Novos casos de raiva em bovinos identificados no Paraná fizeram com que a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) emitisse um comunicado em que reitera aos pecuaristas a necessidade da vacinação do rebanho. Causada por um vírus transmitido, principalmente, pela mordida de morcegos hematófagos (da espécie Desmodus rotundus), a raiva é uma doença incurável que ataca o sistema nervoso dos animais, levando-os à morte. A doença é considerada uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida a seres humanos.
Conforme a Adapar, a necessidade de prevenção se torna ainda maior durante o período de pandemia do novo coronavírus. Sempre que um caso de raiva é identificado, técnicos da agência se deslocam à propriedade rural para a coleta de material para análise em laboratório, além de tentar identificar pontos de refúgio do morcego. Além disso, os agentes visitam propriedades localizadas a um raio de 12 quilômetros do foco da doença, alertando e orientando os pecuaristas. Com os protocolos de distanciamento social deflagrados em razão da Covid-19, no entanto, essas ações se tornaram inadequadas.
“Por causa da pandemia, temos encontrado dificuldade de fazer as atividades perifocais, mais de linha de frente. Então, o ideal, neste instante, é que o produtor rural vacine seu rebanho”, diz Ricardo Vieira, coordenador do programa de vigilância e prevenção da raiva da Adapar.
Para isso, a Adapar tem entrado em contato com os sindicatos rurais, para que estes divulguem entre seus associados a necessidade de vacinação do rebanho. Essa ação de conscientização e de informação tem apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Neste ano, já foram identificados 35 de casos de raiva do Paraná. Segundo a Adapar, o principal foco é o município de Palmeira, nos Campos Gerais, onde foi confirmada uma dezena de casos.
As reses devem ser vacinadas anualmente. Os animais novos, com idade superior a três meses, também precisar ser imunizados e receber um reforço da vacina 30 dias após a primeira aplicação. Vieira destaca que a vacina é a principal forma de manter o rebanho imune à doença e que tem um baixo custo. A Adapar lembra que o grau de letalidade da raiva é de 100%, ou seja, todos os animais infectados morrem em pouco tempo.
“Antes, o pecuarista vacinava contra a raiva junto com a imunização contra a febre aftosa. Como o Paraná já não precisa vacinar contra a aftosa, é preciso reforçar essa necessidade de aplicar a dose contra a raiva”, aponta Vieira. “A vacina custa em torno de R$ 0,50. É muito barato em comparação a um boi gordo, que gira em torno de R$ 2 mil”, acrescenta.
A Adapar também reitera que a vacinação contra a raiva deve ocorrer todos os anos, pois a imunização é a melhor forma de proteger o rebanho. “O que acontece é que muitos produtores param de vacinar, porque acham que não está dando a doença. Mas é o contrário: não estava dando a doença justamente porque se estava vacinando”, diz Vieira.
A raiva
A doença pode infectar não só bovinos e equinos, mas a todos os animais mamíferos. O vírus também pode ser repassado por arranhões e lambidas dos bichos contaminados.
Entre as orientações da Adapar, estão o isolamento imediato do animal sob suspeita. O pecuarista deve estar atento ao comportamento do rebanho, principalmente em casos de reses que apresentem andar cambaleante e queda, salivação excessiva e engasgos – sintomas mais evidentes de contágio de raiva. Em todos esses casos, a Adapar deve ser informada pelo produtor imediatamente.