Sucesso do Programa de Reprodução permite o envio de espécimes para outras instituições; um casal será levado para a França no próximo mês.
O Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu Binacional, na fronteira do Brasil com o Paraguai, registrou no último domingo (26) a chegada do 50º filhote do Programa de Reprodução de Harpias (Harpia harpyja), mantido pela usina. O nascimento do bebê harpia consolida a iniciativa como o maior programa de reprodução em cativeiro da ave símbolo do Paraná no mundo.
Para o diretor de Coordenação, Luiz Carbonell, essa é mais uma grande conquista da Itaipu, que é referência em vários projetos e ações sociambientais. “Logo essa ave estará ajudando em outros programas de reprodução no planeta, o que para nós é motivo de grande orgulho”, diz Carbonell.
O filhote tem apenas 89 gramas. Por causa de seu pequeno porte, ainda não é possível determinar se é fêmea ou macho. “O recém-nascido foi tirado do ninho no dia 27 de abril, mas, devido ao seu tamanho e comportamento, acreditamos que o ovo tenha eclodido no domingo, dia 26”, explicou o biólogo da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu Marcos de Oliveira, especialista no manejo de aves de rapina.
O pai do filhote é o primeiro macho nascido no RBV, em 2009. A mãe veio do Parque Zoobotânico Vale, no Pará, em 2014. Eles formam um dos seis casais reprodutores do plantel, que conta, atualmente, com 36 aves.
“Nosso programa é o único no mundo que mantém uma reprodução continuada da espécie. Em outras instituições, há dois ou três nascimentos, mas não é mantida a reprodução de forma constante”, explica Marcos.
Exportação
A taxa de sobrevivência de filhotes, que fica em torno de 80%, permite que o Programa de Reprodução de Harpias da Itaipu seja um fornecedor de espécimes para várias instituições ambientais. A próxima doação será de um casal que será enviado ao ZooParc Beauval, na cidade de Saint-Aignan, na França.
A Itaipu aguarda os resultados de alguns testes sanitários para que as aves embarquem para a Europa, o que deve acontecer no próximo mês.
As duas aves que serão enviadas para a França são consideradas “de segunda geração”: são filhotes de aves nascidas no Refúgio. “Para exportação de animais silvestres nativos, é permitido somente o envio de animais de segunda geração. É uma estratégia para manter conservado o material genético no seu país de origem, porém, permite a participação de outras instituições em programas integrados de conservação da espécie”, explica Marcos.
Natureza
O objetivo, num futuro próximo, é devolver as aves nascidas em cativeiro à natureza. “Já temos animais com idade compatível para entrar em um programa de soltura”, explica Oliveira. “É preciso finalizar o processo, criar um recinto no meio da floresta, longe do contato humano, colocar presas vivas para as aves caçarem.”
Segundo ele, as aves precisam estar expostas a situações naturais, como procura de comida ou a falta de proteção contra a chuva e do sol. O Programa já está em contato com outras instituições para encontrar locais onde seriam feitas estas solturas.