Cirurgia convencional, termoablação ou espuma densa? Entenda como funcionam os procedimentos mais comuns para tratar varizes que surgem na veia safena.
Temidas por muitos, as varizes são veias superficiais dilatadas e tortuosas que provocam alterações no relevo na pele, tornando-se visíveis. Dessa forma, as varizes, inicialmente, são problemas mais estéticos do que realmente prejudiciais à circulação. “Porém, as varizes podem causar danos à circulação quando atingem veias mais internas e calibrosas, como a veia safena, que é considerada a principal veia do sistema venoso superficial. Logo, quando as varizes surgem nesse tipo de veia seu tratamento é fundamental e indispensável para evitar complicações”, explica a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Hoje são muitos os procedimentos disponíveis para o tratamento da veia safena, sendo que cada um deles é indicado após avaliação atenta do médico do quadro de saúde e condições do paciente.
No Brasil, um dos procedimentos mais comuns realizados para tratar o problema é a safenectomia convencional, cirurgia onde um pequeno aparelho chamado fleboextrator é inserido por meio de incisões na virilha e na altura do joelho ou tornozelo, sendo guiado pela perna até alcançar a veia safena. Em seguida, esse aparelho é removido juntamente com a veia. “A cirurgia já é um método consagrado no tratamento da veia safena, pois proporciona bons resultados e possui baixa taxa de complicação. O problema é que o procedimento, por ser um tanto agressivo, possui uma recuperação mais difícil, podendo causar cicatrizes e uma maior quantidade de hematomas e, consequentemente, manchas pós-procedimento”, destaca a médica. O procedimento hoje não é considerado a melhor opção de tratamento para o problema, sendo ainda muito realizado por ter cobertura da grande maioria dos convênios.
Geralmente, os métodos mais indicados para o tratamento da veia safena são aqueles que funcionam através da tecnologia de termoablação. “Sem a necessidade de cortes e podendo ser realizado sob anestesia localem alguns casos, nesse tipo de procedimento realiza-se um pequeno furo na perna por onde é inserida uma fibra que é guiada por ultrassom até alcançar a virilha. Em seguida, essa fibra é conectada a um equipamento de laser ou radiofrequência que gera calor para cauterizar a veia, sendo em seguida reabsorvida pelo organismo”, afirma a angiologista. Por ser menos agressivo que a cirurgia convencional, o método de termoablação possui recuperação mais tranquila e com menor taxa de complicações. O único problema é que a maioria dos convênios ainda não prevê cobertura para esse tipo de procedimento.
Outra opção para o tratamento da veia safena é a aplicação de espuma densa. Nesse método, de acordo com a Dra. Aline, uma mistura de ar ambiente com polidocanol é inserida na veia através de seringas. Conforme a espuma entra em contato com a parede do vaso, a substância cria um processo inflamatório intenso que forçará a cicatrização da veia, tornando-a um cordão fibroso desconectado da circulação. O tratamento ainda pode ser associado à termoablação ou cirurgia convencional para potencialização dos resultados. “Apesar de possuir uma recuperação tranquila e um custo consideravelmente baixo, o procedimento é mais propenso à formação de manchas e também tem altas taxas de recanalização, ou seja, a veia pode reabrir com o tempo, necessitando de um novo tratamento. Mas a aplicação de espuma densa ainda é uma boa opção por ser um método menos invasivo e que não necessita de internação hospitalar, sendo assim indicado para pacientes com doenças avançadas ou que possuem uma grande quantidade de veias tortuosas na perna que dificultam a navegação dos outros métodos”, completa a médica.
Além desses métodos comumente utilizados no Brasil, o avanço das pesquisas nas áreas de angiologia e cirurgia vascular levou ao surgimento de novidades no tratamento da veia safena. “Fora do país atualmente é utilizado um sistema não-térmico que fecha a veia por meio de um adesivo patenteado que é injetado em seu interior. Até o momento o procedimento demonstrou resultados excelentes e é uma das promessas para o futuro da cirurgia de varizes, principalmente por eliminar o risco de lesão do nervo associado a certos procedimentos térmicos. Porém, o procedimento ainda precisa evoluir com mais estudos sendo realizados para avaliar sua eficácia e complicações antes de chegar ao Brasil”, diz a especialista. Por fim, a Dra. Aline Lamaita ressalta que ao perceber o surgimento de varizes nas pernas o mais importante é que você consulte um cirurgião vascular, já que apenas ele poderá escolher o tratamento ideal para você levando em consideração fatores como o calibre e a localização da veia e o tom de pele e o quadro de saúde do paciente.
FONTE: Cirurgiã vascular e angiologista, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a médica participa, na Universidade de Harvard, de cursos de pós-graduação que ensinam ferramentas para estimular mudanças no estilo de vida nos pacientes em prol da melhora da longevidade e qualidade de vida. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. http://www.alinelamaita.com.
paula.amoroso@holdingcomunicacoes.com.br