O álcool é a substância psicotrópica mais utilizada pelos adolescentes no país, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 3 milhões de mortes por ano em todo o mundo estão associadas ao alcoolismo.
O consumo de álcool é prejudicial à saúde e contribui para o aparecimento de doenças e outras complicações. Na adolescência, ele ainda prejudica o desenvolvimento, pois causa danos ao cérebro que são irreversíveis e podem ser repercutidos durante toda a vida.
Neste artigo, a dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do Hospital Santa Mônica explica o que é a prática do binge drinking que, em tradução livre, significa beber excessivamente, e quais são as consequências que ela pode trazer para o paciente a curto e longo prazo. Acompanhe!
O que é binge drinking?
Em inglês, a palavra binge está coloquialmente associada à definição de algo que é feito em excesso. Sendo assim, binge drinking pode ser definido como o ato de beber uma grande quantidade de álcool de uma só vez.
Esse padrão se caracteriza pelo consumo de, pelo menos, quatro doses em uma única ocasião para as mulheres e de cinco doses para os homens, o que leva a uma concentração de etanol no sangue de 0,08% ou mais.
Quais são os perigos do binge drinking?
O consumo de álcool em excesso causa reações imediatas ao corpo, que são de fácil reversão — tontura, enjoo, falhas na memória e na coordenação motora. No entanto, apesar de reversíveis, essas consequências podem levar o usuário a tomar decisões impulsivas, ter menos controle emocional e se envolver em acidentes.
A longo prazo, o binge drinking pode acabar afetando todos os órgãos do corpo e provocar grandes prejuízos, como lesões cerebrais, doenças no fígado e aumento no risco de câncer.
Explicaremos a seguir quais são as consequências imediatas dessa prática e também quais são os impactos negativos decorrentes do uso prolongado e frequente de bebidas alcoólicas.
Riscos de curto prazo
O abuso de álcool aumenta consideravelmente as decisões impulsivas, propiciando os riscos de acidentes e agressões e, além de colocar em risco a pessoa intoxicada, também acaba sendo prejudicial à coletividade. Segundo estudos, o binge drinking também está associado a ocorrências de abuso sexual, sexo desprotegido, overdose, quedas e até tentativas de suicídio.
O álcool também diminui a produção do hormônio que regula a perda de água do organismo. É por isso que, quando uma pessoa bebe, vai tantas vezes ao banheiro. Além disso, ele também atrapalha a absorção de água pelo corpo e estimula a produção de suor. A consequência de todos esses fatores é a desidratação e a perda de sais minerais e vitaminas.
O consumo de álcool ainda eleva a pressão arterial. Segundo o Ministério da Saúde, entre cinco e dez por cento dos homens que sofrem de hipertensão têm esse problema como consequência do abuso de bebidas alcoólicas. Tudo isso pode causar infartos, AVC e até a morte.
O último risco a curto prazo desta lista é a miocardiopatia alcoólica, que é o dano causado às células cardíacas quando há o consumo em excesso de álcool. As bebidas também enrijecem as artérias que distribuem o sangue pelo organismo. Além da possibilidade de infarto, esse quadro também pode causar morte súbita.
Riscos de longo prazo
O abuso de álcool pode causar doenças ao fígado. As lesões hepáticas, como são chamadas, podem ser de três tipos: acúmulo de gordura, inflamação e o aparecimento de cicatrizes, chamado de cirrose. Isso acontece porque esse órgão que metaboliza as substâncias tóxicas que o álcool produz no corpo humano.
Os sintomas das doenças hepáticas são desnutrição, pele e olhos amarelados, aumento da circunferência abdominal, náusea e vômitos.
O alcoolismo também é um fator de risco para diversos tipos de câncer, como de boca, esôfago, fígado, intestino e mama. Quanto mais exposição à bebida a pessoa tem, maiores as chances de desenvolver a doença.
Isso acontece porque, quando o organismo metaboliza o álcool, são geradas substâncias reativas que podem atacar o DNA, proteínas e lipídios do corpo. Além disso, ele prejudica a capacidade de absorção de nutrientes que estão associados ao risco de câncer e aumenta os níveis de estrogênio, hormônio que está associado ao risco de câncer de mama.
Quando procurar ajuda?
Quando o consumo de bebidas alcoólicas começa a prejudicar a vida do usuário ou quando ele não consegue parar de beber, então é hora de procurar ajuda profissional. O tratamento para alcoolismo precisa ser feito com muita seriedade e inclui o uso de medicamentos e terapias.
Assim que surgirem os primeiros sintomas da dependência, um médico especialista deve ser procurado. Veja quais são os principais sinais do alcoolismo:
- beber fora de situações sociais ou sozinho;
- agressividade;
- dificuldade para parar de beber mesmo depois de embriagado;
- tentar esconder evidências do consumo de álcool;
- perda de memória;
- tremores;
- insônia;
- falta de apetite.
A médica clínica geral do HSM, Luciana Bari reforça, que “é importante que as famílias estejam atentas aos sinais. Principalmente no caso de adolescentes, porque alguns comportamentos geralmente aparecem antes da entrada do álcool e outras drogas na vida destas pessoas. Como, tristeza, isolamento, baixa autoestima/depreciação da autoimagem, muito sono, pouco apetite ou vice-versa , dificuldade na escola, de se inserir num grupo de outros adolescentes, etc.”
“Esses sinais geralmente estão juntos, como comorbidade, e às vezes chega muito antes do primeiro porre ou da primeira cheirada”, salienta a médica.
Ao identificar esses sintomas, é muito importante procurar auxílio médico para que seja feito o diagnóstico correto e se inicie o tratamento. Além da desintoxicação, o processo também evita o aparecimento de doenças causadas pelo abuso do álcool.
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