Milena Fiuza*
Em tempos de cuidados especiais para prevenir o avanço da Covid-19, a principal recomendação é o isolamento e afastamento social. Portanto, este é um período em que os pais precisam encontrar outras formas de organizar a rotina familiar, já que no momento não há a salvação diária chamada escola. Com as crianças em casa, é necessário pensar em segurança, uma vez que elas, assim como os idosos, estão mais suscetíveis a sofrerem acidentes.
Os principais fatores do acidente doméstico estão no próprio ambiente – e é justamente onde a família julga ser o lugar mais seguro, que diversos objetos representam potenciais riscos para as crianças. Segundo dados do Ministério da Saúde, em época de férias há um aumento de 25% nos acidentes domésticos, em relação ao restante do ano. Por isso, a atenção dos pais ou responsáveis com as crianças precisa ser ampliada.
Como ficam mais em casa, com tempo ocioso, mais vulneráveis elas se tornam às armadilhas que uma casa pode abrigar. Nesta situação de isolamento, o potencial perigo ainda aumenta, já que, diferente das férias, não há nem a oportunidade de momentos alternados no ambiente externo.
Esse tempo confinado em casa alia-se ao fato de crianças pequenas são muito curiosas. Elas aprendem sobre o mundo interagindo fisicamente com os objetos que encontram. Gostam de tocar, sentir e explorar. A maior parte das crianças com idade inferior a cinco anos tem pouco senso de perigo – elas não dimensionam a consequência que sua curiosidade pode ter.
Certamente acidentes infantis podem ser evitados com atitudes de prevenção, basta um olhar cuidadoso para cada ambiente. A cozinha e a área de serviço merecem atenção especial. Medidas simples como direcionar o cabo da panela para dentro do fogão, evitam esbarrões e queimaduras. Remédios, produtos de limpeza, inseticidas e outros venenos devem estar tampados e guardados em locais fechados e longe do alcance das crianças, que ficam mais expostas a envenenamentos por ingestão destas substâncias.
Para evitar os choques elétricos, há dispositivos que vedam as tomadas, e é fundamental orientar as crianças sobre os riscos de brincar perto dos fios da rede elétrica. As janelas dos apartamentos devem ter redes de proteção ou grades. É recomendado não deixar móveis posicionados abaixo delas. Nos quartos e salas, os cuidados devem ser com as divertidas escaladas em armários e gavetas – as quedas são um percentual alto (e grave) dos acidentes domésticos.
Por mais atentos que os responsáveis sejam, alguns investimentos na casa podem ser determinantes para evitar acidentes domésticos. E, ainda assim, os acidentes podem ocorrer – afinal, as crianças têm muita energia e não é possível prevenir 100% das situações de risco. Ainda, é importante ressaltar que, neste período, em que o uso de álcool em gel 70% é amplamente recomendado, deve-se garantir que a criança apenas o utilize sob supervisão direta de um responsável, impedindo possível ingestão e irritações na pele, nos olhos ou na boca. Em caso de acidentes, é fundamental manter a calma e buscar quem possa oferecer os primeiros socorros, acionando o serviço de urgência.
Porém, para além da prevenção e vigia, devemos ter em mente que, entender sobre os perigos e compreender o motivo de cada limite, permitirá que a criança tenha maior consciência de seus atos e desenvolva pensamento crítico para cada tomada de decisão. Explicar aos pequenos o que pode ou não ser feito dentro de casa, mostrar para que serve cada coisa, ser enfático nos locais mais perigosos, compõem toda essa segurança doméstica. Importante sempre lembrar: com crianças muito pequenas não basta conversar, é preciso impor barreiras mesmo, e ainda, criança maior não é responsável por criança menor, são todas crianças na hora da diversão e brincadeira, o perigo e o cuidado servem para todas!
*Milena Kendrick Fiuza é gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino