A solução para o déficit de moradia do país pode estar em uma das modalidades que mais cresce no Brasil: o cooperativismo
Uma a cada sete pessoas é associada a uma das cooperativas existentes no mundo, segundo dados da ONU, e essa ligação gera mais de 250 milhões de empregos diretos. Como as cooperativas são instituições que não visam lucro, alcançam mais benefícios para os cooperados, que são também sócios e clientes da instituição.
O Censo do Cooperativismo, realizado em final de 2019, indica que o setor continua em movimento crescente mundialmente. As cooperativas contabilizam 1,2 bilhão de associados em todo o mundo. No Brasil, existem cerca de 7 mil cooperativas, nos mais diferentes setores da economia, com 13 milhões de cooperados e 350 mil empregados.
O interesse social é um dos pilares do cooperativismo. Uma cooperativa tem como propósito fomentar a colaboração gerando desenvolvimento tanto para os seus cooperados, quanto para a sociedade. Ao dividir resultados e operar com custos mais justos, essas instituições geram valor à renda gerada nas próprias localidades onde estão e desenvolvem um ciclo virtuoso de crescimento.
Na realidade brasileira, um dos temas que pode ser estimulado a buscar uma solução a partir do sistema cooperativo, é o habitacional. O déficit por moradias no país poderia ser minimizado ou mesmo resolvido com o sistema de aquisições através das cooperativas habitacionais, como ocorreu no Uruguai, onde apesar das diferenças legislativas e de aplicação, o sistema de cooperativismo habitacional completou cinco décadas e é estimulado diretamente pelo governo com a concessão de terras para a construção das casas populares e financiamento direto às obras. As estimativas oficiais indicam que o Brasil precisaria construir ao menos 6 milhões de casas a preços acessíveis para que famílias de baixa renda tivessem a chance de adquirir um imóvel. “As cooperativas habitacionais operam para oferecer residências com custos mais acessíveis para seus cooperados. Um imóvel pode custar até 40% menos que o valor de mercado dentro dessas condições. É preciso entender como o sistema funciona, conhecer suas vantagens, regras e garantias, para então se associar com tranquilidade”, avalia Carlos Massini, diretor executivo da CICOM, cooperativa habitacional que atua em Guarulhos (SP).
Como funciona uma Cooperativa Habitacional
Com o objetivo de construir residências com custos reduzidos para seus cooperados, uma cooperativa habitacional pode representar uma alternativa a mais para quem sustenta o sonho de ter uma Casa Própria. Isso pode ocorrer de três formas, basicamente, a primeira é que a cooperativa seja formada por profissionais, técnicos e trabalhadores da construção civil, que se reúnem para construir habitações para si e/ou para o público em geral; a segunda é que a cooperativa seja integrada por pessoas que decidem, em mutirão, construir casas apenas para seus associados (o trabalho da cooperativa termina quando o último sócio tiver sua residência); e a terceira, é quando a cooperativa é formada por pessoas que se dedicam ao financiamento da construção de casas, seja só para seus sócios ou ainda para outros interessados.
A CICOM é umas das cooperativas que atuam no estado de São Paulo promovendo o acesso social às habitações. O processo começa com a identificação de um terreno adequado a um projeto habitacional. Na sequência, inicia-se a abertura de cadastramento para que pessoas interessadas se unam com o objetivo de fazer as aquisições dos imóveis em uma compra com valor estabelecido em conjunto. Os cooperados acompanham todas as etapas envolvidas desde o início, conscientes de que a moradia sairá por preço de custo. Após este processo é desenvolvido o projeto de engenharia e, então, a cooperativa se encarrega realizar arrecadações entre seus cooperados ou ainda, de buscar crédito e então contratar uma empresa construtora para executar as obras.
“O cooperativismo é um modelo socioeconômico eficaz. Os interessados precisam apenas ter cuidado para encontrar cooperativas sérias e com responsabilidade no processo. Os gestores da CICOM atuam há 15 anos no segmento e usam essa experiência para administrar com sabedoria os empreendimentos”, ressalta Massini.
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