Em época de amores pelas redes virtuais, o filme francês “Quem você pensa que sou”, de Safy Nebbou, é imperdível. Não há outra expressão melhor. A sempre excelente Juliette Binoche interpreta uma mulher de 50 anos que cria no Facebook o perfil de uma jovem de 25 anos. E se envolve em um complexo relacionamento com um rapaz dessa idade.
As suas certezas e inseguranças vêm à tona no momento em que o primeiro encontro pessoal se torna cada vez mais próximo e desejado pelo rapaz. Professora de literatura, consegue manipular bem as palavras e o discurso verbal, assim como a sexualidade ao se masturbar guiada pelas palavras do amado. Mas quando o virtual se tornar real?
O filme consegue tratar das questões envolvendo o que é falso e verdadeiro nos relacionamentos sob uma perspectiva direta. A protagonista busca apoio psiquiátrico e psicoterapêutico para lidar com suas contradições, mas as reviravoltas do roteiro apontam que, mesmo essa busca, pode ser vã quando sempre se procura manipular o outro.
A atualidade da temática torna a obra uma excelente maneira de pensar como os relacionamentos virtuais podem se se tornar reais – e como tudo pode mudar quando os elos virtuais são baseados em falsas evidências. E quando as ilusões criadas ganham status de verdade? Veja o filme para ter uma indagadora visão de uma situação que não é tão incomum assim.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.