De acordo com estudo realizado por pesquisadores da universidade McMaster e publicado em janeiro no The American Journal, a ingestão de um ovo por dia não aumenta o risco de doença cardiovascular ou diabetes.
Afinal, o ovo faz bem ou mal à saúde? Este é um alimento que gera bastante controvérsia; você já deve ter ouvido (ou lido em algum lugar) alguma opinião de especialista dizendo para ter cuidado com a ingestão excessiva de ovos, assim como, provavelmente, já escutou o contrário. “De fato, o ovo possui propriedades muito benéficas, pois é uma ótima fonte de proteína de alta qualidade, minerais e possui vitaminas A, D e B12. No entanto, devido ao alto índice de gordura, alguns estudos já apontaram que o alimento pode estar relacionado ao aumento de colesterol no sangue, o que levaria a problemas cardíacos”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Acontece que, de acordo com um novo estudo, publicado em janeiro e conduzido na Universidade McMaster, a ingestão moderada de ovos – aproximadamente um por dia -, não aumenta o risco de doença cardiovascular ou de diabetes, nem mesmo para pessoas que já possuem histórico dessas doenças.
A pesquisa utilizou dados de três outros estudos anteriores de longo prazo. Assim, os pesquisadores avaliaram cerca de 177 mil pessoas, distribuídas em 50 países dos seis continentes, e constatou que a ingestão moderada de ovos não aumenta o risco de doenças cardiovasculares (DVC) ou mortalidade entre aqueles com ou sem histórico de DCV ou diabetes. Além disso, não foi encontrada associação significativa entre a ingestão de ovos e colesterol na dieta e lipídios no sangue. “Um fator muito interessante desse estudo é o fato de ter incluído informações do sul da Ásia, África, Oriente Médio e América do Sul, pois, geralmente, os estudos se concentram na América do Norte, Europa, China e Japão – países de alta renda. É importantíssimo, para uma investigação efetiva, que os estudos contemplem uma variedade maior de contextos culturais e socioeconômicos”, afirma.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores revisaram todos os dados dos três estudos anteriores e observaram diversas discordâncias entre as pesquisas, o que evidencia a possibilidade de que os efeitos dos ovos à saúde possam depender, também, da dieta de fundo. Dessa forma, os ovos forneceriam efeitos diferentes, dependendo da qualidade da proteína na dieta. Como exemplo: em regiões do mundo que consomem dietas ricas em carboidratos, principalmente carboidratos refinados, é menor a probabilidade de os ovos serem os alimentos prejudiciais e causadores de doenças cardiovasculares. Por isso, segundo a nutróloga, é ideal manter sempre a alimentação equilibrada e sob acompanhamento profissional.
Segundo a Dra. Marcella, apesar de não haver consenso sobre a questão, é possível consumir o alimento de modo a minimizar os possíveis riscos: “O ideal é cozinhar o ovo da forma mais natural possível, com água, por exemplo, evitando fritá-lo com gorduras processadas como óleo ou margarina. Como não há consenso, o ideal é que, principalmente pessoas com diabetes e problemas cardiovasculares, consumam o alimento sob acompanhamento nutrológico e, além disso, tenham uma dieta balanceada e saudável elaborada pelo especialista”, destaca.
FONTE: DRA. MARCELLA GARCEZ, Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
guilherme.zanette@holdingcomunicacoes.com.br