Posso ter relações sexuais? Quais os cuidados que devo ter? Ginecologista explica como evitar o risco de contágio na prática sexual
O símbolo máximo de afeto é o beijo que, em muitos casos, pode despertar a libido. Mas você já deve ter escutado que beijar poderia espalhar o Novo Coronavírus. E, embora os coronavírus não sejam tipicamente transmitidos sexualmente, é muito cedo para saber, segundo a Organização Mundial da Saúde. “A medida em que o surto de Covid-19 progride, tornando-se uma pandemia, fica claro que o principal modo de transmissão se dá por meio de gotículas respiratórias ou ao tocar uma superfície infectada e depois tocar nos olhos, nariz ou boca. Dada a atual incerteza em relação aos mecanismos de transmissão, são recomendadas, rotineiramente, precauções para evitar o contágio, inclusive com relação às práticas sexuais”, afirma a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “No entanto, cabe o bom senso. Se você e seu parceiro estão em isolamento social há mais de duas semanas, tomam o máximo de cuidado ao sair de casa apenas para as ocasiões mais necessárias, como ir ao mercado ou à farmácia, usando máscaras, não há problema na prática sexual. Mas se um de vocês apresentar sintomas de coronavírus, o afastamento terá que acontecer”, acrescenta.
Apesar disso, a médica ressalta: “Não é o momento para busca de novos parceiros sexuais, porque não temos como saber quem está infectado (já que alguns casos são assintomáticos) e não podemos ter certeza de que alguém está cumprindo o isolamento”, diz a médica.
Como a atividade sexual envolve o contato físico íntimo, especialmente se um dos parceiros envolvidos esteve exposto, ou se encontra infectado, o sexo precisa ser restrito pelo período estipulado pelos protocolos vigentes que, no momento, é de 14 dias. “Vale lembrar que a orofaringe é um sítio do Covid-19 podendo, então, ser transmitido pelo beijo. A medida restritiva à atividade sexual com novos parceiros vai ao encontro ao mesmo propósito do isolamento social, para atenuar a curva epidemiológica de infectados, com o intuito de evitar ao máximo a saturação dos serviços de saúde”, diz a médica.
É possível escolher práticas mais seguras. Segundo a médica, o melhor parceiro(a) é aquele com quem você possui vínculo afetivo ou que mora com você. “Sempre é discutível optar pela interação sexual pois as pessoas podem ficar assintomáticas por 14 dias, ou seja, nesse período podem transmitir o Covid-19. Recomenda-se o banho antes e depois das práticas sexuais. A masturbação, carícias no corpo, masturbação a dois (hétero ou homo) e relação sexual pênis-vagina apresentam menor risco, com camisinha e sem beijos”, diz a médica. “Vale lembrar que o Covid-19 em pessoas infectadas foram encontrados na saliva e nas fezes. Mas não há evidencias sobre a presença do vírus no sêmen ou na secreção vaginal”, finaliza a médica.
Fonte: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA: Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.