Óleo de coco pode favorecer aumento de colesterol ruim no sangue, aponta estudo

De acordo com pesquisa publicada em janeiro na revista médica Circulation, óleo de coco pode não ser tão benéfico como muitos pensam devido a sua alta concentração de gorduras saturadas, que favorece o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e aterosclerose.

óleo de coco pode não ser tão saudável quanto algumas pessoas acreditam. O ingrediente que tem se tornando cada vez mais comum nos domicílios brasileiros, por ser apontado por muitos como um produto natural e saudável capaz de fortalecer o sistema imunológico e auxiliar no processo de perda de peso, foi objeto de análise de um estudo publicado em janeiro na revista médica Circulation, que colocou em dúvida alguns dos efeitos benéficos do óleo de coco. “Isso porque, de acordo com o estudo, o óleo de coco está associado a um aumento da lipoproteína de baixa densidade (LDL), conhecido popularmente como colesterol ruim, e dos níveis de colesterol total no sangue, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e aterosclerose”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática de 16 estudos publicados em revistas médicas de renome que comparavam os efeitos do consumo de óleo de coco com outras gorduras por períodos maiores do que 2 semanas. Com isso, os pesquisadores foram capazes de notar que, em comparação ao óleo de oliva, soja e canola, o consumo elevado de óleo de coco aumentou substancialmente o colesterol ruim. “O culpado pelo aumento do colesterol pode ser o tipo de gordura presente no óleo de coco, que é composto de aproximadamente 90% de gordura saturada, valor superior ao de alimentos como manteiga e banha, que são conhecidas por possuírem uma grande quantidade de sódio, gorduras trans e saturadas, contribuindo assim para o aumento do colesterol ruim (LDL)”, destaca a especialista.

Segundo a médica, grande parte dos defensores do uso de óleo de coco para manutenção da saúde baseiam-se no fato do ingrediente possuir ácidos graxos de cadeia média, que são quebrados e absorvidos pelo corpo organismo mais rapidamente, sendo então uma ótima fonte energética e menos propensos a serem estocados como gordura. “Porém, o estudo mostra que um dos ácidos graxos de cadeia média presente no óleo de coco, o ácido láurico, é metabolizado de forma diferente dos ácidos graxos da mesma classe, sendo, na verdade, absorvido e transportado de forma semelhante aos ácidos graxos de cadeia longa, que, ao contrário dos ácidos graxos de cadeia média, são usados pelo organismo para produzir colesterol, favorecendo o aumento de LDL no sangue e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e aterosclerose”, afirma a Dra. Marcella Garcez. De acordo com a angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, a aterosclerose ocorre quando, devido aos altos níveis de colesterol ruim, formam-se placas de gordura nas artérias que causam o endurecimento e entupimentos dos vasos sanguíneos. Com a passagem do sangue pelos vasos dificultada podem ocorrer uma série de doenças vasculares, incluindo derrames, infartos e até mesmo morte súbita. “O grande problema dos altos níveis de colesterol no sangue está no fato de ser uma questão silenciosa: o colesterol aumentado pode não causar sintoma nenhum, entupindo a artéria aos poucos. Então, em alguns casos, a primeira manifestação da alta do colesterol é um infarto ou derrame, não existindo muito o que fazer para prevenir. É uma doença que vem silenciosa e quando se manifesta já causa um problema sério”, alerta a médica.

Logo, de acordo com o estudo, não existiria uma boa razão para consumir o ingrediente como forma de melhorar a saúde. “Apesar disso, mais estudos sobre o tema ainda são necessários para realmente confirmar tal hipótese. Até lá, o ideal é reduzir o consumo do óleo de coco e utilizá-lo com moderação apenas para dar sabor ou textura aos alimentos. No lugar, vale a pena apostar em óleos vegetais insaturados, como os óleos de girassol, soja e milho”, finaliza a Dra. Marcella Garcez.

Dra. Marcella Garcez – Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. CRM-PR 12559 e RQE16019.

Dra. Aline Lamaita – Cirurgiã vascular e angiologista, é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a médica participa, na Universidade de Harvard, de cursos de pós-graduação que ensinam ferramentas para estimular mudanças no estilo de vida nos pacientes em prol da melhora da longevidade e qualidade de vida. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. http://www.alinelamaita.com.br/

Estudohttps://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.119.043052

maria.claudia@holdingcomunicacoes.com.br

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