Coronavírus: consultas e exames ginecológicos de rotina devem ser adiados, exceto em casos graves

Recomendação é para evitar picos de infecção viral na população. Exames de rotina podem ser adiados, a fim de manter a população em casa. Casos de urgência e emergência, como infecções graves, devem ser mantidos

Acompanhando a pandemia e o crescimento do contágio na população pelo Novo Coronavírus, as autoridades do mundo inteiro têm orientado o isolamento social e, em alguns casos, até a obrigatoriedade da quarentena. No entanto, muitas dúvidas surgem com relação aos exames de rotina, já marcados previamente. Eles devem ser feitos nesse momento? “Durante a fase de pandemia, nós temos picos de infecção viral na população. Chegamos em um momento em que vai ter uma grande crescente logarítmica de infectados. A gente solicita que a população não faça exames de rotina nessa fase de pico de infecção viral. Nas primeiras semanas de orientação de isolamento social seria interessante que a população não saísse de casa e não se expusesse ao maior índice de infecção”, afirma a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “Porém, vale ressaltar, que em casos de emergência e urgência, como alguma infecção grave, nesse caso sim devem ser feitos os exames ginecológicos”, acrescenta a médica.

De acordo com a médica, em casos de rotina e que podem aguardar, seria ideal que o paciente não procurasse atendimento sem uma indicação clara e necessidade absoluta de tratamento e acompanhamento de seu ginecologista. “Não existe um risco de contágio ao fazer o exame ginecológico caso a paciente tome os cuidados necessários, que seriam: de se proteger, de limpar as mãos, sempre usar o álcool em gel. Geralmente as clínicas já têm esse preparo e esse cuidado especial, pois os profissionais de saúde são atentos. Porém por se tratar de um lugar que tem mais aglomeração de pacientes, por menor que seja nessa fase, ainda há um contato maior com pessoas, então por isso a recomendação de adiar os exames. Nos casos em que sejam realmente necessários, enfatizamos que existe a necessidade de observação criteriosa da higiene das mãos”, diz a ginecologista.

O exame ginecológico por si só não aumenta o índice de infecção, porque o profissional de saúde é treinado e habilitado e vai reconhecer os sinais de gravidade quando o paciente chega. “Então se o paciente estiver com tosse ou com quadro gripal de resfriado, na recepção mesmo ele receberá máscaras, álcool gel e orientação de estar mais isolado do restante da espera do consultório. Algumas clínicas oferecem luvas e esse paciente vai ter um tratamento mais contundente com relação à profilaxia do vírus, mesmo não se sabendo se ele é mesmo portador, os cuidados devem ser mais intensivos com pacientes com sintoma gripal”, diz a médica.

As clínicas, quando se trata de um ambiente que tem um profissional de saúde responsável, já contam com um cuidado bem específico da higienização de materiais que passarão ou não nos ambientes comuns (balcão da recepção e na mesa do médico por exemplo). “Os locais comuns sempre são limpos com água, hipoclorito de sódio, álcool e isso diminui a infecção. Mas por mais que isso seja feito nas clínicas, existe sim uma maior oportunidade de contágio, porque quando há um ambiente com mais gente circulante, aumenta essa chance de contaminação cruzada entre os pacientes. Às vezes o paciente vem da rua, de ônibus, se contaminou e ele contamina uma porta, alguma região”, diz a médica. “Mas as clínicas de uma forma geral têm um cuidado superior porque o profissional de saúde é habilitado o suficiente para que tome todos os cuidados de limpeza. Os materiais são estéreis. Então não existe a contaminação do material em si, mas sim do ambiente por se tratar de uma grande aglomeração de pessoas”, acrescenta.

Por isso, a recomendação também para o paciente é de sempre fazer a higienização. “Antes de tudo é lavar a mão com água e sabão, que é uma medida simples e a mais eficaz de todas. Se ele estiver tossindo, ir prevenido com uma máscara. Se ele tiver algum quadro de resfriado, febre, coriza, nariz escorrendo, se proteger com máscara para que evite de transmitir qualquer secreção que possa estar contaminada, desde H1N1, Influenza ou algum tipo de vírus simples e também o Corona. Então são cuidados básicos de higiene. E ter a ideia de que, quando chegamos em casa, precisamos também: tirar sapato, trocar de roupa, porque se usamos o meio de transporte comum, existe uma chance de contaminação dentro da nossa casa”, acrescenta.

Apesar de ser necessário adiar os exames de rotina, não é momento para abandoná-los. “A gente pede que nesse primeiro momento, essa paciente se isole um pouco mais e procure um serviço de saúde e clinicas se realmente tiver uma necessidade imperiosa, como por exemplo algum quadro de comprometimento sistêmico importante com febre, alguma dor, algum inchaço, abcesso, algo que realmente seja valorizado e não só para o exame de rotina. Se ela deixar de fazer exame de rotina depois, há riscos de dificultar o diagnóstico precoce de patologias, como câncer de colo de útero e de mama”, explica a médica. “A função agora desse isolamento é diminuir os casos, a gente sabe que de uma forma crescente, logarítmica, exponencial e sem controle, entraremos em uma fase de pico da doença. Então devemos ter cuidado”, finaliza a médica.

FONTE: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA: Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.

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