A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) está montando um novo Comitê para que seus 12 mil médicos associados possam ser mobilizados e ajudem a atender a catástrofes climáticas ou a acidentes de grandes proporções que ocorram em qualquer estado brasileiro.
Ortopedistas que já trabalharam em emergências como no Haiti, que integram as Forças Armadas, do Hospital da Força Aérea, no Galeão ou Cláudio Feitosa, do Hospital Central do Exército, que ajudaram o Corpo de Bombeiros ou a Defesa Civil em situações emergenciais estão sendo consultados pelo coordenador do projeto, André Pedrinelli, cuja experiência inclui a montagem de esquemas de atendimento de emergências na Copa do Mundo.
Pedrinelli explica que “numa catástrofe ambiental como deslizamentos, desabamentos e inundações ou em grandes desastres de trens ou queda de aviões muitas das ocorrências são traumatismos graves e fraturas múltiplas”, que exigem não só o concurso dos ortopedistas, como também o importantíssimo trabalho dos emergencistas. “Nosso objetivo é que um ortopedista que se apresente como voluntário numa emergência, saiba a quem se dirigir e qual a função que exercerá, dentro do plano de manejo de cada tipo de emergência”.
Acontece, porém, que nem todos municípios brasileiros contam com Defesa Civil organizada, caso de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, por exemplo. Assim, a Diretora de Regionais, Maria Izabel Pozzi Guerra já está consultando as Regionais da SBOT para o levantamento dos protocolos operacionais de cada região e identificação de como os ortopedistas poderão ajudar, visto que a maior parte da coordenação destes eventos é local. Ela lembra que só no caso recente das inundações em Belo Horizonte, 56 ortopedistas trabalharam num único hospital, para atender os pacientes.
O objetivo principal desta iniciativa é permitir que a SBOT possa, treinando ortopedistas a como proceder e como entender os protocolos do atendimento de emergências e catástrofes, auxiliar os órgãos responsáveis nestes atendimentos, além de oferecer a possibilidade de ortopedistas habilitados participarem voluntariamente no manejo destas situações.
Triagem com cores diversas
O presidente da SBOT, Glaydson Godinho, que é de Minas e vivenciou a recente emergência, explica que como os recursos de atendimento são limitados e há emergências que podem levar até mais de cem pacientes a um único hospital. As normas de emergência médica recomendam uma triagem (sistema que permite classificar as vítimas). O método mais comum é usar cores (que denotam a gravidade de cada caso) vermelha, laranja, amarela e verde. “Por mais difícil que seja, é preciso separar os sobreviventes em categorias”, diz ele, os casos gravíssimos que exigem atendimento imediato com risco de morte, ferimento arterial, por exemplo, são colocados na área vermelha.