Cor da pele ainda é tabu

Empresa curitibana ROIT desenvolve campanha contra discriminação

Em 20 de Novembro é comemorado o dia da Consciência Negra, data dedicada à luta contra a desigualdade racial no Brasil.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apesar de serem 55,8% da população brasileira, os negros, que combinam pretos e pardos, representavam uma parcela maior (64,2%) dos desempregados no país em 2018. E quando empregados formalmente, recebiam em média 14,8% a menos que os brancos em postos informais.

Estes números traduzem como o negro ainda sofre preconceito e é colocado de lado no mercado de trabalho. Traduzem também parte da história de Luis Santana, que sofreu muitas dificuldades por causa de sua cor no início de sua carreira. De origem familiar humilde, ele se formou em Análise de Sistemas e fez pós-graduação em desenvolvimento web, graças a muito esforço e dedicação. Contudo, para conquistar os seus objetivos teve que ignorar algumas situações de preconceito durante a sua trajetória.

“Enquanto estudava, atuava como técnico de suporte e uma vez estava fazendo testes numa impressora fiscal. A impressora estava numa mesa conectada por um cabo num computador em outra mesa. Pelo fato de não colocar a impressora ao lado do computador, o filho do dono de um pequeno mercado disse que eu estava fazendo serviço de preto. Esse foi o que mais me marcou na época, profissionalmente”, diz Santana.

Não demorou para Santana dar a volta por cima e se formar. Hoje é desenvolvedor líder na ROIT, uma empresa de contabilidade e tecnologia em Curitiba, onde gera inovações disruptivas com Inteligência Artificial.

“Atualmente trabalho nesta empresa que, além de respeitar as diferenças, as valoriza e promove a conscientização”, diz o profissional de TI, referindo-se à recente campanha lançada pela empresa nas redes sociais que procura mostrar para as pessoas que o preconceito não pode ser admitido, e que as diferenças existem e precisam ser valorizadas no meio empresarial.

A vida de Luis e de outros funcionários serviram como inspiração para que a ROIT iniciasse uma campanha nas redes sociais em prol da diversidade, condenando fortemente as desigualdades e os preconceitos sociais.

“Na ROIT o que importa é a competência profissional de cada um, uma boa relação interpessoal, trabalho em equipe, empatia e vontade de fazer acontecer. Suas características físicas, gênero ou sua orientação sexual, por exemplo, não nos dizem respeito, e a ninguém. Mas, é preciso auxiliar na conscientização, por que nem todos aceitam o outro como ele é, e agem com preconceito”, diz Lucas Ribeiro, sócio-diretor da ROIT.

“O preconceito ainda é uma realidade na vida do negro aqui no Brasil, infelizmente. Ainda precisamos amadurecer bastante como sociedade, muitas pessoas ainda olham o negro com dó e pena, outras com desprezo e preconceito. Nenhum desses sentimentos são bons. Enquanto isso vamos lutando pra mudar esse contexto”, conclui Santana.

Outros tipos de discriminação também foram abordados pela empresa curitibana em sua campanha, como a de gênero, orientação sexual, idade, religião, deficiências e classe social. “Estamos motivados a levar um pouco de consciência e ajudar na erradicação da discriminação por diferentes razões e que ainda, infelizmente, existem  em nossa sociedade. Se cada um fizer a sua parte, principalmente as empresas institucionalmente as quais concentram muitas pessoas, conseguiremos um grande avanço nesta área”, afirma Ribeiro.

Uma pesquisa realizada pelo órgão internacional Oxfam (fev.2019), em conjunto com o instituto de pesquisas Datafolha, mostrou que aumentou a percepção dos brasileiros em relação a discriminação que sofrem mulheres e negros no mercado de trabalho. Os resultados mostram que 64% dos entrevistados concordam com a afirmação de que “mulheres ganham menos por serem mulheres”, enquanto que 52% admitem que “negros ganham menos por serem negros”, enquanto 72% acreditam que a cor da pele influencia na contratação por empresas. Os dados mais recentes dos IBGE mostram que mulheres ganham em média, 20,5% a menos do que homens, enquanto a diferença entre negros e brancos é ainda maior: de 76%.

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