A incidência do câncer de pênis pode estar diretamente relacionada à falta de higiene íntima. Na maioria dos casos, a doença é passível de tratamento, porém, o diagnóstico tardio pode levar à amputação do órgão reprodutor masculino. Segundo especialista, a conscientização e educação sobre o problema podem ser as principais ações preventivas
“Considerando regiões em que o nível educacional é precário, uma campanha educativa que preconiza a limpeza do pênis certamente terá um impacto significativo na redução de casos do futuro”, explica o Dr. Marcos Tobias Machado. Ele é professor do setor de uro-oncologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e responsável pelo setor de cirurgia robótica urológica no Hospital Brasil e rede D’Or. O assunto virou tema de campanha do instituto Lado a Lado pela Vida, com o nome de “Lave o dito cujo”.
O médico lembra que outros fatores podem fazer com que os homens desenvolvam a doença. A fimose e presença esmegma (substância branca e pastosa que se encontra entre a glande e o prepúcio do homem) são alguns deles. “Além disso, acima dos 50 o risco também aumenta, mas após os 30 é possível desenvolver o câncer de pênis, principalmente em locais onde o nível socioeconômico é ruim”, acrescenta Dr. Marcos.
Além de nódulo peniano e da fimose, presença de mau cheiro, sangramento uretral e dor peniana são sintomas da doença. “Vale lembrar que qualquer lesão no pênis, tratada com pomadas por mais de 30 dias e sem regressão e melhora, deve ser submetida à biópsia para descartar o diagnóstico de câncer do órgão”, finaliza o urologista.
Para o especialista, a vacina contra o HPV aplicada aos meninos durante adolescência também pode atuar na prevenção. “Ela traz uma perspectiva futura na redução da incidência do câncer de pênis, uma vez que o vírus é um dos fatores etiológicos da doença”, explica.
Tratamento
Em estágios iniciais, o câncer de pênis pode ser tratado com pomadas, fontes de energia com crioterapia ou laser, além de cirurgia. Já em casos mais avançados, Dr. Marcos explica que o órgão pode ser amputado. “Isso acontece quando o tumor atinge um tamanho e profundidade que não permite a ressecção com preservação do pênis”, explica.
Novas drogas experimentais têm tido resultados promissores, incluindo a imunoterapia e medicamentos de alvo molecular, fazendo parte das mais recentes opções no tratamento contra o câncer. “Para os pacientes de doenças linfonodal de alto risco e de pequeno volume, as técnicas laparoscópicas e robóticas são indicadas para reduzir a morbidade do procedimento”, diz o professor Marcos Tobias, que é pioneiro neste tipo de abordagem cirúrgica no mundo.
O câncer no órgão reprodutor masculino pode evoluir e trazer outras complicações, como disseminação linfonodal inguinal ou até metástases. “Em casos que a doença já tenha se espalhado para outros órgãos, dependendo da extensão, é possível seguir com tratamento paliativo com quimioterapia”, acrescenta Dr. Marcos.
Sobre Dr. Marcos Tobias Machado
Formado em Medicina pela Santa Casa, Dr. Marcos Tobias Machado acumula experiência e conhecimento em diversas instituições, com destaque para residência médica no Hospital das Clínicas da USP, fellowship em uro-oncologia na Universidade de Miami, especialização em laparoscopia e robótica no H.Henri Mondor em Paris, desenvolvendo cirurgias minimamente invasivas mais complexas, além de atualmente ser chefe do setor de uro-oncologia e cirurgia robótica em urologia do Hospital Brasil e urologista dos Hospitais da rede D’Or – Bartira, Assunção e São Caetano do Sul. Recentemente, foi palestrante do 8º Congresso do Centro de Oncologia da Universidade de Mansoura, no Egito.
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