2020 será um ano mais positivo do que 2019

Foto: Divulgação.

Mesmo com uma recuperação lenta da economia o Brasil terá um crescimento maior no ano que vem. A retomada do PIB, com a contribuição da construção civil, deve melhorar também o nível de emprego. Análise é dos economistas participantes do debate sobre as perspectivas para 2020 no CoreconPR.

 

 

Mesmo sabendo que os aspectos do processo de alta e baixa no desempenho da economia vivido pelo Brasil nas últimas 4 décadas não irão se dissipar completamente até 2024, a aposta dos economistas é que 2020 será um ano mais positivo do que 2019. A retomada do PIB colaborado pelo recuperação da construção civil trarão uma melhora no consumo, girando mais a economia, reduzindo um pouco o desemprego e favorecendo o crescimento do país. Entretanto, sem as devidas reformas tributárias, financeiras, fiscais e estruturais, o Brasil não conseguirá um desenvolvimento constante e sustentado. Estes e outros aspectos da economia nacional foram debatidos na noite de segunda-feira (09), durante o evento “Perspectivas da Economia para 2020”. O debate é promovido anualmente pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR), desde 2010, fazendo sempre uma análise econômica do ano que se encerra e das probabilidades para os próximos 12 meses.

 

Segundo o economista e doutor em Desenvolvimento Econômico, Lucas Lautert Dezordicom a retomada do Produto Interno Bruto (PIB) virá também uma melhora do consumo. “Teremos, por exemplo, uma Páscoa melhor do que a de 2019. Vamos observar um aumento no consumo das famílias, tendo como principais itens os eletrodomésticos e alimentação. Haverá uma boa retomada da Construção Civil, com novos projetos comerciais e residenciais, o que melhora um pouco o nível de emprego. De qualquer maneira corremos o risco de terminar 2020 com o desemprego na casa dos dois dígitos, atingindo 10% ou 11% da população econômica ativa. O que é uma situação bastante preocupante e delicada. Mesmo assim, tudo indica que o ano de 2020 será melhor do que 2019.”

 

Lucas Dezordi explica que apesar do destaque ser a construção civil, haverá também uma retomada gradual da atividade produtiva no comércio varejista, carnes e derivados e logística. O desempenho do PIB, que será puxado pelo consumo e investimento das famílias, deve fechar com um crescimento de 2,4% em 2020. Neste ano, deve encerrar um pouco acima de 1%. De acordo com o economista é imprescindível ter foco no crescimento sustentável. “No campo político-econômico teremos que debater como será o modelo de concessão, de privatização, e o modelo de atração de investidores externos, com a Reforma Tributária. Esses serão alguns dos grandes pilares para o futuro do Brasil, do ponto de vista do debate político institucional.”

Segundo Dezordi, o país vive uma lenta recuperação, mas está saindo do processo de estagnação. Entretanto, os elementos da recessão, especialmente no que diz respeito ao desemprego alto, persistem, e devem se dissipar totalmente só a partir de 2024.

 

Também para o economista Gilmar Mendes Lourenço, outro palestrante do debate, a economia brasileira deve prosseguir num estágio de recuperação discreta. “A recessão efetivamente ficou para trás só que o crescimento ainda assim será modesto. Isso porque ele esbarra numa possível desaceleração da economia internacional, em função da guerra comercial entre China e Estados Unidos, e em algumas restrições de natureza doméstica, principalmente no fato de não haver uma vontade mais expressiva por parte da equipe da gestão Bolsonaro em encaminhar um conjunto mais consistente de reformas institucionais ao Congresso Nacional. A Reforma da Previdência foi importante, mas é muito pouco para retirar o estado brasileiro dessa situação de penúria financeira e induzir principalmente o setor privado a reerguer o nível de investimentos e a geração de emprego”, comenta.

 

Segundo ele, há duas providências cruciais para que o país retome de uma forma sustentada o crescimento. A primeira é a Reforma Tributária, na direção da simplificação da cobrança de tributos e da diminuição da incidência indireta, que transforma a população de baixa renda, os mais pobres, nos maiores pagadores de impostos do país. A segunda seria melhorar as condições de disponibilidade de crédito barateando o seu custo para o tomador final. “Apesar da taxa Selic ter caído significativamente em 2019, atingindo um piso histórico [ 5% ], os juros pagos por consumidores e empresas ainda são proibitivos para a continuidade do giro dos seus negócios e das suas ações de compra”. A título de exemplo, ele citou o cheque especial e o cartão de crédito rotativo, que cobram taxas superiores a 300% ao ano.

 

De acordo com Gilmar Mendes, é preciso uma reforma financeira que amplie a competição entre os bancos, e que retire essa característica, considerada por ele, de praticamente oligopólio das instituições financeiras do país, onde quase 90% dos recursos estão nas mãos de 5 instituições. “Nos Estados Unidos, por exemplo, os 5 maiores bancos controlam apenas 40% do crédito disponibilizado para a economia. Ele também acredita que “a redução dos investimentos das grandes empresas estrangeiras no Brasil se deve principalmente ao ambiente de instabilidade política que predomina por aqui desde o arranjo eleitoral do ano passado.”

 

Já para o economista Carlos Magno Bittencourt, presidente do CoreconPR, neste momento o Brasil começa a ter uma linha mais conhecida sobre o que está sendo preparado e semeado, diferente do que vinha ocorrendo desde 1985.  Para ele, o atual Governo conseguiu, agora, mesmo com as suas intempéries, formar um ministério mais técnico. “As reformas que foram feitas pelo Governo Bolsonaro, mesmo que de uma certa maneira ele tenha ignorado o Parlamento, começam a contribuir para o crescimento e desenvolvimento do país. Tivemos uma taxa de juros nunca vista na história, o que se reflete numa menor asfixia para as famílias e empresas, vislumbramos um crescimento de até 3% do PIB, e está prevista uma entrada de 80 bilhões de dólares na economia em 2020, em função dos investimentos de empresas multinacionais. Isso vai gerar emprego, renda e riqueza”, finaliza.

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