Pesquisa revela que homens demoram em média seis meses para procurarem um médico após os primeiros sintomas de câncer de próstata

Historicamente, homens evitam fazer exames de rotina e, muitas vezes, mesmo após perceberem sinais de que há algo de errado com a saúde, preferem adiar a ida ao médico. Quando o assunto é câncer de próstata, a situação se agrava.

Pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, a pedido da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, mostra que 51% dos participantes com a doença em fase metastática descobriram o câncer de próstata em estágio avançado, e 67% conheciam pouco ou não conheciam a doença antes do diagnóstico.

O levantamento, realizado com o intuito de entender como os pacientes lidam com a doença e quais os impactos do câncer em diversos aspectos de suas vidas, revelou ainda que um em cada três homens nunca procurou um médico como medida preventiva, apenas recorrendo a um especialista após apresentar algum sintoma da doença. Mesmo assim, os participantes da pesquisa demoraram, em média, seis meses para buscar atendimento após o surgimento de sintomas como fluxo urinário fraco ou interrompido, vontade de urinar frequentemente à noite e dores (no quadril, coxas e ombro predominantemente).

“Apesar da preocupação do homem com o diagnóstico do câncer de próstata, muitos acabam não fazendo acompanhamento médico ou exames por medo da descoberta da doença, além do preconceito relacionado ao exame de toque”, explica o Dr. Diogo Bastos, oncologista do Hospital Sírio-Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

A pesquisa apontou também que as primeiras reações ao receberem o diagnóstico do câncer de próstata foram medo, tristeza e preocupação. Para o grupo de pacientes em fase metastática – quando a doença se espalha para outras partes do corpo –  alguns sentimentos negativos apareceram de maneira ainda mais acentuada, com o dobro de homens deste grupo afirmando que sentiram medo e/ou desespero no momento do diagnóstico em comparação aos pacientes de fases menos graves. Entretanto, ao longo do tratamento, esses sentimentos vão ficando menos intensos e abrem espaço para esperança, tranquilidade e alívio.

“Os homens têm medo da doença em si e dos possíveis efeitos colaterais dos tratamentos como, por exemplo, a disfunção erétil”, completa Dr. Diogo. Segundo o médico, a maioria das pessoas acredita que todo homem que é submetido a um tratamento para câncer de próstata terá uma disfunção erétil, o que não é verdade. “Existem muitos tratamentos seguros atualmente e que não evoluem para esse problema. Em geral, esse é um câncer altamente curável, mas quanto mais cedo detectar, maior é a chance de cura”, conclui o oncologista.

Perfil dos participantes da pesquisa

Durante o levantamento, foram entrevistados 200 homens acima dos 40 anos, diagnosticados com câncer de próstata há mais de dois anos, divididos em grupos de pacientes metastáticos e não metastáticos, em 13 capitais (Belém, Manaus, Recife, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Brasília e Goiânia).

Os pacientes ouvidos tinham, em média, 64 anos de idade e conviviam com o câncer de próstata há cerca de 5 anos. Metade deles era aposentado (52%), enquanto 37% continuavam trabalhando e 12% estavam desempregados. Destaca-se que o grupo de pacientes metastáticos apresentou uma taxa 33% maior de desemprego em comparação àqueles com a doença em fases mais iniciais.

A pesquisa foi realizada no período de 27 de novembro de 2018 a 20 de fevereiro de 2019, por meio de questionário aplicado presencialmente ou por telefone. A amostra divide-se em 30% de pacientes metastáticos e 70% de não metastáticos. A margem de erro considerada foi de 7 pontos percentuais.

Tratamento

O intervalo médio identificado entre os primeiros sinais da doença, o diagnóstico e o começo do tratamento foi de 15 meses. De acordo com a pesquisa, 71% dos pacientes sem metástase fizeram cirurgia e radioterapia. No grupo metastático, 39% disseram ter feito cirurgia, radioterapia e estar em tratamento medicamentoso.

“De cada 10 pacientes com doença localizada apenas na próstata (ou seja, câncer não-metastático), de oito a nove serão curados” explica o Dr. Fernando Maluf, oncologista clínico e diretor médico do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e Diretor do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.

Um novo medicamento, já disponível no Brasil, demonstrou adiar o surgimento de metástase do câncer de próstata, oferecendo mais qualidade de vida ao paciente. Estudos mostram que a apalutamida, da Janssen, diminuiu em 72% o risco de progressão para metástase ou de morte e proporcionou 40,5 meses de sobrevida livre de metástase (mediana), o que representa um ganho de dois anos quando comparado ao placebo (mediana de 16,2 meses)[1]. Os principais eventos adversos de apalutamida, presentes em um pequeno número de pacientes e sem impacto negativo na qualidade de vida,  foram fadiga, hipertensão e rash cutâneo1.

A apalutamida é um remédio que bloqueia o mecanismo pelo qual o câncer de próstata cresce, evitando que o hormônio masculino alimente as células tumorais. “Este novo medicamento se mostrou capaz de reduzir o risco de morte e de metástases nos ossos, o que significa evitar dores, fraturas e compressão de estruturas nervosas, proporcionando ganho relevante na qualidade de vida para o paciente”, comenta o Dr. Maluf. priscilla.oliveira@littlegeorge.com.br

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