Produto inadequado e limpeza excessiva na região íntima favorecem surgimento de infecções e alergias

Realizar a higienização da vulva de forma incorreta, com frequência excessiva e produtos inadequados, pode ser tão prejudicial quanto não realizá-la. Ginecologista dá dicas para praticar o cuidado da melhor maneira possível.

Produto inadequado e limpeza excessiva na região íntima favorecem surgimento de infecções e alergiasEntre os principais cuidados que a mulher deve tomar para manter a saúde da região intima em dia está a higiene, pois é o modo mais eficaz de controlar a quantidade de fungos e bactérias causadores de corrimentos, coceiras e doenças do trato vaginal, como candidíase e vaginose. “A região íntima é uma área muito propensa a infecções, irritações e alergias por conter secreções, ser abafada e muito próxima ao ânus e a uretra, além de possuir uma pela mais fina, sendo assim mais suscetível a agressões causadas por fatores internos e externos. Logo, deve ser higienizada diariamente”, alerta a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Porém, é preciso tomar alguns cuidados com a higienização da região íntima, já que, por ser uma área muito sensível, também pode ser prejudicada pelos excessos.

Dessa forma, a especialista ressalta que o ideal é lavar a vulva (órgão externo) diariamente, mas evitando realizar o hábito com muita frequência para evitar o ressecamento da região. Porém, a higiene deve ser redobrada em alguns casos específicos, como durante o período menstrual e após relações sexuais. “Quando a mulher está menstruada, a higiene da vulva torna-se ainda mais importante, pois o sangue é um meio de cultura de bactérias, além de alterar o pH da região, facilitando a instalação de infecções”, destaca a médica. “Já após relações sexuais a higiene é fundamental para eliminar resquícios de lubrificante e evitar o surgimento de infeções urinárias.”

Além da frequência, é importante prestar atenção também nos produtos que são utilizados para lavar a região. O uso de duchas vaginais e de sabonetes bactericidas, por exemplo, não é recomendado, pois altera a barreira de proteção da região. “Esses produtos podem eliminar microrganismos presentes na região que são responsáveis pela manutenção da acidez do pH da vulva, que é a forma de proteção da região contra bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças”, explica a ginecologista. “Da mesma forma, lenços umedecidos também não devem ser utilizados, pois são muito ásperos e também podem provocar irritações ou reações de hipersensibilidade”, afirma a Dra. Ana. Na verdade, de acordo com um estudo1 realizado com mulheres canadenses, o uso desses produtos pode aumentar em até três vezes as chances de infecções vaginais. Por isso, o ideal é optar por sabonetes neutros, sem cor, sem perfume e ginecologicamente testados, que vão manter o pH da região equilibrado. “Além disso, dê preferência aos sabonetes líquidos, que não ficam expostos a bactérias que podem estar presentes no ar”, recomenda a médica.

A especialista ainda ressalta que se deve tomar cuidado também com o modo com que a higiene íntima é realizada. “O ideal é evitar o uso de buchas, cotonetes ou outros materiais que podem provocar ferimentos na pele dessa região e utilizar apenas os dedos, que oferecem maior mobilidade e permitem que a remoção de sujidades seja feita de forma adequada e segura”, aconselha a ginecologista. Além disso, é importante lembrar que higiene íntima não é higiene interna e a limpeza deve ser restringida a parte da vulva, evitando a vagina (canal interno). “A vagina acumula menor quantidade de sujidades, não necessitando de assepsia. Essa região também possui pH menos ácido. Logo, qualquer desequilíbrio em seu nível de acidez pode facilitar a proliferação de vírus, bactérias e fungos.”

Para finalizar o processo de higienização, não se esqueça de secar bem o local para prevenir o crescimento de fungos. “É importante ressaltar ainda que, caso você note alterações na saúde da região íntima mesmo realizando adequadamente a assepsia do local, é importante consultar um médico ginecologista, que poderá realizar uma avaliação do quadro e diagnosticá-lo corretamente, indicando o melhor tratamento para cada caso”, finaliza a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira.

FONTE: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA: Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.

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