Um tema mais complexo do que muitas pessoas imaginam, por isso é importante estar informado sobre o assunto e realizar acompanhamento profissional.
Você realmente entende a importância da boa alimentação? A maioria das pessoas se alimenta de forma intuitiva e acaba negligenciando uma nutrição saudável e seu papel na construção de uma boa qualidade de vida e na prevenção de diversas doenças. “Uma dieta equilibrada e rica em diversidade de alimentos é responsável por uma série de benefícios, principalmente fornecendo ao organismo energia para as atividades diárias, inclusive cerebrais, e fortalecendo o sistema imunológico”, afirma a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e docente da Associação Brasileira de Nutrologia. A especialista traz algumas questões que são desconhecidas por grande parte da população:
Variedade de alimentos é o fator mais importante para uma boa nutrição do organismo: Ter uma dieta alimentar diversificada ajuda a manter os nutrientes ideais para o corpo. Quanto maior a variedade de cores, maior a quantidade de nutrientes, favorecendo a manutenção da saúde e prevenção de doenças. A Dra Marcella dá algumas dicas de bons alimentos para adicionar em sua dieta e revela em quais nutrientes eles são ricos.
*Alimentos verde escuros: espinafre, brócolis, alface, agrião, couve. Fonte de fibras, betacaroteno, ferro, ácido fólico, vitamina K e clorofila.
*Alimentos alaranjados: mamão, caju, damasco, caqui. Fontes de betacaroteno (pré vitamina A), vitamina A e vitamina C.
*Alimentos vermelhos: morango, tomate, cereja, melancia, goiaba. Fontes de licopeno, antocianinas e vitamina C.
*Alimentos roxos: Uva roxa, ameixa, mirtilo, jabuticaba, açaí, beringela. Fontes de antocianina e resveratrol.
*Alimentos Marrons: Nozes, castanhas, cevada, centeio, leguminosas (grão de bico, feijão, lentilha, soja), cereais integrais. Fontes de selênio, vitamina E e vitaminas do complexo B.
Moderação é a chave: Tratando-se de nutrientes, moderação é o ato de evitar extremos ou encontrar um meio termo com a aplicação de conhecimentos e habilidades nutricionais na vida cotidiana. “Quando você adquire uma consciência alimentar e começa a ser naturalmente moderado, torna-se desnecessário realizar dietas excessivamente restritivas. Conhecendo o seu corpo, seus limites e adquirindo o hábito de se alimentar da forma como o seu corpo precisa, o risco de intercorrências relacionadas à alimentação diminui de forma considerável”, diz.
Natural não significa necessariamente saudável: A nutróloga explica que um alimento pode ser natural, orgânico, sem glúten, mas rico em açúcar ou gordura, pobre em fibra etc. Desse modo, não se pode dizer que natural signifique sempre saudável. “Por isso é muito importante que o consumidor leia sempre os ingredientes que compõe o alimento”, ressalta.
Apenas um único alimento ou nutriente nunca é o problema: “É improvável que um alimento sozinho cause problemas de saúde ou seja o único responsável em um caso de aumento de peso. Se há um problema causado por hábitos alimentares, muito provavelmente é pelo conjunto e não pela ingestão de apenas um alimento em específico. Uma exceção é no caso de alergias e intolerância, nas quais, de fato, uma substância presente em um alimento pode trazer problemas e, portanto, deve ser eliminado completamente da sua dieta.”
Comer alimentos é mais nutritivo do que tomar vitaminas ou suplementos nutricionais:
“Os suplementos nutricionais podem ser úteis, entretanto não substituem um hábito alimentar adequado, os alimentos são as melhores fontes de nutrientes importantes para a saúde. Todas essas substâncias vegetais (por exemplo, polifenóis) não aparecem em suplementos nutricionais. Por isso, o uso de vitaminas e suplementos podem ser extremamente benéficos e, se usados, devem ser feitos sob a prescrição de um profissional especializado. Mas o uso jamais deve substituir a alimentação.”
Os carboidratos não te fazem necessariamente engordar: Carboidrato é o nutriente mais importante para o fornecimento de energia para o organismo e funções do cérebro. A Dra. Marcella explica que, sem o carboidrato, as funções vitais ficam prejudicadas e, em geral, o corpo tende a armazenar um estoque extra de gordura. “Os carboidratos consumidos na sua porção certa e de boa qualidade – como integrais, raízes, cereais, feijões, legumes e verduras – não engordam e geram benefícios ao organismo”, complementa.
A proteína é um macronutriente importante para manter as estruturas funcionais do corpo e ajudar na perda de peso: “Carboidratos, proteínas e gorduras, em equilíbrio e associados a bons hábitos, como boa noite de sono e atividade física, são o grande segredo para o emagrecimento. A qualidade e redução das porções de carboidratos podem ser uma estratégia na redução de peso. As proteínas de boa qualidade são necessárias para manutenção da massa magra e as gorduras boas importantes para promover saciedade, aumentar absorção de nutrientes necessários no processo, e garantir a formação de hormônios também importantes na fisiologia do emagrecimento.”
Comer rápido é prejudicial: A nutróloga explica que comer rápido e não mastigar o suficiente faz com que o estômago não tenha tempo de enviar sinais ao cérebro de que está cheio e que é momento de parar. Assim, essa prática pode ter consequências como o aumento de peso, má digestão, barriga inchada, aumento do risco de doenças cardíacas e aumento do risco de diabetes.
Ovos fazem bem à saúde: “O ovo é um alimento rico em proteínas, vitaminas e minerais, e traz diversos benefícios à saúde, como: fortalecimento dos músculos, por ser rico em albumina; ajuda a prevenir catarata e perda de visão, pois contém vitamina A, luteína e zeaxantina, substâncias essenciais para a saúde dos olhos; ajuda no emagrecimento, por ser rico em proteínas e por dar a sensação de saciedade após a refeição; mantém a saúde dos ossos, por conter cálcio e fósforo; previne anemia, devido ao ferro e fortalece o sistema nervoso e aumenta a produção de sangue, por conter vitamina B12”, afirma a Dra. Marcella, que complementa: “Embora os ovos contenham colesterol, eles não aumentam significativamente o colesterol LDL como as gorduras saturada e gorduras trans. Sendo assim, consumir até 6 ovos por semana não aumenta o risco de doença cardiovascular em indivíduos saudáveis.”
Acompanhamento nutrológico deve ser prioridade: A Nutrologia estuda, pesquisa e avalia os benefícios e malefícios causados pela ingestão de nutrientes, aplicando este conhecimento para a avaliação das necessidades orgânicas de cada indivíduo, visando a manutenção da saúde e redução de riscos de doenças, assim como o tratamento das manifestações de deficiência ou excesso. “O acompanhamento do estado nutricional do paciente permite ao nutrólogo atuar no diagnóstico, prevenção e tratamento destas doenças, contribuindo na promoção de uma longevidade saudável, com melhor qualidade de vida. O médico nutrólogo é o profissional apto para prescrever remédios e suplementos para o controle dessas patologias e solicitar exames laboratoriais para elucidação diagnóstica. Além disso, cabe ao nutrólogo também montar uma dieta individualizada a partir da análise dos nutrientes no organismo, ensinar hábitos mais saudáveis e indicar os nutrientes corretos em suas devidas proporções para uma melhora na qualidade de vida. Por isso, um acompanhamento permanente com um profissional nunca deve ser colocado em segundo plano, pois é essencial para manter uma boa qualidade de vida”, finaliza.
FONTE: DRA. MARCELLA GARCEZ, Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. maria.claudia@holdingcomunicacoes.com.br