técnico-Científico do Smart Energy 2019, participando da micro e minigeração ou por meio da autogestão da energia que utiliza. Informações divulgadas no evento mostram que a expectativa é que o Mercado Livre de Energia seja aberto para pessoas físicas em dez anos – hoje, 83% das indústrias já aderiram a esse modelo, que é disponível para esse setor.

“Essa mudança no perfil do consumidor mostra que ele está deixando de ser passivo para ser ativo, principalmente com a inclusão da geração distribuída, que oferece um leque de oportunidades muito interessante. Do ponto de vista de mercado, o governo já discute novas regulamentações que permitam essa comercialização de energia numa granularidade um pouco maior, e do ponto de vista técnico-científico temos muitas oportunidades para o desenvolvimento de ciência e tecnologia, que vão tornar isso viável, e também traz uma oportunidade de capacitação dos consumidores, porque essa mudança no paradigma implica na necessidade de empoderamento do consumidor de energia”, observou.

Para Rafael Rodrigues, diretor de Indústria e Inovação do Tecpar, organizador do evento, a inovação, a ciência e a pesquisa necessárias para o setor energético já estão sendo bem desenvolvidas no Paraná e agora é fundamental um planejamento de ações. “O planejamento energético é fundamental e envolve toda a matriz energética existente no estado. É um mapa, um direcionamento de ações estabelecido por meio do planejamento do nosso governo. O foco do Smart Energy, que é um decreto de lei, é estabelecer um board (conselho administrativo) com os principais atores do setor, discutir as políticas, os impactos das políticas federais, como a Resolução 482/2012 da Aneel passando por revisão, mas o planejamento deve ser com vistas a 2050”, pondera.

Produção científica
Durante os dois dias do evento, aconteceram sessões científicas, com a apresentação de 24 artigos de instituições do Paraná e outros estados, mostrando as pesquisas que já estão sendo desenvolvidas. Será feita uma análise nos próximos dias e as mais bem avaliadas serão convidadas a enviar uma versão estendida para publicação na revista Brazilian Archives on Biology and Technology do Tecpar.

As sessões de palestras e debates apresentaram projetos já em andamento de smart grids, novas tecnologias, como o blockchain, para uma melhor gestão energética, o uso da biomassa na micro e minigeração distribuída, assim como a necessidade de maior aproveitamento do gás natural e biogás – dados apresentados mostram que poderiam ser aproveitados 52 milhões de metros cúbicos de biogás todos os anos.

A colaboração entre poder público e iniciativa privada e os diversos setores da sociedade foi considerada fundamental para promover a inovação nas smart cities. O futuro e necessidades da mobilidade elétrica também estiveram em pauta, assim como estratégias e pesquisas para ajudar no desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, com discussões sobre necessidade de melhor regulamentação, diminuição de tributos e encargos e criação de políticas públicas de incentivo.

A Smart Energy 2019 é uma iniciativa do Tecpar, organizada em parceria com a Paraná Metrologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e demais instituições que compõe o comitê gestor do projeto Smart Energy Paraná. O evento teve o patrocínio da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Fundação Araucária, ENGIE Brasil, Itaipu Binacional, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Klabin, Fomento Paraná, L8, Rumo Logística, Compagas e Sanepar, bem como apoio da Copel, WEG, Siemens, iCities, Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Lactec, Comerc Energia e Ribeiro Solar.

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