Ainda não há relato sobre o potencial do Novo Coronavírus em causar malformação fetal, nem a transmissão vertical da mãe para o bebê. Mas gestantes precisam reforçar os cuidados
Problema recente e que levou o mundo a uma pandemia, o Novo Coronavírus ainda não afetou gravemente as gestantes e, até então, não foi observado risco de transmissão para o feto. “Por esse motivo, elas não fazem parte do grupo de risco. Mas as gestantes devem reforçar os cuidados, pois ainda é muito cedo para determinar esses efeitos na gravidez”, afirma a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “Até o momento não há relato sobre o potencial do Novo Coronavírus em causar malformação fetal. Mas, essa pergunta só será respondida com segurança após algum tempo”, acrescenta.
Até o momento, há dois trabalhos publicados sobre aspectos obstétricos e perinatais do Novo Coronavírus, ou COVID-19. “O primeira informa sobre a evolução materna e perinatal de pacientes infectadas pelo SARS-CoV-2 e foi uma avaliação retrospectiva de nove mulheres que tiveram suas gestações resolvidas em Wuhan-China. Notou-se que as manifestações clínicas nestas gestantes não foram graves e o prognóstico materno foi considerado bom. Todas as pacientes não apresentavam outras doenças previamente à gravidez, mas referiam história clara de exposição a pessoas com a infecção. A idade variou de 27 a 40 anos e a idade gestacional variou de 36 a 38 semanas”, afirma a médica. As pacientes sofreram com febre e pneumonia, mas com relação à gestação, não houve nenhuma morte fetal, morte neonatal ou asfixia neonatal, além de que não foi detectado nenhum caso de transmissão vertical do vírus, da mãe para o filho.
Também da China, o segundo trabalho relata o prognóstico neonatal de 10 crianças (dois gêmeos) nascidas de nove mulheres. “O prognóstico materno foi considerado bom, com recuperação de todas elas. Já o prognóstico perinatal não foi tão bom. A taxa de nascimentos pré-termo foi elevada e houve morte de um dos bebês, que sofreu com complicação de hemorragia digestiva. O exame de biologia molecular não confirmou a presença do SARS-CoV-2 em nenhum deles. Os autores fazem a ressalva de que nesta casuística não houve transmissão vertical, mas o pequeno número de casos não permite esta conclusão de forma imperativa”, diz a ginecologista Dra. Ana.
Medidas de prevenção – As gestantes e os familiares devem tomar as mesmas medidas de precaução amplamente divulgadas na mídia para redução do contágio da doença. “Então, é necessário evitar contato próximo com pessoas apresentando infecções respiratórias agudas; lavar frequentemente as mãos (pelo menos 20 segundos), especialmente após contato direto com pessoas, superfícies e antes de se alimentar; se não tiver água e sabão, usar álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível; evitar colocar a mão no rosto; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; usar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes limpos (com detergente, água sanitária e álcool de limpeza) e bem ventilados.
Atendimento pré-natal – No caso do atendimento de gestante classificada como “caso suspeito”, essa paciente deverá utilizar máscara de proteção e o profissional deverá utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) que inclui máscara, luvas, óculos e avental. “Dentro das orientações dos planos de contenção da infecção nos hospitais estes casos deverão ser hospitalizados até a definição diagnóstica. Gestantes com suspeita ou confirmação de infecção pelo COVID-19 devem ser tratadas com terapias de suporte, de acordo com o grau de comprometimento sistêmico”, afirma a médica.
Amamentação – Ainda não há consenso sobre esse ponto, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que as mães que estiverem em bom estado geral, apesar de diagnóstico da doença, devem manter a amamentação utilizando máscaras de proteção e higienização prévia das mãos. “Considerando os benefícios da amamentação e o papel insignificante do leite materno na transmissão de outros vírus respiratórios, a mãe pode amamentar desde que as condições clínicas permitam”. Outros protocolos de entidades representativas como o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists e American College of Obstetricians and Gynecologists também concordam com a indicação de manter a amamentação observando-se os já cuidados referidos. “Mas consulte sempre um médico. Pacientes na fase aguda da doença podem ser orientados a não amamentar, fazendo com que o leite seja ordenhado e ofertado ao bebê”, finaliza a médica.
FONTE: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA: Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco. maria.claudia@holdingcomunicacoes.com.br