70 anos de Fraternidade Ecumênica

Paiva Netto

Ao raiar de 2020, a fraterníssima Legião da Boa Vontade completa 70 anos de profícua existência. Sete décadas ao lado do povo, ajudando-o a suplantar as mais árduas pelejas da vida. Nascida na cidade do Rio de Janeiro, no dia da Confraternização Universal, em 1o de janeiro de 1950, pela genialidade do saudoso jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), a LBV tem como logomarca um coração azul, entrelaçado por 34 elos – referência ao número do versículo do capítulo 13 do Evangelho de Jesus, segundo João: “Amai-vos como Eu vos amei”. Nela ainda se lê o Cântico dos Anjos aos pastores no campo, quando do nascimento do Cristo Ecumênico, o Divino Estadista: “Paz na Terra aos homens de Boa Vontade”. É o símbolo maior de sua atuação solidária e ecumênica, quer dizer, universal.

A comemoração dessa data dá-se graças ao apoio popular. Vem dele a força motriz que levou a Instituição, no Natal de 2019, a cumprir o desafio, lançado por ela mesma, de distribuir, em todo o Brasil, a mais de 40 mil famílias de baixa renda, cestas de alimentos. Isso sem contar os seus programas socioeducacionais, pautados pela Pedagogia do Afeto (direcionada para crianças de até 10 anos) e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico que asseguram diariamente um padrão de qualidade nas ações voltadas aos adolescentes, jovens, adultos e idosos atendidos em nossas unidades espalhadas pelo território nacional.

 

ELO ACHADO

Numa página que escrevi – publicada na antiga Revista LBV no 170, de junho de 1999, e que incluí em meu livro Tesouros da Alma, fica expresso esse sentimento que inspira e faz crescer a Legião da Boa Vontade. O texto surgiu de um improviso que fiz na Super Rede Boa Vontade de Rádio: O Amor é o elo achado:

O Amor é a suprema definição da Divindade. É o elo perdido que a criatura busca na imensidão do estudo científico, que, para mais rapidamente progredir no âmbito social, tem de irmanar-se à Fé sem fanatismos, a fim de encontrar esse elo. Há tanto tempo considero que a Ciência (cérebro, mente), iluminada pelo Amor (Religião, coração fraterno), eleva o ser humano à conquista da Verdade!

E o que é mais o Amor?

O Amor é o grande campeão das mais difíceis batalhas. Supera todos os sofrimentos. É Deus. Logo, intensifica sua atitude confortadora quando o desassistido ou o ser amado precisa de socorro.

O Amor não pede para si mesmo.

O Amor oferece o auxílio que o desamparado suplica.

O Amor, com discrição, atende até ao apelo não abertamente expresso.

O Amor não deserta, pois ajuda sempre. Nunca traz destruição. Propicia a Paz.

O Amor não adoece. Ele se renova para recuperar o enfermo do corpo e/ou da Alma. Não promove a fome. Pelo contrário,  fornece o alimento.

O Amor instrui e liberta, porquanto reeduca e espiritualiza.

O Amor não constrange, porque confia. Por esse motivo, poetizou Rabindranath Tagore (1861-1941), famoso bardo e filósofo hindu, amigo de Gandhi (1869-1948): “Ó Deus! O Teu Amor liberta, enquanto o amor humano aprisiona”.

O Amor é tudo: o enlevo da existência, pois afasta o temor.

O Amor, quando verdadeiramente é ele mesmo, sempre triunfa, visto que não coage nunca. Enfim, o Amor governa, porque é Deus, mas igualmente Justiça.

O Amor é o Elo Achado.

Bem a propósito, em outro conceito, no tocante ao Amor de Deus e à Sua Justiça, escrevi: No Tribunal Celeste vigora o Amor, todavia não existe impunidade. É sempre necessário enfatizar que em consonância ao Amor de Deus permanece também a Justiça Celeste. A suprema redenção exige da criatura reabilitada pelo Amor Divino a devida correspondência em atitudes. De outra forma, seria a glorificação da impunidade.

 

NATAL, ANO-NOVO E A MENSAGEM DE PAZ

Em As Profecias sem Mistério (1998), defino o Natal como a expansão da Fraternidade, e o Ano-Novo, a renovação da Esperança, cujo resultado depende de nós, criadores da riqueza ou mantenedores da pobreza, individual e coletiva, material e espiritual. A cada 25 de dezembro e 1o de janeiro, precisamos crescentemente destacar os ensinamentos do Divino Mestre acima das tradições humanas, mesmo as mais belas, pois estas não podem substituir o exemplo Daquele que, há quase dois mil anos [estávamos em 1998], entregou Sua vida em prol de nossa existência moral. Somos ainda civilização cristã bem distante da ética do Evangelho e do Apocalipse, senão como justificar tamanhas atrocidades que se repetem e se multiplicam no mundo?!

Nosso melhor desejo natalino e de feliz Ano-Novo a todos é que possam encontrar, sempre mais, o conforto, a sabedoria e a libertação que as lições do Divino Educador nos proporcionam para a Eternidade: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos” (Evangelho segundo João, 13:34 e 35).

 

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com

 

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