Novos dados sobre tratamento de oncologia de precisão apresentam eficácia de 79%

O maior conjunto de dados que comprovam a eficácia e segurança de larotrectinibe em pacientes adultos e pediátricos com diferentes tipos de câncer com fusão TRK foram publicados na principal revista de pesquisa em oncologia clínica do mundo, a The Lancet Oncology. O compilado, que considerou quase três vezes a população de pacientes estudados inicialmente, apresenta uma taxa de resposta de 79% do tratamento com a terapia em 153 pacientes1, sendo 73% em 102 adultos e 92% em 51 crianças.

A análise atualizada e integrada considerou 104 pacientes adicionais, somados aos 55 inicialmente estudados, e demonstrou consistência na eficácia e perfil de segurança do medicamento em vários tipos comuns de tumores1,2.

Diferente da quimioterapia convencional, o uso de larotrectinibe é oral, age nas células que contém a alteração molecular específica e seus efeitos adversos são geralmente leves e infrequentes. “Para saber quem é elegível a esse tratamento é necessário um teste genético das células do tumor, que procura pela fusão do gene NTRK no DNA ou RNA. Esses exames são muito importantes para que um número cada vez maior de pacientes seja beneficiado e possa ter de volta sua qualidade de vida”, afirma o médico oncologista Fernando Santini, do Hospital Sírio Libanês.

O conjunto de dados apontou também sobrevida mediana livre de progressão de mais de dois anos e sobrevida global mediana de mais de três anos1. Já em outra análise, o larotrectinibe mostrou uma taxa de resposta significativa de 75% em tumores sólidos com metástase cerebral, num total de 12 pacientes1.

O tratamento, de nome comercial Vitrakvi®, foi aprovado em 2019 pela Anvisa e já está disponível no Brasil. A aprovação é destinada a todos os tumores sólidos em pacientes adultos e pediátricos com a fusão do gene NTRK. “Até hoje, a medicina contava com tratamentos desenhados para um tipo de tumor de acordo com o órgão de origem, mas o larotrectinibe é o primeiro a agir sobre um alvo único comum a diversos tipos de tumores. Este é seu grande diferencial e também o motivo pelo qual ele representa a evolução da medicina de precisão”, destaca o médico.

Sobre o câncer com fusão TRK

O câncer com fusão TRK é resultado de uma fusão anormal de dois genes, um deles o gene NTRK e outro não relacionado, que leva à criação de proteínas de fusão TRK. Essas proteínas, por sua vez, são conhecidas por causar o crescimento celular em múltiplos tipos de tumores tanto em adultos como crianças, e são consideradas drivers tumorais, principais gatilhos para o aparecimento, crescimento e manutenção do tumor.

Esse tipo de câncer não se limita a certos tipos de tecidos e pode ocorrer em qualquer parte do corpo, incluindo pulmão, tireoide, cabeça e pescoço. As proteínas já foram identificadas em mais de 20 tipos de tumores até o momento.

Referências

[1] Hong, D.S., DuBois, S., Kummar, S. Larotrectinib in patients with TRK fusion-positive solid tumours: a

pooled analysis of three phase 1/2 clinical trials. Lancet Oncolocy. February 2020.

2 Drilon A, Laetsch TW, Kummar S et al. Efficacy of Larotrectinib in TRK Fusion-Positive Cancers in Adults and Children; N Engl J Med. 2018 Feb 22;378(8):731-739. doi: 10.1056/NEJMoa1714448.

3 Vitrakvi® (larotrectinib) capsules and solution for oral use [Prescribing Information]. Whippany, NJ: Bayer HealthCare Pharmaceuticals, Inc.; July 2019.

4 Vaishnavi A, Le AT, Doebele RC. TRKing down an old oncogene in a new era of targeted therapy. Cancer Discov. 2015;5(1):25-34.

 teixeira-fr@jeffreygroup.com

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