O processo educativo se inicia exatamente com a raça humana, ou seja, nos primórdios do que consideramos “pensar”, transmitindo mais do que instruções simples de sobrevivência aos nossos descendentes, como o fazem todos os demais animais, que procuram adaptar-se à natureza, enquanto nós, como espécie, procuramos exatamente o contrário, adaptar a natureza aos nossos desígnios.
Muitos pensadores declaram que a vida do homem é determinada pelo modo como ele produz sua existência, ou seja, pelo seu trabalho; e desde a revolução industrial temos intensificado a criação de ferramentas para amplificar e melhorar nossa capacidade de trabalhar, diminuindo tempo necessário para realizar certas tarefas e percorrer distâncias.
Hoje, o que chamamos Inteligência Artificial, IA, tem sido considerada a ferramenta ideal para auxiliar que sejamos mais rápido e eficientes; com ela podemos expandir o alcance da experiência humana na resolução de praticamente toda a gama de problemas, sejam eles previsíveis ou inesperados.
Certamente a IA representa um imenso salto na tecnologia, uma verdadeira mudança de paradigma, e, se a chegada dos computadores pessoais, computação em nuvem e smartphones já alteraram significativamente nossa vida – e até nossos vícios! –, a notícia de que até o fim do ano teremos o lançamento de uma consulta pública envolvendo a proposta de estratégia nacional de inteligência artificial e possível alteração nas políticas públicas referentes à área, fortalecerá a formação de novas carreiras e estímulo para vencer a triste realidade de que temos no país: uma enorme dificuldade de formar pessoas que possam lidar com inteligência artificial, tanto no serviço público quanto no setor privado.
É de se esperar que as propostas de criar centros de pesquisas prosperem, já que a intenção é implantar um laboratório para pesquisas teóricas em IA, e quatro voltados para áreas elencadas na Política Nacional de Internet das Coisas: saúde, agricultura, indústria e saúde.
O conceito de ter máquinas imitando seres humanos não é tão recente. Desde o Renascimento, relojoeiros criavam bonecos, emulando pessoas ou animais, que faziam movimentos autônomos mas, evidentemente, não pensavam; foi nos anos 1930 que os primeiros artefatos eletromecânicos, com alguma capacidade de processamento, foram criados, a princípio para codificar e decodificar mensagens como a máquina alemã denominada Enigma.
Durante a Segunda Guerra, o matemático britânico Alan Turing desenvolveu as bases da Ciência da Computação, criando o conceito de algoritmo e a sua própria máquina de decodificação, a máquina de Turing, dando as bases para a criação do computador. Perguntado se “máquinas podem pensar” Turing afirmou que uma máquina é inteligente se ela é capaz de solucionar uma classe de problemas que requerem inteligência para serem solucionados por seres humanos, estabelecendo a definição teórica da Inteligência Artificial.
O processo de cognição é o principal fenômeno de mente estudado pela inteligência artificial; modelar e simular computacionalmente esse fenômeno é um grande desafio, que vem gerando inúmeras propostas de modelos e implementações.
IA dedica-se à criação de programas de computador que possam realizar tarefas como reconhecer fala, desenvolver percepção visual e até, idealmente conseguir analisar sentimentos humanos, e alguns avanços importantes já foram efetivados, como a Siri, por exemplo.
O próprio carro sem motorista, controlado por computador inclui técnicas de modelagem para a aprendizagem de máquina, aprendizagem profunda e processamento de linguagem natural, pois devem reconhecer comandos, e sua base é conseguir que computadores possam aprender com os dados partindo de uma programação mínima.
Estamos avançando e melhorar nosso sistema educacional deve fazer parte deste avanço, é indispensável para o progresso da ciência e nossa vida no planeta.
Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.
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